Olá me chamo Wellington, tenho 21 anos e participo da Obra Shalom de Brasília. Não, este não é um testemunho sobre o primeiro amor, mas sim, uma prova que Deus é insistente naqueles a quem Ele confia algo. E que usa de todo e qualquer artifício para nos trazer para perto!
Mas vamos por partes… Como conheci a Comunidade Shalom ?
Cresci e fui educado em uma família católica, e por mais que essa realidade com o tempo fosse se enfraquecer ao ponto de deixar de existir, minhas bases foram formadas assim como manda a Igreja. Fui coroinha aos 8 e não muito depois comecei a participar de uma novena de Natal que anualmente me fazia presença.
Inicialmente com meus familiares, mas não demorou muito para que eu tomasse a iniciativa de também pegar aquele pequeno menino e ir anunciar a boa nova às quadras vizinhas à minha. Agora você deve estar se perguntando “onde está a Comunidade nessa história?”. Pois bem, aos 10 anos tudo que entendia pelo nome Shalom era “a banda” que tocava as músicas Belíssimo Esposo e Quem é esse Deus!
A rebeldia
Pouco tempo depois, acredito que aos 14 anos, comecei a trabalhar (um emprego muito bom por sinal) e fui tendo contato com diversas oportunidades de divergir de toda aquela obra que Deus começava a construir. Buscava incansavelmente preencher o vazio que eu mesmo deixei se formar em mim com falsas amizades, dinheiro, sexo e festas. A incansável fuga “daquela vozinha doce” que me alertava sobre o que de errado eu estava fazendo, era minha única essência, ou na realidade, a falta dela.
Buscava ser quem eu não era, fazer aquilo que agradava a todos e todos na vã esperança de me sentir “aceito”, mesmo tendo um Deus que morreu por mim.
Shalom entra na história mais uma vez!
Aos 16 terminei o Ensino Médio, prestei o Enem e consegui uma bolsa integral para uma faculdade em Taguatinga. Eu não poderia estar mais feliz (na verdade poderia sim, porque aqui ainda não tinha decidido deixar de ser uma fera de pé ainda). No caminho da faculdade eu não necessariamente precisava pegar 4 conduções para chegar até lá, embora recebesse dinheiro para pagar as quatro tarifas.
Usando a lógica e um pouco de esperteza também, pegava duas conduções, e o resto do percurso de ida e volta, que não era longe, eu fazia a pé, logo, economizaria um dinheiro que felizmente usava pra comer qualquer besteira na rua! Contudo nesse percurso, todos os dias eu passava em frente a casa comunitária da Shalom.
Na minha leiga imaginação, desconhecendo totalmente o que era uma comunidade, acreditava que aquela casa era um lugar onde eles ficavam apenas cantando as músicas daquela “banda” e ensaiando ou algo do gênero.
O fato é que todas as vezes que lá eu passava, todas as luzes estavam apagadas e as portas fechadas. Curioso que sou sempre tive a certeza que um dia entraria lá. E assim aconteceu, portas abertas, um sorriso acolhedor, um susto por ver uma lanchonete e uma grande surpresa em ser gentilmente acolhido em um grupo de oração!
A realidade
Até aqui essa seria a linda estória de um jovem que conheceu a Comunidade, mudou de vida e assim segue feliz. Mas não era essa a minha realidade.
De todos os 3 grupos de oração que eu fiz parte, frutos dos seminários que fiz. Nunca tive a coragem e a persistência para ir além e sempre acabava abandonando o grupo após alguns meses, mesmo me identificando ao máximo com tudo que acontecia ali.
Algumas vezes, por ilusões de que meu servir na paróquia era mais importante, outras por mero desânimo. De fato, nunca fui fiel com tantas graças que Deus me ofertava gratuitamente e hoje sei o peso que isso teve. O peso que para mim seria negativo, mas que Deus converteu em algo bom. Testemunho de sua incansável insistência em mim.
Desculpe se até aqui você já cansou da leitura, mas não desiste de mim não, o melhor ainda está por vir! (kkkkk)
Shalom 2023.1
Nessas idas e vindas aos grupos da Comunidade Shalom, concomitantemente, sempre estive envolvido com atividades paroquiais, que em boa parte das vezes, me exigiam bastante mas era extremamente gratificante.
