Dom Nelson Westrupp
Asolenidade de todos os Santos e Santas e a comemoração de todos osfiéis Defuntos espontaneamente elevam nosso pensamento e nosso coraçãopara lá onde, também nós, um dia, estaremos. Trazemos em nosso íntimo,no mais profundo do nosso ser, o desejo do céu, e de sermos felizes.
Aliturgia de ambas as celebrações é um convite a fixarmos demoradamentenosso coração nas “coisas do alto”, onde se encontra a verdadeirafelicidade (cf. Cl 3, 2). Deus é a Felicidade. A plenitude dafelicidade acontece na contemplação de Deus face a face, na conquistada vida eterna: “Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus únicoe verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste” (Jo 17, 3).
Nãobasta sentir saudade de Deus, não basta ter saudade do céu. Não bastaexperimentar o desejo de ir para o céu. É preciso algo mais. Ao longode nossa peregrinação de volta para a Casa do Pai, é necessário ter acoragem de usar bem a nossa liberdade. A liberdade deve ser umaconquista diária para o bem. A todo instante somos convidados a fazer omal e solicitados a praticar o bem.
OMaligno usa todos os meios possíveis para nos desviar do caminho dafelicidade. Sua maior vitória consiste em levar as almas para longe deDeus. Se o Maligno existe, devemos combatê-lo. Não podemos ficarindiferentes diante dos artifícios do autor do pecado. Jesus passoupelo mundo libertando os possessos e curando toda sorte de enfermidade(cf. Mt 9, 35). Cabe a nós dar continuidade a essa missão. Quiçá, nãoestejamos entre os que não reconheceram ou não acolheram ou nãoaderiram a Jesus Cristo… E, sim, entre os indiferentes, covardes,medrosos, omissos, isto é, entre os que não se apercebem de que o Malrealmente existe em nós, no mundo e na Igreja.
Cristo venceu o poder do Maligno – o maior obstáculo à felicidade -, derrotou a fonte de todo mal que é o pecado.
Rezandoao Pai: “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”,também nós podemos levar uma vida livre do pecado, uma vida santa.
Assim,a festa de Todos os Santos e Santas é um convite à santidade, a sermosperfeitos como o Pai do Céu é perfeito (cf. Mt 5, 48). De nadaadiantará nosso peregrinar, isto é, nossa vida não terá sentido, senossos nomes não estiverem escritos nos céus (cf. Lc 10, 20).
Porintercessão de todos os Santos e Santas, queremos pedir ao Senhor eAutor de toda santidade que nos conserve fiéis ao Evangelho e nos dê acoragem do testemunho dos mártires, a fim de que sejamos testemunhasautênticas de Jesus Cristo.
NosSantos e Santas, Deus mostra as imagens mais perfeitas de Jesus Cristo,a fim de que também nós, que ainda peregrinamos na fé, sejamosconduzidos a uma maior união com Cristo. “Como é santo aquele que voschamou, tonai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Poisestá na Escritura: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pd 1,15-16).
“Ser santo” exige purificação de toda mancha da carne e do espírito (cf. 2 Cor 7,1). Significa estar revestido de Jesus Cristo.
Celebrandoa santidade e recordando todos os que nos precederam no caminho do céu,o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos dê um espírito desabedoria e nos revele o que devemos “ser” e “fazer” para alcançarmos amorada dos santos (cf. Ef 1, 17). Que Ele abra o nosso coração à sualuz, para que saibamos qual a esperança que o seu chamamento nos dá,qual a riqueza da glória que está na nossa herança com os santos esantas (cf. Ef 1,17-18). Não há outro caminho para participarmos daliberdade dos filhos e filhas de Deus. Vale a pena buscar a verdadeiraFelicidade.