Quando fui consultado para ser voluntário no Projeto Amigos dos Pobres, o Senhor me inspirava a fazer algo como um diário relatando minha experiência de cada dia com o serviço aos mais necessitados. A seguir, trago alguns encontros que tive a partir do segundo dia de trabalho nas ações de promoção humana da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza – CE.
26° dia de Trabalho
Que não haja necessitados em nosso meio.
Hoje eu já acordei muito feliz, por aqueles vinte e sete homens que tomaram um novo rumo na vida. Tudo é graça de Deus. Chegamos no Shalom bem cedo e assim que chegamos um homem bate a nossa porta.
– Olá, bom dia! Daqui a pouco nós abrimos o portão para aqueles que quiserem tomar banho.
– Tudo bem, mas eu preciso conversar com você.
– Eu moro na rua e consegui retirar meu auxílio emergencial do governo, mas fui assaltado. Eu senti apenas uma pancada nas costas e depois no rosto e quando acordei, estava no hospital, levaram meu dinheiro.
Olhando para o rosto daquele homem ferido, eu me perguntava: como alguém pode fazer tanto mau a um inocente?
– Preciso de um Abrigo, estou sem nada, com esse dinheiro eu pensava em alugar uma casinha, pelo menos pra passar esse tempo dessa doença.
– Pronto, Sr. José. Vamos conseguir um abrigo pra você, pelo menos pra você passar esse período de isolamento, se recuperar e depois receber seu auxílio novamente e encontrar um lugar pra você.
– Thácio, tem pessoas querendo comer novamente, dizem que ainda estão com fome.
– Se todos que estão aqui já tiverem comido e não aparecer mais ninguém, pode dar, não quero que ninguém saia daqui com fome.
Hoje o dia foi bem animado, muitos irmãos foram a nossa casa em busca de comida, de água e até de uma orientação. Feliz por ver nossa casa como um lugar de refúgio nesse tempo tão desafiante.
25° dia de Trabalho
Uma partida cheia de Esperança.
– Bom dia, meus irmãos! Hoje a vida de cada um de vocês começa a tomar um novo rumo, graças a Providência de Deus que nos trouxe essas vagas para o tratamento, daqueles que querem, se tratar do uso abusivo das drogas, na Fazenda da Esperança. Estou muito feliz por vocês. Como eu já tinha dito a vocês, o tratamento será de um ano, quero ver vocês daqui a um ano, renovados. O ônibus está chegando.
– Tháciooooo!
– Oi, Pablo.
– Quero que você bata uma foto minha, por favor. Daqui a um ano vou voltar aqui e vou dar o meu testemunho, quero olhar pra essa foto e ver o antes e o depois.
Quanta esperança no olhar desses homens que vão, mas com um desejo tão forte de retornarem um dia para suas famílias, suas esposas, seus filhos, e voltarem renovados, fortalecidos, restaurados…
– Levi, então, cara, você vai mesmo? Não quero que você vá a força, você é livre. E a Fernanda? Você vai deixá-la?
– Thacio, a Fernanda tem os filhos dela, inclusive, ela está cuidando de uma que está com Câncer, tem a mãe dela e eu, eu não tenho ninguém na vida, eu preciso cuidar de mim. Eu vou e daqui a um ano nos veremos e eu sei que voltarei de lá um novo homem.
Senhor, abençoe esse novo tempo na vida de cada um desses homens!
24° dia de Trabalho
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
– Thácio, recebemos uma doação de seiscentas e cinquenta cestas básicas e também muito leite, vamos poder mandar algumas para a Parangaba.
– Bendito seja Deus! Que alegria, tem muitas famílias aqui precisando.
– Daqui a pouco o caminhão chega aí com as cestas.
A notícia das cestas logo chegou aos ouvidos da população e começaram a chegar a nós famílias, idosos, gestantes, pessoas desempregadas por causa desse tempo de pandemia e por isso necessitadas desses alimentos.
– Pode entregar a cesta dessa mãezinha, já diz o cadastro dela.
Essa senhora estava acompanhada de uma de suas filhas, uma criança muito linda. Não contive as lágrimas ao presenciar a reação da pequena ao ver a cesta de comida:
– Olha mãe! É leite!
– Sim, filha, você vai tomar leite hoje.
Quando rezamos o ” Pai Nosso”, pedimos a Deus o sustento, o pão de cada dia, no sorriso daquela criança eu contemplava o amor providente de Deus, que escuta a oração dos seus pequeninos e providencia mãos generosas, homens e mulheres de corações abertos que doaram o pão e o leite de cada dia.
Obrigado a todos que tem contribuído para essa Obra de Deus.
23° dia de Trabalho
Um Reencontro…
– Thácio, queria saber se vai dar para você visitar o abrigo, para onde estamos encaminhando nossos irmãos em situação de rua?
– Sim! Com certeza. Vou chegar um pouco atrasado, mas estou a caminho.
