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COVID-19: Da Via Dolorosa com o Flagelado e a Virgem à Ressurreição pela intercessão de São José

Durante um dia de trabalho normal, Deus colocava em meu coração uma missão específica com uma de minhas clientes e em meio a essa missão eu fui contaminada pelo Covid-19; mas graças a Misericórdia e Providência de Deus, da Virgem Maria e São José eu e meu pai fomos curados.

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Cristo Ressuscitou, Aleluia!
Sim, verdadeiramente Ressuscitou, Aleluia!

Começo meu testemunho em louvor a Deus pelo dia de hoje que o escrevo (17/04/21 – 30 dias após a minha contaminação), talvez você esteja lendo após esta data. Ela será repleta de significado na minha história, um marco. Sim, pois a 30 dias atrás, às vésperas do início da Semana Santa, inesperadamente fui invadida pela presença de um vírus letal “famosinho” em meu organismo que poderia fazer um imenso mal ou ceifar minha vida, porém era um passageiro. Um inimigo invisível! No entanto havia em mim outra Presença ainda mais forte, permanente, de um grande AMIGO que jamais me faria mal, me enchia de vida e esperança, este já habitava em mim e preparou minha alma para vivermos juntos a semana mais dolorosa das nossas vidas. União encarnada das Vontades!

De fato,  a minha vontade era de estar mais unida ao Flagelado, não deixa-lO só, poder experimentar uma gota do seu sofrimento e consola-lO de alguma forma dos tantos flagelos que hoje a humanidade tem sofrido. E Ele permitiu-me pela enfermidade deste tempo, pelo contagio do COVID-19.

Havia entrado para a estatística, não era bem a “união” da forma que pensei, mas Ele sabia do que eu precisava. Me lembrei de alguns santos como São Padre Pio, São Francisco de Assis e Santa Rita de Cássia que pediram sobre seus corpos uma mísera fagulha do sofrimento do Amado em sinal de União Esponsal. Decepcionei-me, tive medo, mas fui grata porque pedi e Ele atendeu, à maneira d’Ele.

Me contaminei durante o trabalho, sou Podóloga, faço atendimentos em HomeCare, e neste tempo de Pandemia o reforço dos EPI’s se faz muito necessário ainda que arriscada troca, pois de residência a residência eu poderia ser veículo de transmissão ou contrair o vírus onde eu entrasse.

Em uma das casas dos atendimentos residiam idosas, amigas de longa data, tínhamos uma estreita relação. Uma das idosas havia descoberto um câncer que consumiu seu corpo em pouco tempo. Tive a oportunidade de visitá-la no Hospital dias antes à minha contaminação e de seus familiares. Era uma senhora muito católica e única na casa a professar a fé. Tínhamos longas conversas oracionais e catequéticas que despertavam a atenção e até o deboche dos demais da casa. Ao me despedir dela no Hospital, pois eu estava em missão a pedido do próprio Deus, Ele me inspirou levar um terço e água benta que havia trazido da minha última visita a Roma e que eu guardava com muito carinho, aliás, tive a graça de poder visitar Roma a 1° vez na Canonização dos Papas São João Paulo II e São João XXIII em 2014 e nesta ocasião eu havia dado a ela o mesmo terço, bem como para algumas outras pessoas mas não havia guardado nenhum para mim. Já da 2° vez, em 2017 na Convenção Shalom 35 Anos, trouxe outra remessa, distribuí e guardei o meu.

Mas Deus pediu o despojamento dele por amor àquela filha que padecia cruelmente pois sabia que se não fosse pela minha oferta aquela senhora não receberia nem a unção dos enfermos sobre si, porque os familiares nada sabiam a respeito, sequer levaram seu terço entre os pertences. Ali precisei catequiza-los, e impulsionados pela dor buscaram o Sacramento para ela. Após presenciarem a irmã apática pela sedação corresponder à oração do Terço da Misericórdia com seus dedos entrelaçados no terço despojado, foi um espanto e admiração, pelo poder da fé, dois dos seus irmãos estavam conosco no quarto durante a oração e pareciam não acreditar no único estímulo que a irmã teve: ela estava rezando.

Fomos embora, eles admirados e em paz pois tiveram uma experiência com Deus e sua Misericórdia. Mal sabíamos nós, que entre idas e vindas ao Hospital, estes familiares se contaminariam com a COVID-19 e dias depois, durante meu atendimento a eles mesmos, munida dos meus EPI’s também fui contaminada.

