Meus queridos irmãos e irmãos, a exatamente oito dias nós nos reuníamos aqui neste espaço com o nosso fundador, e ele nos deixou uma frase que ficou muito marcada em nossos corações: “Missão de Belém, crescei e multiplicai”. Quando escutamos esta frase, não há como não pensar no gênero humano, onde o próprio Deus, ao nos criar, deu a ordem para crescer e multiplicar. Mas eu queria usar a figura de uma árvore para refletir com vocês esta frase do nosso fundador.
Crescer
Na minha reflexão, existem duas provocações do nosso fundador, uma pessoal e outra comunitária. A pessoal está ligada a palavra crescer. Para que uma árvore se multiplique antes ela precisa crescer. Nós não conseguiremos multiplicar, se não houver em nós um crescimento interior. Um crescimento na nossa conversão pessoal, um crescimento na nossa vocação, um crescimento no carisma, um crescimento na nossa fé, um crescimento no abandono à providência de Deus, um crescimento na nossa vida de oração, um crescimento no nosso estudo bíblico, um crescimento na nossa fidelidade a comunhão de bens, um crescimento, a oração do santo Terço, um crescimento na nossa participação na missão diária, um crescimento na responsabilidade nos compromissos que assumimos na missão, um crescimento na obediência a Deus e as nossas autoridades, um crescimento na nossa vida de pobreza, na nossa vida de castidade. Para resumir, um crescimento no nosso ser Shalom.
Vejam, eu não estou falando isso para a comunidade, eu estou falando isso para você, para mim. É uma colocação pessoal. Porque muitos de nós podemos concordar com essas palavras e olhar para o outro, e achar que é o outro que precisar crescer nestes aspectos, quando, na verdade, eu também preciso crescer. Todos precisamos crescer em muitas coisas no nosso carisma. A começar pela nossa vida de oração, feitas às pressas, de qualquer jeito, sem qualidade, sem atenção, sem intimidade, simplesmente de forma mecânica e rotineira. E isso acontece tanto na comunidade de Aliança como na comunidade de Vida, porque alguns vão se arrastando para a oração, sem alegria, sem entusiasmo, simplesmente por obrigação. Quem dá sabor a oração é quem reza auxiliado pelo Espírito Santo.
Onde há oferta há fogo
Então, meus irmãos, a primeira coisa que devemos fazer é crescer como Shalom de forma pessoal. Na Revista Escuta deste ano nosso fundador fala: onde há oferta há fogo. Os quarenta anos de fundação da nossa Comunidade, é um voltar aquilo que é fundamental e essencial ao nosso carisma: a nossa oferta de vida. Sem oferta de vida não existe Comunidade Shalom, sem oferta de vida não existe evangelização, sem oferta de vida não existe unidade, sem oferta de vida não existe contemplação. A oferta da nossa vida, dada de forma gratuita e generosa, é o que dá sentido ao amor esponsal.
A razão de tudo que fazemos deve ser o nosso amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, e o termômetro que mede o nosso amor a Ele: é a nossa oferta de vida. Quanto mais se ama, mais se oferta, quanto mais se oferta mais se ama. Uma está ligada a outra. Nestes nossos 17 anos de fundação da missão de Belém, precisamos renovar, mais do que nunca, a nossa oferta de vida. Para que crescendo pessoalmente e em comunidade, possamos multiplicar para a glória de Deus. Acredito que precisamos traçar metas para os nossos 20 anos de missão. Não somente metas estruturais, como trocar as lâmpadas do salão, ou reformar a lanchonete. Mas também metas espirituais. Metas pessoais, de conversão, de se ofertar mais. De enraizarmos mais e mais o carisma em nossas vidas.
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Multiplicar
Depois o outro verbo que o nosso fundador utilizou em sua frase é o multiplicar. Uma árvore só consegue multiplicar se ela já estiver crescida. Agora cuidado, nem sempre uma árvore crescida consegue multiplicar, consegue dar frutos. Existem muitas árvores frondosas e grandes, que não dão frutos e nem conseguem se multiplicar. Isto porque para dar frutos a árvore precisa ser irrigada, adubada, e sobretudo podada. E trazendo para o nosso campo espiritual, como precisamos ser podados, como precisamos cortar os galhos verdes que já não produzem nem flores e nem frutos.
Acabamos de realizar um evento muito importante para a nossa missão e para a Comunidade, realizamos o Congresso de Jovens Shalom, que graças a Deus foi ótimo. Tudo aconteceu segundo a vontade de Deus e nós somos eternamente gratos por tudo o que o Senhor fez. Que passos daremos a partir de agora? Quais serão as nossas iniciativas? Durante um certo tempo, o fracasso da nossa missão enquanto Missão de Belém era justificada pela pandemia.
A pandemia era a forma mais fácil e convincente de justificar o nosso fracasso em alguns aspectos, sobretudo pela evasão dos jovens da obra, da diluição de alguns grupos de oração, e também da desistência de alguns irmãos. Mas será que não era uma forma fácil de justificar a nossa preguiça e falta de paresia e criatividade? Será que não nos escondemos atrás da pandemia a fim de camuflar o nosso medo e a nossa autopreservação? Por acaso não estávamos retendo a nossa oferta de vida?
É hora de arregaçar as mangas
Posso dizer para vocês, a partir de hoje a nossa justificativa do nosso possível fracasso não pode ser mais a pandemia, porque se o Senhor nos concedeu a graça de realizarmos um evento como o CJS, isso quer dizer que podemos fazer muito mais.
É hora de arregaçar as mangas, de voltarmos ao nosso empenho, de evangelizarmos uma pessoa por dia, de sermos criativos na evangelização, de voltarmos a fazer a nossa vigília diante do Senhor, de nos empenharmos na evangelização daqueles que são a primazia do nosso carisma: os jovens. Pelos jovens, pela Igreja, pelos homens devemos nos consumir, devemos nos ofertar.
É tempo de multiplicar. De fazer com que esse centro de evangelização comece a lotar de novo. De fazer com que nesse centro de evangelização a gente comece a ver rostos novos, e também rostos velhos que se afastaram por algum motivo. É o tempo de acolher, aqueles que estão voltando, mas também aqueles que nunca vieram e que estão vindo pela primeira vez.
A multiplicação precisa do corpo comunitário
Meus irmãos, a multiplicação precisa do corpo comunitário. Não há como uma árvore dar fruto se não tiver a colaboração de seus membros. O solo produz os nutrientes, as raízes absorvem os nutrientes, as raízes levam para o tronco os nutrientes e distribuem para os galhos, que produzem folhas, que captam a luz solar e transformam o gás carbônico em oxigênio.
Estes mesmos galhos produzem as flores, que por suas vez dão os frutos, e nos frutos as sementes que caem no chão e geram outras árvores. Não conseguiremos multiplicar se não houver a colaboração de todos. O trabalho de todos, o esforço de todos, a criatividade de todos, o trabalho dedicado e eficiente de todos.
Multiplicar implica na participação do corpo comunitário, a fim de que mais e mais almas sejam alcançadas por Deus. Está é a nossa missão, foi para isso que fomos gerados e eleitos. Para crescer e multiplicar.
Que São José nos ajude provendo todas as nossas necessidades, tanto espirituais como materiais. E que a Virgem Maria, que neste mês fazemos memória, nos acompanhe sempre com a sua divina proteção. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Marcos da Cruz
Discípulo da Comunidade de Aliança