Assim que cheguei no abrigo, já encontrei o Paulo Roberto e a Marciana:
-Irmão! Muito obrigado por ter conseguido esse lugar para nós, aqui é muito bom!
Como foi grande a alegria de reencontrar aqueles que passaram por nossas orientações e muito maior foi a alegria deles, quando lhes falei que tinha conseguido algumas vagas para uma casa de reabilitação para aqueles que queriam deixar a dependência química. Fizemos uma roda de conversa e todos queriam falar:
– Irmão, consegue uma roupa pra mim…
– Eu preciso de um sabonete.
– Eu quero uma sandália
– …
Até fiz novos amigos:
– E aí, cara, como você se chama?
– Thiago. Eu queria saber como é esse lance de casa de reabilitação.
– Thiago é uma grande oportunidade de você mudar a sua vida, se você sofre com o uso de drogas.
– Uma vida nova… É isso que eu estou precisando. Eu quero sim.
Saí hoje do abrigo muito feliz por ter reencontrado meus amigos e por ver neles um desejo de mudar de vida.
22° dia de Trabalho
As minhas intenções de oração agora tem nome e rosto.
É tão interessante perceber que, na medida em que os dias se passam, aqueles que frequentam nossa casa se tornam mais próximos a nós e se antes em minha oração do terço ou das completas eu rezava pela humanidade de forma geral, sem saber nome, nem o rosto dessa humanidade, hoje eu os conheço e conheço também suas histórias, suas lutas e se torna quase impossível rezar sem lembrar o nome e o rosto de cada um.
Fernanda, formada em Psicologia, uma mulher muito guerreira, acabou indo morar nas ruas e lá conheceu o Levi; Paulo Roberto e Marciana, esses nunca se separam, um casal muito divertido; Gabriel tem quatorze anos já tenta sobreviver nas ruas; Wellington tem vinte e oito anos e sua família tem ele como um caso perdido; João, Francisco, Josilan, Lucileno… As minhas intenções de oração agora tem nome e rosto.
21° dia de Trabalho
Será que eles voltarão amanhã?
Chegamos bem cedo no Shalom e já vimos muitos irmãos pobres esperando abrir as portas de nossa casa, percebi que seria um dia muito animado.
– Bom dia irmão, eu me chamo Claudio, tenho 41 anos e fiquei sabendo que você está encaminhando para uma casa de recuperação, pelo amor de Deus consegue um encaminhamento para mim, sou dependente de álcool, preciso me recuperar.
Como vocês percebem a boa notícia já tinha se espalhado e para minha alegria, nesse dia eu acompanhei muitos casos de irmãos necessitados. São tantas situações que chegam a nós, a grande maioria sem documento algum e parece mentira, mas existem aqueles que não sabem se quer a data do seu nascimento.
– Olá irmão eu fui espancado na rua, meu corpo ainda dói muito, lembro apenas que consegui chegar me arrastando a porta do hospital, eles disseram que passei três dias internado, acabei de sair de lá, eles me indicaram buscar ajuda aqui na casa do Shalom, preciso de um abrigo.
Foram muitas emoções por hoje. O serviço termina, todos saem alimentados e tomados banho e algumas dias, como hoje, eu vou até o portão e depois de ter ouvido tantas histórias desses irmãos, muitas coisas passam em minha cabeça: Em que calçada vão dormir hoje? E se chover? Será que alguém lhes fará algum mau? E a noite, será que vão comer algo? Será que eles voltarão amanhã?
20° dia de Trabalho
Vou até o fim do mundo para mudar de vida.
Um olhar cheio de esperança.
– Ei, Thácio! Tem chegado a nós muitos casos de irmãos que sofrem com o uso das drogas e querem sair.
– Sim, é verdade, Fernando, tenho ouvido também isso deles no momento da orientação. Eles querem se recuperar, se houvesse um lugar…
– Já sei, Thácio! Tenho o contato de um amigo que tem um projeto que encaminha irmãos em situação de rua com dependência química para casas de recuperação. Vou ligar para ele e ver como ele pode nos ajudar.
– Tudo bem! Vamos rezar para dar certo.
– Thácio, ele disponibilizou trinta vagas para nós. Temos até sábado para reunir esses irmãos de rua que desejam sair das drogas.
– Deus seja louvado, Fernando, vamos reunir esses irmãos.
Deus sabe tudo o que precisamos, ele conhece cada um dos seus filhos e na hora certa providenciou essa casa de recuperação, Ele sabia da necessidade do Jovem Pablo:
– E aí, meu irmão… Quantos anos você tem?
– Eu tenho vinte e um anos, sou pai de duas filhas que não estão comigo, escolhi sair de casa para não fazer mau a elas, nem a mãe delas. Sou dependente químico, se vocês puderem me ajudar…
– Pablo, Deus te ama muito! Surgiu algumas vagas em uma casa de reabilitação, mas não fica aqui no Estado. Você está disposto a ir?
