Sabe aqueles jovens apaixonados pela vida, intensos, sonhadores, cheios de intuições e que não descansam enquanto não alcançam seus objetivos? Pois é, assim era Maria Beatriz, uma jovem nascida em São Luís no Maranhão.
Mabi, como era chamada pelos mais íntimos, aprendeu a ler com 3 anos de idade e com 6 já estava fazendo tarefas escolares de crianças de 2 anos à sua frente. Ela realmente se encantou pelos estudos e tinha outras duas outras grandes paixões: as artes plásticas e a música.
Mabi foi crescendo e desenvolvendo diversos dons, até começou a fazer apresentações teatrais na igrejinha do seu bairro. Havia quem dissesse que Maria Beatriz era um prodígio, porque a sua menor nota no boletim era 8.75.
Mas sabe onde Mabi não era um prodígio? Em seus relacionamentos. Maria sofria bullying porque era muito magra e isso a deixava muito triste, então como estratégia de defesa, se fechava no mundo dos estudos e das artes. Por trás de toda essa determinação (já dizia que seria uma grande designer aos 7 anos) havia uma criança bem sofrida e insegura.
Em casa, os seus pais Zé e Heloísa estavam se divorciando e não comentavam nada com ela e suas irmãs. Como o casal tinha sérias dificuldades em dialogar e expressar os seus sentimentos, Maria e suas duas irmãs também não aprenderam a utilizar essas preciosas armas. Mais uma razão para Mabi criar seu mundo paralelo.
O início de um sonho
Com 15 anos passou em primeiro lugar em um processo seletivo para a escola técnica federal da cidade. No 2º ano do ensino médio, acrescentou ao seu currículo duas aprovações no vestibular. Obviamente ela não pôde cursar nenhuma das opções porque não havia terminado os estudos. Maria Beatriz se orgulhava de suas conquistas e as tinha como se fossem troféus.
No vestibular de verdade, nossa garota prodígio não deixou por menos, passou em Design em duas Universidades pelo Brasil e movida por uma intuição do coração, como era da sua personalidade, optou por cursar Design em Curitiba no Paraná. Deixou tudo para trás e foi embora. Era o começo de um grande sonho.
Sabe aquela igrejinha do bairro que comentei com você antes? Mabi participava desde bebê porque seus pais a levavam. Na adolescência frequentou a Renovação Carismática Católica e a condição que sua mãe lhe impôs para deixá-la ir morar longe foi de que ela procurasse uma igreja ao chegar na nova cidade.
Já em Curitiba procurou no google o endereço da RCC e seguindo sua intuição, resolveu procurar também a Comunidade Shalom, que conheceu por acaso em São Luís. E sabe onde ela encontrou o endereço do Shalom? Neste site aqui (comshalom.org)!
Maria Beatriz, por razões que só a providência de Deus pode dizer, não conseguiu encontrar a RCC e decidiu participar de um grupo de oração no Shalom. Aos poucos começou a perceber que a felicidade que experimentava com suas conquistas humanas eram bem pequenas diante do amor de Deus que ela começou a descobrir.
Mas Mabi ao mesmo tempo em que ia para o grupo de oração, passou a frequentar também várias festas e pubs da cidade. Começou a defender várias ideologias que tanto a sua mãe temia e se afastou muito de Deus, mesmo sem ter deixado de participar totalmente do grupo.
Para compensar a solidão de morar sozinha, começou a comprar descontroladamente. Seu prazer além de estudar, era seguir todas as tendências da moda. Em seu guarda-roupa havia, no mínimo, uns 50 pares de sapatos. Nesse período começou também a montar o seu apê e comprar a mobília com muito suor e sacrifício.
Deu tudo errado
Tudo estava indo bem, até que a Universidade Tecnológica Federal do Paraná entrou em greve. Foram mais de 7 meses de paralisação! Mabi perdeu completamente o chão, pois estudava em tempo integral e não tinha emprego fixo.
Não conseguiu mais vender as suas mercadorias, pois era vendedora, e nem fazer os trabalhos acadêmicos dos colegas de classe para se sustentar, porque a Universidade estava fechada. E para piorar, a nossa jovem ainda ficou muito doente e teve que se cuidar sozinha e ir a vários médicos sem a sua mãe. Sem falar no seu namoro (à distância) que terminou através de uma ligação muito tensa.
A frase de São Francisco de Assis que diz “quando não se tem nada, Deus se torna tudo” pode traduzir bem esse momento dramático da vida de Mabi. Com o tempo totalmente livre, começou a ser mais fiel ao seu grupo de oração e até dormir algumas vezes na casa missionária da Comunidade Shalom. Decidiu também ajudá-los todas as tardes no Centro de Evangelização.
Entre uma faxina e serviços de design para a Comunidade, conheceu mais a vida daqueles jovens missionários que haviam deixado tudo por amor a Deus. Sem perceber, começou a cultivar novas amizades e experimentava de uma felicidade diferente da que estava acostumada.
No dia 21 de Julho de 2012, em uma adoração rotineira, sem saber rezar direito, Mabi se colocou diante de Jesus Eucarístico e pediu que Ele mudasse a sua vida, pois em seu coração havia um vazio que ela não sabia como deveria preencher, já tinha tentado tantas coisas e nada dava certo. E não é que Jesus escutou?
Deu tudo certo!
A experiência que Mabi teve com o amor de Deus foi tão intensa, que não conseguia mais passar um dia sem rezar. Em poucos meses se despojou de muitas roupas para quem precisava e mudou sua forma de vestir para expressar melhor a sobriedade. Deixou de frequentar os barzinhos e pubs de Curitiba. Abandonou as ideologias e só queria saber do Evangelho.
Ligou um dia para seus pais e disse a eles uma frase que estava entalada em sua garganta por mais de 10 anos: “Eu te amo”. Ela se sentia tão amada por Deus que queria transbordar esse amor e não se importava mais com quem deveria ter dito primeiro.
Quanto mais Mabi perdia, mais se sentia feliz e realizada. Quanto mais conhecia o Carisma Shalom, mais se encontrava. Era estranho e confuso, como em meio a tanto desejo de conquistar, ganhar, evoluir, crescer, haveria outra força irresistível de desejar ser pobre, não ter méritos, viver o Evangelho até o ponto de deixar tudo para seguir Jesus?
Mabi finalmente encontrou a sua missão nesse mundo. Intensa e apaixonada, não conseguia conceber forma melhor de amar a Deus que não fosse deixando tudo, como havia feito pelos estudos, ao contrário daquele jovem rico da Palavra, que foi embora triste porque era muito rico.
Antes de partir em missão, nossa jovem vendeu toda sua coleção de livros para o sebo, fez um brechó com todas as suas roupas e sapatos, vendeu o que já tinha do seu apartamento novo e despojou muitas coisas para a Comunidade de Vida. Engraçado que Mabi saiu da casa dos pais sem nada para conquistar muitas riquezas e retornou para casa sem nada também, mas tendo a verdadeira riqueza.
E você deve estar se perguntando: “Será que Mabi é um personagem ou alguém real?” “Será que é feliz mesmo?” “Ainda está na Comunidade hoje?” Deve estar se perguntando também como é que eu sei de tudo isso ou como tive imaginação para criar uma história como essa. A verdade é que a Mabi sou eu e essa é a minha história! Eu só não me chamo Mabi.