Foi Crucificado, morto e Sepultado
O sofrimento e a morte de Jesus para nossa vida é uma grande vitória e devemos perceber que "nenhum sofrimento presente pode nos tirar a manifestação da glória de Deus", pois este acontecimento deve nos levar a ter sempre "nossas lâmpadas acesas a espera do nosso noivo" (Mt 25,1 – 13).
Introdução :
Como é necessário aos cristãos acreditarem na Encarnação do Filho de Deus, assim também é necessário acreditarem na sua Paixão e Morte, porque, como disse S. Gregório, em nada nos teria sido útil o seu nascimento, se não favorecesse à Redenção. Esta verdade é tão extraordinária, que a nossa inteligência pode apenas apreendê-la, mas, de modo algum a inteligência e nem mesmo os nossos sentidos, poderão descobrir ou experimentá-la, assim é confirmado pelo Profeta Habacuc : Será feita uma obra em vossos dias que ninguém acreditará quando for narrada (Hab. 1,5).
A graça e o amor de Deus para conosco são tão grandes, que Ele faz por nós mais do que podemos compreender.
SOFRIMENTO E MORTE (Cat. 571 – 618)
Este é o início do sofrimento de Jesus: A agonia no Getsêmani . Jesus aceita o cálice da Nova Aliança que Ele mesmo antecipa na Ceia com os apóstolos (Lc 22,20) e que no Getsêmani recebe das mãos do Pai, tornando-se obediente até a morte (Mt 26,42; Fl 2,8). Jesus reconhece que a vontade do Pai deve ser feita, pois sua morte será redentora (I Pd 2,24).
E podemos perguntar : que necessidade havia o Verbo de Deus padecer por nós ? Por duas razões. Uma porque foi remédio para os nossos pecados, todos os males que contraímos pelo pecado, encontramos o remédio na Paixão de Cristo.; foi um exemplo para nossas ações.
1. A morte redentora de Jesus.
A morte de Jesus tem sua justificativa nos seguintes aspectos:
A) Deus tem a iniciativa de amor redentor universal : quando Deus manifesta a sua vontade de nos salvar, Ele o faz enviando seu Filho para morrer por nós. É a maneira que Deus encontra para demonstrar seu amor benevolente que antecede a qualquer mérito nosso (I Jo 4,10; Rm 5,8).
B) Morre pelos nossos pecados segundo as Escrituras: A morte redentora de Jesus cumpre em particular a profecia do Servo Sofredor (Is 53,7-8). E S. Paulo quando confessa a sua fé diz : "Cristo morreu pelos nossos pecados" (I Cor. 15,3).
C) Jesus se entrega ao desígnio determinado por Deus : A morte de Jesus não foi um acaso em decorrência das circunstância, mas fez parte do mistério do projeto de Deus, projeto salvífico, como explica S. Pedro aos judeus : "Ele foi entregue segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus (At 2,23).
D) O Filho de Deus de fez pecado por causa de nós: os pecados dos homens, depois do pecado original, são sancionados pela morte (Rm 5,12). Ao enviar seu Filho na condição de escravo, Deus nos faz livres.
2. "O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Cat.608)
No momento do Batismo de Jesus no rio Jordão, João Batista mostra "o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"(Jo 1,29). Manifesta assim que Jesus é o servo sofredor que vai ao matadouro (Is 53,7) carreando os nossos pecados, e também o cordeiro pascal símbolo da redenção de Israel (Ex 12,3-14; Jo 19,36). Toda a sua vida de Cristo exprime a sua missão "Servir e dar a sua vida em resgate por muitos"(Mc 10,45).
3. A morte de Cristo é o sacrifício único e definitivo.
A morte de Cristo é o sacrifício da Nova Aliança (I Cor 11,15), portanto é definitivo. E também o sacrifício pascal que realiza a redenção definitiva dos homens "pelo cordeiro que tira o pecado do mundo"(Jo 1,29). Este sacrifício supera todos os outros sacrifícios, pois é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo (I Jo 4,10) e ao mesmo tempo o Filho se faz oferenda como homem ao Pai livremente e por amor (Jo 15,13), oferece sua vida ao Pai pelo Espírito Santo(Hb 9,14),para reparar nossa desobediência.
4. Nossa participação no sacrifício de Cristo.
Jesus é "único mediador entre Deus e os homens"(I Tim 2,5), porque foi o único a nos reconciliar com o Pai pelo sacrifício da cruz. Jesus chama seus discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo"(Mt 16,24). A partir da sua Pessoa Divina Encarnada, "uniu a si mesmo todo o homem" (GS 22,2), deste modo "oferece a todo o homem, de uma forma que Deus conhece, a possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal"(GS 22,5). Jesus quer associar o sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários dele(Mc10,39; Jo 21,18-19; Cl1,24) e a primeira pessoa a participar deste benefício é sua Mãe Maria (Lc2,35).
Fora da cruz não existe outra escada por onde subir ao céu. ( S. Rosa de Lima, Vita mirabilis Louvain, 1668).