– Eu aceito, irmão, vou até o fim do mundo para mudar de vida. Eu tenho um sonho de voltar para minhas filhas, mas elas não podem me ver assim…
Esse jovem chorava muito enquanto me contava a sua história, me deixou rezar por ele. Eu vi no olhar dele o desejo e a Esperança de um novo, que começou hoje.
19° dia de Trabalho
O Senhor escutou minhas orações, na verdade, Ele ouviu o clamor daquela mãe necessitada
“A cada dia basta o seu cuidado”
O Leonardo, nosso cabeleireiro voluntário, chegou bem cedo e já começou a dar seu serviço aos nossos irmãos pobres, não sei o que era mais belo de se ver: a alegria dos pobres por esta oportunidade ou a felicidade do Leonardo ofertando seus dons para aqueles pobres…
– Olá, irmão, posso conversar com você?
– Sim, pode.
– Irmão, eu tenho cinco filhos, você vê quando eu trago eles pra cá, trago pra eles comerem aqui porque em casa não temos nada, aqui pelo menos almoçamos, mas não temos nada para comer no jantar. Será que você teria como me ajudar com algum alimento para eu preparar a noite?
– Sim, me procure mais tarde, vou ver o que posso conseguir pra você.
Meu Deus! Como posso ajudar essa mãe com essas crianças? Precisamos de mais doações Senhor para alcançar mais pobres…
– Thácioooooo! Tem um homem em um carro aqui fora, querendo falar com você.
– Oi! Pois não…
– Eu moro aqui próximo na outra rua e quero ajudar vocês, vou passar meu contato e o que vocês estiverem precisando vocês podem me ligar.
O Senhor escutou minhas orações, na verdade, Ele ouviu o clamor daquela mãe necessitada do alimento para seus filhos.
Obrigado, Senhor!
18° dia de Trabalho
Vieram muitos pobres e ainda trouxeram outros…
“A messe é grande, mas os operários são poucos, pedi pois ao Senhor da messe que envie novos operários para sua messe” (Mt 9, 37-38)
O dia amanheceu chovendo e por isso imaginei que nem todos os nossos irmãos pobres estariam hoje em nossa casa, como das outras vezes. Eu me enganei! Vieram muitos pobres e ainda trouxeram outros… O dia foi passando e tudo acontecendo como de costume, mais de 150 refeições entregues, muitos pobres tomaram banho e receberam orientação social, e já quando estávamos encerrando os serviços um dos voluntários me chama:
– Thácioooo! Esse jovem aqui se chama Leonardo, ele quer falar com você.
– Olá, Leonardo. Tudo bem?
– Tudo bem. Eu sou morador dessa rua e sou cabeleireiro e observei o movimento dos pobres aqui na casa de vocês e por isso vim aqui para oferecer meu serviço, posso ajudar vocês? Eu poderia cortar o cabelo dos pobres?
– Meu Deus! Com certeza, Leonardo, venha vamos conversar, vou lhe apresentar o projeto.
Assim O Senhor nos enviou mais um operário para sua messe e os pobres ficarão felizes podendo cortar o cabelo.
17° dia de Trabalho
A esperança de um novo que começou hoje
– Thácio, quantas pessoas poderão tomar banho hoje?
– Acredito que só vinte pessoas, por causa do horário e só temos um chuveiro.
– É que já acabaram as fichas do banho e tem um cara aqui que já está há uma semana sem tomar banho.
– Ei, irmãozinho, eu tô na fila do banho, sou o número oito, mas pode dar minha ficha a esse cara, ele está precisando mais.
Tenho presenciado muitos momentos de solidariedade entre os nossos irmãos mais pobres, eles se ajudam. Acredito que justamente por eles viverem tantos sofrimentos e desafios, eles se sensibilizam muito mais com a dor e as necessidades do outro.
– Pode continuar com sua ficha, meu irmão, ele também vai tomar banho. Fiquei observando o momento em que esse jovem, que estava há tantos dias sem tomar banho, sair do banheiro, com uma roupa melhor, limpa e uma alegria no seu rosto que não sei nem descrever.
Hoje foi mais um dia de muitas graças, conseguimos enviar para o Abrigo mais dois moradores de rua, entre eles um jovem de 28 anos, com uma história tão sofrida… Queria poder descrever aqui a alegria desse jovem, quando lhe falei que hoje ele poderia entrar no Abrigo, eu vi no seu olhar a esperança de um novo que começou hoje.
16° dia de Trabalho
Mais um dia sustentados pela Divina Providência de Deus
“Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si. Mas Jesus lhes disse: Não é preciso que vão embora, dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 15b-16)
Quando vai chegando o horário da distribuição da comida, os pobres começam a chegar em nossa casa e olhando com um olhar humano parece que vai faltar o alimento, foi essa a impressão que eu tive hoje, pensei que fosse faltar o alimento, devido à quantidade de pessoas que vieram hoje, de fato temos que ver sempre com um olhar sobrenatural e acreditar que todos os dias o Senhor realiza o milagre da multiplicação naquele lugar e não deixa faltar o alimento para nossos irmãos mais pobres.
