No dia da ressurreição, causa final da nossa esperança e alegria, fazemos memória de ontem, em que vivemos a vitória de Jesus sobre as aparências. Sim! Jesus vence a aparente ausência quando não o vemos sob o nosso olhar.
Quantas vezes, diante de situações que não compreendemos, somos tentados a viver a desesperança?
Hoje, Jesus desce na nossa história. Aquele que é, “deseja se unir a mim para que eu me una a ELE”. No sábado santo vivemos o dia por excelência, em que Cristo vai ao encontro de nossas desesperanças;
Até a morte de Jesus, todos os que morriam iam para a mansão dos mortos. No sábado santo, liturgicamente, celebramos o dia que Cristo desce na profundeza da mansão dos mortos e leva o evangelho a nossos primeiros pais. Vivemos o dia em que a obra da salvação acontece nas profundezas, dentro de nós, onde não vemos.
Hoje é o tempo de despertar do sono profundo. O sono profundo de abandonar a vida de santidade, de inteireza.
As densas trevas de hoje são um reflexo da nossa alma e só Deus pode vencer de forma concreta o que eu não tenho conseguido vencer. O sábado é o dia que por excelência Jesus pode vencer na nossa vida.
Deus deseja retornar o céu dentro de nós. Deseja novamente dar um novo batismo de esperança. Deus pode, no agora que é hoje, tudo mudar. Sim, Deus pode libertar as minhas inconsistências, as minhas incoerências.
A vocação Shalom nasceu na fila de um ofertório, durante a celebração da santa missa. Todos nós cristãos também somos chamados a ofertar perenemente nossa vida no altar. Pode ser que as trevas do pecado tenham nos tirado dessa santa fila, mesmo assim, Deus deseja nos libertar, deseja nos reerguer onde quer que estejamos. Deus deseja restituir o primeiro sopro de vida, restaurar a beleza original concebida. Deus deseja nos devolver a dignidade de filhos e nos recriar.
“Senhor, dissipa minhas trevas para viver uma vida de consagrado sem voltar aos valores mundanos já renunciados. Senhor, recria-me!”
O Senhor Jesus rasga o véu que separa o nosso coração do Dele e permiti-nos contemplar a face da qual sofríamos por não ver sob o nosso olhar.