Iniciei o isolamento e medicações dois dias após perceber rapidamente os sintomas, e já entrando na Semana Santa pelo Domingo de Ramos, uma imensa alegria: O Sacerdote trouxe pessoalmente a Eucaristia e Ramos para mim e meus pais, que completavam 41 anos de Matrimônio. Meu pai se contaminou em seguida, e observávamos minha mãe. A Via Dolorosa havia começado, eu precisava subir ao Calvário e não podia ficar parada ou voltar atrás, carregar não só a minha cruz, mas as cruzes das Páscoas daqueles mesmos familiares que outrora estavam comigo se se despedido de sua irmã no hospital. Ao todo, quatro irmãos e mais um cunhado, e dentre os falecidos os primeiros foram aqueles dois irmãos que tiveram a experiência com Deus durante nossa oração no leito, lembram? Eis o sentido, a missão! A oferta sacrificial e escuta à Voz de Deus, ainda que muito tenha me custado. Glorifiquei a Deus num misto de dor pelas perdas e louvor pela missão mesmo sabendo que eu poderia adoecer e também aos meus.

Durante esta subida, muitos sentimentos: De injustiça e fracasso por tentar calcular onde eu tinha errado; de indignação, de julgamento por me tratarem como irresponsável mesmo não tendo culpa do contágio, da humilhação por não poder trabalhar e precisar de ajuda para custear meu tratamento e honrar com meus compromissos da semana parada, do preconceito com a nossa condição de infectados. O medo por ver tantos ao meu lado e na Comunidade partirem de forma abrupta e muitos sem comorbidades e despedidas. As possíveis consequências, a indisposição e tristeza pela solidão e a lentidão de não ter conseguido dar o meu melhor nas atividades da Faculdade e na oração, o psicológico revirado, além do maior temor que era ser responsável pela vida dos meus pais que moram comigo.

Os meus pais foram muito corajosos e ofertados, pois enquanto meu pai me socorria e acabou sendo contaminado por isso, minha mãe que é a mais debilitada se recusou a nos deixar e permaneceu cuidando de nós, se arriscando até o fim, sem pavor ou desespero mesmo sabendo de sua saúde frágil. Foram mais missionários que eu.

O tratamento parecia caminhar bem, quadro clínico estável, super bem assistida por duas irmãs da Comunidade que me monitoravam dia e noite sem cessar na saturação, na alimentação pela falta de olfato paladar e mal estar, mas durante a semana comecei a sentir um incômodo nas costas, próximo ao pulmão, e voltei ao hospital. Fiz uma tomografia e hemograma que constataram um comprometimento pulmonar que se não fosse bem tratado poderia evoluir rapidamente levando à internação. Mais medicações, mais espera, mais passos até o Calvário.

Mas, unida a Jesus diante de toda essa tempestade eu caminhei dolorosamente firme, e a Virgem das Dores sempre presente de pé me consolando. Caí algumas vezes, como Ele ao carregar a sua Cruz e a minha, choro copioso e vontade de desistir. Enferma mas consolando a família enlutada em questão, outra família apareceu pedindo consolo, a de outra cliente também enlutada pela perda de seus familiares. Atendendo inúmeros telefonemas e WhatsApp’s com manifestações de oração e carinho dos amigos, das minhas pacientes que a tempos nem rezavam mais e pela minha cura retomaram e aprenderam a rezar. Irmãos da missão de Belo Horizonte e até outras missões no Brasil e do Santuário que frequento, me provando o quanto sou amada.

Driblando espaços no apartamento para evitar o máximo de contato com meus pais mesmo tendo um deles contaminado, enfim, no ápice da Semana Santa, já no Tríduo Pascal, após ter conseguido com muito esforço viver o Retiro de Semana Santa da Comunidade Shalom, que muito me falou ao coração e alinhou todos os acontecimentos; às vésperas da Vigília Pascal eu tive alta médica. Pulmão 100% limpo, os tratamentos cessaram a doença, deixando umas sequelas tratáveis. Entronizada no mistério da Cruz e Ressurreição eu pude com meus pais cantar a vitória de Jesus sobre a morte que me amedrontava. Ela não teve a última palavra em nossas vidas!

Meu pai teve alta dias depois e durante nosso jantar festivo na Vigília Pascal não contaminava mais ninguém e só esperava a quarentena completar os dias, a minha mãe após fazer o teste constatou que não se contaminou, para a maior glória de Deus!

Por fim, você deve estar se perguntando: Ah, e o que São José tem a ver com tudo isso? Além da Providência manifestada através da saúde íntegra da minha mãe e cura do meu pai, do auxílio material pelas mãos de meus irmãos e pacientes? O nome do Hospital onde recebi assistência imediata, fiz o tratamento e recebi a cura da COVID-19 é SÃO JOSÉ!

Vencemos a COVID-19 pela força da Paz Real que visitou-nos às portas fechadas e disse “Shalom, a Paz esteja convosco”. Ele vive e está no meio de nós!

A experiência de “Saulo” e “Paulo”, da Cruz e Ressurreição, da Obra Nova que surge entre os dolorosos e benditos flagelos… Em cada oferta sempre haverá um sentido!

Shalom.

 

Adriana Nascimento


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