– Graças a Deus irmãos, encerramos mais um dia de serviço.
– Thácio, tem um senhor aqui na porta perguntando se ainda tem almoço…
– Tem apenas o nosso, faça o seguinte: dê um almoço a ele e eu divido o meu com alguém.
E assim se deu mais um dia de trabalho com nossos irmãos pobres, mais um dia sustentados pela Divina Providência de Deus.
15° dia de Trabalho
Eu vi ali, na minha frente, a imagem do Filho Pródigo
– Bom dia, irmão! Tudo bem?
– Oi, tudo bem. Como posso te ajudar?
– Irmão, eu só queria saber se você poderia fazer uma ligação pra mim do seu celular? Eu me separei da minha esposa, por não ter onde ficar vim pra rua, quero voltar pra casa de minha mãe, que mora em outo estado.
– Sim. Me fale o número da sua mãe…
Eu ouvi as palavras de uma mãe emocionada por estar vendo o filho, por uma chamada de vídeo, depois de meses sem ter notícias dele.
– Onde você está vivendo, meu filho? Como está se alimentando?
– Mãe, eu estou na rua. Consegui esse lugar aqui hoje no Shalom pra tomar um banho e almoçar.
Foi muito forte ouvir a conversa daquele jovem com sua mãe, em alguns momentos segurei as lágrimas.
– Mãe, eu não quero mais viver nessa vida, é muito ruim viver assim, quero voltar pra sua casa.
Eu vi ali, na minha frente, a imagem do Filho Pródigo a procura do aconchego da casa paterna. Foi um dia de muitas graças, enviamos o primeiro morador dessa área para um Abrigo, o senhor Edimilson, ele tem 40 anos, e há 22 anos mora na rua. Me chamou atenção o que o ele me falou ao entrar na Kombi que o levaria para o Abrigo: “Eu não vou decepcionar vocês”.
14° dia de Trabalho
Aconteceu um imprevisto aqui na cozinha e por isso o almoço vai atrasar
São quase meio dia e nossa casa está cheia de pobres já esperando o almoço.
– Alô! Thácio!
– Oi
– Meu irmão, aconteceu um imprevisto aqui na cozinha e por isso o almoço vai atrasar.
– Ai meu Deus! Vai atrasar quanto tempo? Tem muitos pobres aqui Samuel e eles têm fome, eles vão comer muito tarde…
– Eu compreendo, Thácio, sua preocupação, mas, diante do imprevisto, precisamos ter paciência e esperar. Pede ao Espírito Santo uma sabedoria para falar com eles.
Fui até a cozinha do Shalom nesse momento, respirei fundo, rezei um pouco e pedi a Deus a graça do discernimento, então quando olhei para o lado vi uma doação que tínhamos recebido no dia anterior, uma caixa de bananas, logo o Senhor me disse: Dê aos pobres. Consegui duas bandejas para colocar as bananas e quando cheguei para distribuí-las, todos já vieram ao meu encontro pedindo, principalmente as crianças, que estavam com muita fome.
Aquele povo estava com muita fome, na mesma hora eu me lembrei de quando Jesus realizou a primeira multiplicação dos pães: “Quando Jesus saiu do barco e viu tão grande multidão, teve compaixão deles” (Mt 14,14). Jesus é movido de compaixão pelo seu povo. Dai-me, Senhor, um coração como o Teu, cheio de amor e compaixão pela humanidade.
13º dia de Trabalho
Não, meu filho, eu não senti nada disso não, só senti fome
– Bom dia! Tudo bem com o senhor?
– Tudo bem.
– Estamos fazendo um trabalho de prevenção e conscientização, eu vou precisar medir sua temperatura, para saber se o senhor está com febre.
– Está bem.
– 36.2 o senhor não está com febre. Sentiu algum sintoma da Covid-19, nesses últimos dias? Tosse, dores no corpo…
– Não, meu filho, eu não senti nada disso não, só senti fome.
Meus irmãos, como doeu meu coração ao ouvir isso desse homem idoso. Ele sentiu fome… Meu Deus! O que mais eu posso fazer? Tantos outros irmãos pobres que assim como aquele homem, sentem a dor da fome diariamente. Dai-me a Tua graça para que eu possa alcançar muitos outros filhos teus.
– Muito obrigado, meus irmãos voluntários, pelo serviço de hoje, agora vamos almoçar.
– Tchau, irmãos! Já estou indo. Até amanhã.
– Saul! Você não vai comer?
– Não, cara, eu deixo pra almoçar em casa com a minha mãe, mas eu queria saber se posso levar meu almoço para dar para um pobre que sempre encontro no meu caminho.
– Com certeza, meu irmão, pode sim.
Que grande exemplo de caridade, foi para mim esse irmão que pensou muito mais na necessidade do outro do que na sua.