Dentre essas atividades, posso citar categoricamente a pastoral da Catequese e o grupo Missão Ide, que sempre foram meu ponto de partida todas as vezes que eu necessitava de um recomeço. Não é novidade para nenhum paroquiano atuante que muitas vezes o cansaço físico e moral nos abatem, ainda mais quando por vezes nosso pároco pouco colabora ou dá assistência.
Nesse contexto eu me aplico. No final do ano passado, atarefado com muitas coisas, e inteiramente responsável pela intercessão de um retiro de carnaval ( vale citar que minha vida espiritual não era a das melhores nesse momento).
Preocupado com um dos servos da equipe e sendo amigo de longa data. Resolvo ir visitá-lo pra tentar entender o que acontecia e dar o suporte necessário. Depois de longas duas horas de conversa e alguns dias depois ele me interpela me questionando se eu ainda estava no Shalom, porque ele queria saber se tinha algum retiro próximo (havia meses que eu não pisava lá). Sem nem pensar no peso da mentira respondi logo:
“—Tô sim mano, vai ter o Acamp’s agora, bora?” Resposta positiva, inscrições efetuadas, malas prontas, partiu Acamp’s!
O agir de Deus em mim
Até aqui estava tão somente preocupado em fazer com que meu amigo se sentisse incluído, que ele não se sentisse deslocado. Pouco ou nada pensei em quanto aquele retiro seria bom pra mim, o quanto estava necessitado daquilo, a quantos meses que eu não tinha uma intimidade verdadeira com Cristo. Ao longo dos dias Deus foi me mostrando que o Thayrone (esse menino bonito que esta na foto de blusa vermelha) foi somente um dos grandes artifícios que Deus colocou ali pra me atrair a Ele.
Em resumo, porque sei que provavelmente vocês já devem estar irritados de tanto ler e não ter fim… Durante os três dias que passamos lá (porque só pudemos ir na sexta) o Pai foi sequencialmente me mostrando que o motivo de eu estar ali não era o meu amigo, que haviam coisas que ele queria fazer em mim e pra isso eu deveria me abrir e por fim que, ali de fato, mesmo depois de tantas idas e vindas, mesmo após tanto tempo longe era o lugar onde ele quis que eu estivesse desde o primeiro grupo de oração em 2017.
Confirmação dada não somente por um, mas por todos os quatro intercessores que Deus usou pra me mostrar tua vontade. Usou até mesmo da música da Fraternidade São João Paulo II (coincidentemente a família que eu fiquei) Terra seca onde em um dos versos diz “Vem me saciar, pois eu descobri que aqui é o meu lugar” tocada no momento de adoração e que ao meu coração serviu de segura resposta
E agora ?
“Após uma grande experiência como essa, com Jesus, nós ficamos mesmo perdidos, sem saber por onde começar” foram essas palavras do Pai da minha família que me incentivaram, junto com algumas incertezas sobre a vontade de Deus pra mim, que me fizeram me inscrever no vocacional deste ano. Se Deus assim me conceder a graça da Persistência, quero com fé em Deus dar sentido a todos os ‘Enchei-vos’ que eu comprei e nunca conclui e se assim Deus permitir, começar a trilhar esse caminho de discernimento no carisma Shalom !
Pra terminar, caros leitores, não tenham dúvidas que Deus tem o poder de te resgatar de qualquer situação na tua vida e que independente de qual seja o teu nível de intimidade com ele, ele te chama, te escolhe e não cansa até ver você, de fato, entendendo sua voz e correndo de volta ao bom redil.
Obrigado ao PJJ Brasília pela doação de vida para esse acampamento, obrigado equipe de limpeza que após todos os momentos de oração, e até mesmo na missa, limparam meu catarro misturado com choro no chão daquele lugar, obrigado Pais da Família Lolek (vulgo melhor família) pelo acolhimento e obrigado a você que leu até aqui !
Acamps 2023.1 ……. Impossível Descrever!
Wellington Santos
Obra Shalom
Missão Brasília