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Dia internacional de recordação das vítimas do holocausto

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Presidente da CNBB fala numa Sinagoga em São Paulodomingo: 04 de fevereiro de 2007
DIA INTERNACIONAL DE RECORDAÇÃO DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO Sinagoga da Congregação Israelita Paulista, 02.02.2007 Saudação de Dom Geraldo Majella AgneloCardeal Arcebispo de SalvadorPresidente da CNBB Encontramo-nos para um gesto importante, que quer manter viva a memória de um tempo trágico e obscuro da história, especialmente da Europa, com reflexos, no entanto, em todo o mundo, com a intenção de afastar definitivamente eventos semelhantes do nosso mundo atual. No dia 27 de janeiro de 1945 foram abatidos os portões de Auschwitz e esta data ficou marcada como o dia da memória para recordar a Shoah, isto é, o extermínio do povo hebreu, as leis raciais, a perseguição, a deportação, a prisão, a morte de cidadãos de origem hebraica. Lembramos, ao mesmo tempo, tantos homens e mulheres, inclusive de outros credos, que em nome da comum humanidade, em nome de valores ideais não corrompidos pelo interesse ou pelo medo, se opuseram ao projeto de extermínio e arriscaram a própria vida para tentar salvar e proteger os perseguidos. Um mal tão grande resulta até hoje incompreensível, “não podia ser explicado com os motivos malvados do interesse egoístico, da avidez, da inveja, do ressentimento. E portanto a cólera não o podia vingar, a caridade suportar, a amizade perdoar, a lei punir… Até agora, a convicção de que tudo é possível parece ter provado somente que tudo pode ser destruído” (Hannah Arendt). A memória é um poderoso instrumento para compreender o passado e para responder às necessidades do presente. Rejeitamos o horror e a desumanidade da Shoah e qualquer tentativa de minimizar ou ignorar a gravidade daqueles fatos. Suscitar o horror por atitudes de destruição e de ódio, no entanto, não basta para afastar da nossa sociedade e, especialmente, da nossa juventude, males bárbaros de semelhante gravidade. É necessário apresentar ideais e testemunhas que fascinam e atraem para caminhos de esperança, de construção positiva de um bem que poderá ser para cada pessoa e para todo o povo. O coração humano busca a felicidade e o bem, a liberdade e a justiça, a verdade e a paz. Como a agulha de uma bússola se dirige infalivelmente para o norte, o coração humano busca irresistivelmente responder a estas exigências. E aspira a uma resposta ilimitada, infinita, tanto é verdade, que diante de nenhuma conquista se aquieta. “Fizeste-nos para ti, Senhor, inquieto está o nosso coração enquanto em ti não repousar” (Santo Agostinho, Confissões). Necessitamos de um esforço conjunto para afastar a cultura da banalidade que tudo desvaloriza e trata como objeto descartável, inclusive a vida humana. A cultura da banalidade constitui o terreno favorável onde crescem a violência e a barbárie, dando espaço e estruturando sempre mais aquela raiz de mal que a Sagrada Escritura chama de pecado de origem. A memória do horror da Shoah e a grandeza dos poucos que se opuseram ao extermínio constituem hoje para nós um convite para reencontrar a grandeza da dignidade inviolável e inegociável de cada homem e de cada mulher, qualquer que seja a condição em que se encontra. A vida humana é grande porque é relação com o Mistério Infinito. Em diálogo com este Mistério, cada um encontrará repostas adequadas ao seu desejo infinito e será capaz de crescer e trabalhar, amar e constituir família, gerar filhos e educa-los, participando da comum construção de um mundo mais humano, justo e solidário, um mundo de irmãos, independentemente das diferenças de raças e tradições religiosas. Queremos consolidar o caminho da fraternidade e da solidariedade, que floresce das mais profundas raízes da nossa identidade. Com efeito, nós cristãos juntamente com os nossos irmãos maiores, os hebreus, adoramos o mesmo Deus, Criador e Pai, que nos constitui como irmãos. E como o sertão, queimado pela seca, se cobre de verde logo que cai a primeira chuva, da mesma maneira, a esperança se reacende e o ideal do bem se fortalece quando aparece no horizonte um sinal, como é este nosso encontro, de que existe o caminho para responder ao desejo de paz na nossa sociedade e entre todos os povos.

Cardeal Geraldo Majella AgneloArcebispo de São Salvador (BA)Presidente da CNBB

Fonte: cnbb


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