12° dia de Trabalho
É um solo sagrado a vida daqueles meus irmãos pobres
“Pedi e vos será dado, buscai e encontrareis” (Mt 7,7)
“Meu Deus! Será que esses pobres que vieram hoje, amanhã retornarão a nossa casa?” Pode parecer estranho, mas esse foi o pedido que fiz em oração para o Senhor, que esses meus irmãos pobres retornem a nossa casa, porque sei que assim eles serão alimentados, poderão tomar um banho…
– O que te levou a morar na rua?
– Eu fui adotado, quando minha mãe adotiva morreu, meus irmãos adotivos não quiseram ficar comigo, então só me restou vir pra rua.
– Há quanto tempo está morando na rua?
– Mais de vinte anos.
Eu pedi e O Senhor nos mandou seus filhos, seus prediletos, hoje vieram muitos pobres, quando chegamos já haviam alguns nos esperando. A cada dia que passa, vou compreendendo mais ainda a grande importância desse projeto: estamos cuidando do Tesouro da Igreja, os pobres. Cada história que chega a nós, cada vida em que adentramos, vou fazendo uma reverência, pois vou compreendendo que é um solo sagrado a vida daqueles meus irmãos pobres. O Senhor confia muito em nós!
11° dia de Trabalho
Me faz feliz Te fazer feliz neles
– Eu quero partilhar uma coisa para vocês, meus irmãos. Eu estou aqui na equipe de higienização e o que mais me impressiona é ver a forma como eles entram para tomar banho e saem transformados, parecem outras pessoas, irreconhecíveis!
Esse relato foi de um voluntário que está ajudando no projeto, eu sou contagiado pela alegria que vejo no rosto de cada um desses servos que me ajudam aqui na Casa São Pio.
Na minha equipe, a maioria não podem servir todos os dias, mas me impressiona porque a vida deles não parou, eles têm estudo, alguns trabalham, outros cuidam de familiares idosos e, mesmo em meio a toda essa vida, eles ainda ofertam parte do seu tempo para os mais pobres, com certeza ofertam o tempo que tinham para descansar, para se distrair um pouco, mas escolhem pensar no outro, nos mais necessitados.
São Profissionais, donas de casa, estudantes, trabalhadores, homens e mulheres que se preocupam com a dignidade dos nossos irmãos mais pobres. Impressiona-me, além de tudo isso, a alegria com que eles fazem tudo. Qualquer coisa que peço para fazerem, eles fazem com uma alegria que me constrange. Eles teriam muitos motivos para reclamar ou murmurar, porque se deparam com tantos outros afazeres…
Recordo de Madre Teresa de Calcutá que sempre pedia para as irmãs da sua congregação servirem com um sorriso no rosto, tudo fazer com alegria.
– Ei, tio! Tem como conseguir uma roupa pra mim, quando eu tomar meu banho?
– Tem sim, vou pegar uma roupa pra você.
– Escolhe uma bem bonita, tio.
Meu Deus, como eu estou feliz e realizado por estar participando da felicidade desses Teus filhos, meus irmãos. Me faz feliz Te fazer feliz neles.
10° dia de Trabalho
O Senhor quer mais de mim
– Olá, Thácio! Tudo bem?
– Sim, tudo bem.
– Thácio, o Senhor quer mais de você.
– Como assim?
– Precisamos abrir uma nova casa de apoio para os pobres e pensamos em você para coordenar, você aceita?
Diante de tudo o que eu estou vivendo aqui, toda essa experiência com a pessoa de Jesus nos pobres, eu não posso dizer não a Obra de Deus.
– Sim, eu aceito.
Fomos então iniciar os trabalhos na Parangaba, fizemos primeiro a distribuição de almoço na praça, para conhecer um pouco a população de rua daquela área e a partir do outro dia realizar essas ações na nossa casa, na Casa São Pio.
Logo que cheguei na praça, fui ao encontro de um grupo de três homens que estavam deitados em papelões, no meio da nossa conversa ele me disse:
– Olha, irmão, aqui antes existia uma distribuição de comida, mas não sei porque pararam de dar almoço aqui, agora dificilmente aparece os voluntários que fazem esse serviço com o povo de rua daqui.
É dura a realidade de quem vive nas ruas, uma vida angustiada e incerta, insegura. Tenho encontrado tantas realidades, pessoas que acordam e não sabem se vão comer algo naquele dia, pessoas que passam dias e até semanas sem tomar banho.
Diante de tudo isso, eu faço minhas as palavras de minha amiga Santa Madre Teresa de Calcutá: Eu sou apenas um lápis nas mãos do grande Escritor. Eis-me aqui, Senhor! Para Te servir nos meus irmãos mais pobres.
