De um sequestro à evangelização

– Tá com medo? Tá com medo da gente minha senhora?

– Não tenho medo de vocês, pois são meus irmãos, filhos de Deus como eu.  

Com essas duas frases se iniciou uma conversa entre Tereza Nascimento, 72 anos, consagrada da comunidade de aliança e participante da primeira expedição do Programa de Voluntariado Shalom e os rapazes que a estavam sequestrando. Pois é caro leitor, já diz o tema do Renascer deste ano, “para Deus nada é impossível”, nem mesmo evangelizar durante um sequestro.

Na tarde do dia primeiro de fevereiro a aposentada Teresa foi ao banco sacar dinheiro para pagar suas contas e também para levar para a missão que embarcaria cinco dias após o ocorrido. No caminho foi abordada três rapazes que fizeram com que ela sacasse e os repassasse todo dinheiro que tinha na sua conta. Durante quatro horas ela permaneceu transitando no carro com eles.

Segundo Teresa, foram quatro horas de evangelização, expectativa e muita confiança em Deus. “Falava para eles sobre a misericórdia e o amor do Pai, essa foi a inspiração do espírito e creio que o motivo pelo qual decidiram me libertar. Ainda pedi para eles comprarem chocolate e água no caminho, pois sou diabética e estava passando mal. Essa é a ousadia daqueles que creem no Senhor”. – Vai com Deus, a senhora é muito educada, humilde e boa – disseram os sequestradores, ao soltá-la em uma Avenida de Fortaleza e ainda a ajudarem a atravessar a rua.

Daquele momento em diante, quem iria tocar de maneira fecunda no amor de Deus seria dona Teresa, pois ela tinha suas contas cotidianas para pagar, além do recurso que precisava para participar da missão do Programa de Voluntariado em Chaves.

Durante três dias, a saída que ela encontrou para enfrentar a provação pela qual estava passando era ficar em casa deitada em sua rede e sem perspectivas do que poderia fazer. Mas Deus a fez um convite de sair de si e se abrir com seus irmãos de célula. Tereza então tocou na providência divina e ganhou da sua família de sangue e da comunidade o recurso para pagar suas contas e ainda para se sustentar na missão.

Hoje ela está em Chaves, dando seu testemunho e ofertando seus dons pelo povo. “Por muitas vezes não me deixava tocar na providência divina, enquanto consagrada na aliança com votos definitivos. Foi preciso passar por essa situação para ver que muito mais que ajudar, nós temos que nos permitir ser ajudados, deixando de lado o nosso orgulho”, destaca a consagrada.