“Sem a leitura não há cidadania e não ter acesso à leitura é uma enorme injustiça”, é o que diz a professora e pesquisadora da PUC-SP, Maria Regina Maluf, referente à importância do livro na vida da pessoa. Neste dia 23 de Abril, é celebrado o Dia Mundial do Livro, vejamos prós e contras sobre a leitura digital e impressa.
Com a evolução tecnológica, surgiram diversas plataformas on-line para facilitar a vida de jovens e adultos, que hoje conseguem carregar dados pessoais, contatos, documentações e até mesmo livros, os chamados E-book, em apenas um equipamento.
Dados e pesquisas
De acordo com uma pesquisa encomendada pela Agência Brasil, o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como o mais marcante. De acordo com uma análise, se destaca ainda que 26% dos brasileiros já leram um livro digital. O número cresceu em comparação aos dados de 2011, quando eram apenas 18%.
O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam. Esse percentual é 5% entre os leitores. A internet e o WhatsApp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, ao todo, 47% disseram usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 81% em 2020. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 73%.
De acordo com a pesquisadora da PUC-SP, Maria Regina Maluf, os “livros na tela” têm algumas peculiaridades que são coisas comuns e outras que são diferentes do livro impresso. “O aumento de leitores digitais se explica porque há certas facilidades na leitura do E-book, por exemplo em viagens, em meio de transporte, ao invés de carregarmos vários livros impressos, a gente tem um equipamento pequeno, com tela e que permite a leitura”.
Muitas pessoas leem o E-Book em uma circunstância e o impresso em outra – afirma a pesquisadora –, acrescentando que o livro digital e o impresso são diferentes, mas oferecem o mesmo nível de compreensão. “São dois tipos de equipamentos para lermos. O ‘produto leitura’ é o mesmo, a gente compreende da mesma forma, porém há diferença no modo como manipulamos um livro impresso ou uma tela. Se quisermos ler cinco livros, temos que levar cinco volumes nas mãos e a tela é uma só”.
Prós e contras dos livros impressos e digitais
Existem contraposições que favorecem os livros físicos, como o manuseio das páginas, a sensação de obter algo físico em mãos, facilidade na concentração e menos cansaço no processo da leitura, e outras que priorizam a utilização dos meios tecnológicos como a praticidade em carregar o conteúdo em um único aparelho.
“O E-book é um ganho sim, é uma nova vantagem, é uma forma de leitura que resolve vários problemas, sobretudo o de onde guardar os livros e ter acesso a eles, você coloca centenas de livros em um mesmo equipamento. Em contraposição, o livro em papel ocupa mais espaço é mais difícil de carregar. Acredito que ambos continuarão a existir e continuarão sendo usados de acordo com as circunstâncias”, afirma a pesquisadora.
Costume de ler livros impressos
Apesar de obter acesso à internet, a bibliotecária Daniela Kanno, relata que desde pequena tem o costume de ler livros impressos, optando sempre por eles, uma vez que já se sente familiarizada com o papel. “Tive contato com E-Books, lidos em celular, computadores e tablets e minha vista ficava muito cansada em plataformas digitais. Outra coisa é a duração da bateria dos aparelhos e também há uma facilidade na distração para outros aplicativos”, afirma.
A bibliotecária garante que o hábito da leitura colaborou positivamente com sua vida pessoal, social e profissional. Ela observa que, com a leitura, há mais chances de aprender sobre si, sobre o mundo e sobre o próximo. “Sempre que tenho a oportunidade, compartilho minhas leituras e opiniões através das redes sociais, e vejo que isso dá resultado. Muitos que me acompanham nas redes já me disseram que achavam a leitura algo monótono e chato, mas que acabaram experimentando ler alguma indicação, e gostaram. Como profissional que trabalha diretamente com os livros, isso me dá uma alegria imensa”.
Independente do estilo da leitura, Daniela pensa que este hábito é de extrema importância para o desenvolvimento da pessoa, e que os mais velhos devem ser exemplo para aqueles que estão ingressando agora no universo dos livros. “Muitos dos que dizem não gostar de ler ainda não encontraram algo que realmente chamasse sua atenção. A leitura abre portas para o desconhecido e nos permite sempre buscar o conhecimento, além de entender outras realidades e nos aproximarmos mais do nosso interior”.
A pesquisadora Maria Regina acrescenta que a nova geração já “nasce” em meio à conectividade, sendo mais apta a se acostumar com a leitura digital, e que não importa se o livro é físico ou digital, o importante mesmo é criar o costume de carregar livros por onde quer que vá. “Sem a leitura não é possível assumir uma posição participativa e responsável em um mundo letrado, que é o mundo de hoje. Tudo depende da escrita, até nossos direitos de cidadania dependem da escrita, nossos direitos estão grafados. Nós precisamos ler. Não poder ler é uma forma de exclusão gravíssima. É preciso ler para ser cidadão”, conclui.
Qual você prefere? Livros, ou E-books? Indiferentemente da forma, o importante, é que você leia. Literatura, humor, biografia, contos, poemas, Bíblia entre outros, a leitura é essencial para o amadurecimento do intelecto e melhoria no conhecimento sobre o mundo.
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