9° dia de Trabalho
Aquele pobre dormirá um sono tranquilo hoje
“Jesus lhes respondeu: As raposas têm suas tocas e as Aves seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20)
Nossa Casa São João Paulo II hoje, estava bem animada, muitos pobres chegando, cada um com suas necessidades. Um certo homem ia saindo do banho e percebi o rosto dele familiar, lembrei que já tinha encontrado ele dormindo na calçada do Centro de Evangelização. Ele veio em minha direção e falou:
– Ô Irmão, vou falar na verdade o que eu estou precisando… Irmão, eu quero sair dessa vida, estou cansado dessa vida morando na rua, eu quero um lugar para eu dormir em paz.
– Olha, meu irmão, nós temos um abrigo para você passar pelo menos esse tempo de isolamento social, você aceita?
– Sim, aceito, irmão. Só em saber que vou ter um lugar para deitar minha cabeça e dormir em paz para mim está muito bom.
Jesus, Tu dissestes que não tinha onde reclinar Tua cabeça, eu quero Te dar o meu coração. Jesus, podes deitar e dormir em paz, muito mais em paz está minha alma por saber que aquele pobre dormirá um sono tranquilo hoje.
8° dia de Trabalho
O meu coração estava lá nas ruas com os meus irmãos pobres
Hoje eu precisei ir ao laboratório para fazer exames, um cuidado da equipe com todos os voluntários, mas os meus irmãos foram para o serviço. Confesso para vocês que estava no laboratório, mas o meu coração estava lá nas ruas com os meus irmãos pobres. Chegando do laboratório, aproveitei para descansar e rezar um pouco mais, interceder pelos nossos serviços e por nossos irmãos. Descansar para me dar mais ainda e melhor no serviço.
7° dia de Trabalho
Todos os irmãos que moram na rua desejam a paz
– Olá, bom dia! Tudo bem?
– Tudo bem, irmãozinho. Irmão, eu vim aqui porque um amigo meu da rua me disse que vocês estão dando almoço.
– Sim, estamos e se você quiser também pode tomar um banho.
– Eu quero, irmão, eu estou com essa camisa do meu marido há três dias. Agente era vendedor ambulante, aí por causa da pandemia ficamos sem vendas e tivemos que deixar o barraco, porque não temos como pagar e viemos pra rua. Conseguimos uma calçada para dormir ali no Aldeota, mas uma turma passou lá e roubaram nossas coisinhas, levaram todas as minhas roupas.
– Tá certo, qual o seu nome?
– Silvana.
– Silvana, você vai tomar um banho e eu vou pedir a uma irmã para lhe dar uma roupa melhor, depois você e seu marido vão almoçar.
– Graças a Deus que eu vou comer… Eu acabei de vir da praça, estava tentando pegar um almoço, mas como eu não sou dessas áreas a galera não deixou a gente pegar.
– Pois, estamos dando almoço todos os dias aqui, vocês podem vir comer aqui.
– Oh meu Deus! Muito Obrigado! Eu nem acredito que arranjei um lugar pra comer sossegada. Muito Obrigada, irmão.
Conversando com essa mulher, eu percebia no olhar dela o que todos os irmãos que moram na rua desejam: a paz. Eles buscam sossego… O que mais mexeu comigo foi ouvir a oração daquela mulher, agradecendo a Deus pelo alimento providenciado por Ele nesse dia. Recordei de quando nos reunimos em nossas casas comunitárias todos os dias ao meio dia, rezamos a oração a São José e agradecemos a Deus pelo alimento e pedimos ao Senhor que abençoe esses alimentos e providencie para os mais pobres.
Ouvir a oração daquela pobre mulher era para mim um sinal de que Deus escuta nossa súplica, quando pedimos todos os dias pelos seus prediletos, os pobres. O ” muito obrigado” que ela me disse ecoava em mim a Voz de Deus dizendo: Continue.
6° dia de Trabalho
Hoje depois de 15 anos eu descobri os pobres também como a minha alegria
“Há mais Alegria em dar do que em receber”
Reconheço que essa verdade é algo que eu conhecia apenas em teoria, mas que durante esses dias tem se tornado real, encarnado em meu viver. Não existe valor que pague o sorriso de um pobre agradecendo pelo banho tomado com dignidade, pela roupa limpa, pelo alimento, pelas palavras de gentileza ao tratar com eles…
O que tenho vivido eu sei que levarei por toda a minha vida, verdadeiramente os meus irmãos pobres tem me ensinado a deixar de pensar em mim, a sair de mim, esquecer-me de mim para me voltar mais para os outros, sair do centro e deixar Deus ser o centro da minha vida.
Hoje eu recordei como me tornei amigo de Santa Teresa de Calcutá. Eu era ainda adolescente e sempre trouxe no meu coração o desejo de sair viajando pelo mundo fazendo obras de caridade, então um dia eu assisti a um filme na TV aberta, o filme de Madre Teresa, e fiquei impactado, com a ousadia e com a coragem como aquela mulher lidava com os desafios que apareciam, sem medo nenhum.
Eu me perguntava: Onde ela encontrava motivação para continuar? Por que ela está sempre sorrindo? Hoje eu encontrei a resposta desses meus questionamentos: O POBRE. Deus havia confiado os pobres a ela e por isso eles sempre foram o motivo, a razão da alegria e da coragem de Madre Teresa. Hoje depois de 15 anos eu descobri os pobres também como a minha alegria.
5° dia de Trabalho
Eu tive a alegria de vestir Jesus hoje
“Estive nu e me vestistes” (Mt 25, 36a).
Hoje foi um dia especial, foi o dia em que mais distribuímos roupas para os nossos irmãos pobres, muitos apareciam com roupas muito sujas e uns com roupas muito rasgadas… Devolvemos a eles a dignidade quando lhes oferecemos roupas com melhores condições de uso.
– Olá, senhor Raimundo, boa tarde! O senhor deseja tomar um banho?
– Ah! Eu posso?
– Pode sim! Venha que eu lhe mostro onde fica o banheiro. Quer trocar essa roupa suja? Eu tenho uma melhor aqui para lhe dar.
– Eu aceito sim, muito obrigado.
O senhor Raimundo tem 67 anos e contou que resolveu morar na rua porque discute muito com sua irmã e seu cunhado. Segundo ele, é aposentado e seus familiares ficam com todo dinheiro da sua aposentadoria. Sem vez e sem voz dentro de casa, ele escolhe a rua.
– Irmãozinho, será que você teria um chinelo ai para eu calçar?
– Tenho sim. Qual o seu número?
– 42 serve.
– Olha! Eu tenho aqui uma e é exatamente 42 o número.
– Muito obrigado, irmão! Obrigado. s: “Foi a mim que fizestes”. Vestir o senhor Raimundo era vestir o corpo do próprio Cristo despido, suas vestes repartidas entre os soldados e sua túnica sorteada; calçar os pés daquele andarilho era para mim aliviar as dores que Jesus sentiu ao ter seus pés traspassados na cruz.
A pecadora arrependida beijou e ungiu os pés de Jesus com nardo, eu tive a honra de calça-los nos pés daquele pobre hoje; José de Arimateia providenciou que o corpo de Jesus fosse ungido, enrolado em panos de linho fino e sepultado num túmulo novo, dando toda a dignidade, eu tive a alegria de vestir Jesus hoje no senhor Raimundo.
5° dia de Trabalho
Eu tive a alegria de vestir Jesus hoje
“Estive nu e me vestistes” (Mt 25, 36a).
Hoje foi um dia especial, foi o dia em que mais distribuímos roupas para os nossos irmãos pobres, muitos apareciam com roupas muito sujas e uns com roupas muito rasgadas… Devolvemos a eles a dignidade quando lhes oferecemos roupas com melhores condições de uso.
– Olá, senhor Raimundo, boa tarde! O senhor deseja tomar um banho?
– Ah! Eu posso?
– Pode sim! Venha que eu lhe mostro onde fica o banheiro. Quer trocar essa roupa suja? Eu tenho uma melhor aqui para lhe dar.
– Eu aceito sim, muito obrigado.
O senhor Raimundo tem 67 anos e contou que resolveu morar na rua porque discute muito com sua irmã e seu cunhado. Segundo ele, é aposentado e seus familiares ficam com todo dinheiro da sua aposentadoria. Sem vez e sem voz dentro de casa, ele escolhe a rua.
– Irmãozinho, será que você teria um chinelo ai para eu calçar?
– Tenho sim. Qual o seu número?
– 42 serve.
– Olha! Eu tenho aqui uma e é exatamente 42 o número.
– Muito obrigado, irmão! Obrigado.
Meus amigos leitores desse diário, nesses dois casos que lhes relatei: do Sr. Raimundo, que lhe dei roupas novas pra vestir e desse Andarilho que lhe dei um chinelo pra calçar, ressoava dentro de mim as palavras de Jesus: ” Foi a mim que fizestes”
Vestir o sr. Raimundo era vestir o corpo do próprio Cristo, despido, suas vestes repartidas entre os soldados e sua túnica sorteada; Calçar os pés daquele andarilho era para mim aliviar as dores que sentira Jesus ao ter seus pés traspassados na cruz.
4° dia de Trabalho
Hoje eu dormirei muito feliz, pois vi o sorriso de Deus
“Pouco ou nada fizemos, comecemos tudo de novo”.
Essas palavras de Francisco de Assis, ecoaram dentro de mim hoje profundamente, conseguimos aumentar o numero de irmãos pobres atendidos pelo projeto, criamos um novo ponto de apoio na casa São João Paulo II, oferecendo os mesmos serviços: cadastro, distribuição de almoço, banho e orientações de prevenção à Covid-19.
Logo que os pobres daquele bairro souberam desses serviços oferecidos, aproximaram-se da casa e quando percebemos já tinha uma grande fila formada. Iniciamos os serviços e dentro de mim eu pensava: Meu Deus, nós andamos nas ruas dessa cidade e encontramos tantos irmãos morando nas ruas, tudo isso aqui é tão pouco, quantos ainda faltam ser alcançados…
Nesse mesmo momento em que pensava isso vi a alegria no rosto daqueles pobres, alegria por terem tomado um banho hoje; alegria por terem o que comer; alegria por receberem materiais de higiene pessoal, toalhas e até roupas novas; mesmo ainda sendo muito pouco diante das necessidades que encontramos, a alegria daqueles pobres ia sendo para mim um sinal de que Deus estava feliz.
Hoje eu partilhei com uma irmã voluntária que os dias vão passando e vamos conhecendo mais cada um deles, as histórias de cada um e passando pelas ruas lembramos deles e chamamos eles pelo nome e tudo isso vai fazendo parte de nós. Sem que percebamos, começamos a ter o “cheiro do pobre” como o Pastor que tem o cheiro das suas ovelhas.
Hoje também retiramos o primeiro irmão das ruas para uma abrigo provisório, para passar pelo menos esse período de pandemia. Foi uma alegria para todos nós da equipe. Sei que ainda é pouco, mas hoje eu dormirei muito feliz, pois vi o sorriso de Deus no rosto do meu irmão pobre.
3° dia de Trabalho
Eu nunca tinha sentido uma alegria como essa que senti hoje
“[…] Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos? […] Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um desses mais pequeninos foi a mim que fizestes” (Mt 25).
Hoje quero partilhar com vocês a grande graça que vivi: eu alimentei Jesus num pobre. Depois de conversar com um senhor que estava na praça, dei algumas orientações sobre sua saúde e também algumas dicas de higiene, então ele me disse:
– Agora eu estou com fome, porque a doação de almoço atrasou hoje.
Antes mesmo de lhe oferecer o lanche que trazia na mochila, ele me perguntou:
– Tens alguma coisa ai que eu possa comer?
Ressoava dentro de mim como a voz do próprio Cristo me dizendo: Tenho fome. Não hesitei, tirei tudo o que eu tinha de comida na sacola e rapidamente o banco onde estávamos sentados transformou-se em mesa e fizemos ali um banquete.
Eu nunca tinha sentido uma alegria como essa que senti hoje, era uma alegria livre, aquele pobre senhor sorria com tanta alegria… Nunca pensei que uma simples maçã e um pedaço de panetone fosse trazer tanta felicidade… Jesus sorriu pra mim.
Ontem a noite eu ouvi um comentário assim: Sabe por que Madre Teresa impressionou tanto o mundo? Porque ela não só falou de amor, ela amou. É isso que falta no mundo hoje, menos discursos e mais ação, menos palavras e mais atos. Quem tem fome, não espera, precisa ser saciado agora. Precisamos viver o Amor em atos.
2° dia de Trabalho
Hoje os pobres me ensinaram a ser mais grato a Deus
– Quanto tempo faz que o senhor está morando na rua?
– Três anos.
– O que te levou a morar na rua?
– Eu tenho o vício do álcool e para não machucar minha esposa e minha filha eu resolvi morar na rua.
O Senhor com quem eu tive esse diálogo tem 62 anos e, nesse momento, confesso para vocês que as lentes escuras dos meus óculos, esconderam a emoção dos meus olhos, turvos pelas lágrimas. Nesse momento, em que conversava com ele, recordei muito do meu pai, que um dia também foi dependente do álcool, poderia ser o meu pai ali; poderia ser a história da minha família sendo contada daquele mesmo jeito.
Escutar as histórias de vida desses nossos irmãos de rua é muitas vezes nos encontrar com nossa própria história e quando paramos para ouvi-los, dar um alimento, rezar com eles ou somente uma simples troca de olhar, é para nós reconciliação com Deus, com outras pessoas, conosco e com nossa própria história.
– Quantos anos o senhor tem?
– Eu nasci em 1963.
– O senhor tem 57 anos.
– Eu?! Eu tenho 57 anos?! Não é possível, some aí…
– Sim, o senhor tem 57 anos vamos fazer as contas…
– Quanto tempo faz que o senhor está morando na rua?
– Desde os meus 20 anos.
Acreditem, esse outro homem com quem conversei tem mais tempo morando na rua do que o que eu tenho de vida, já está na rua a tanto tempo que nem mesmo ele lembra que já tinha 57 anos de idade. Nesse momento, eu fiquei estático, olhando para aquele homem de cabelos e barba grisalhos e fiquei pensando: Quando eu nasci ele já morava na rua.
Quantas vezes reclamamos de nossa vida, às vezes se algo não sai como desejamos, murmuramos, reclamamos com Deus e ficamos chateados por coisas tão pequenas… Olhar para esse senhor com mais de trinta anos morando na rua, despertou em mim uma postura de louvar mais a Deus por minha vida e por tudo que Deus providencia, até mesmo os momentos difíceis que já passei.
Se estava cansado nesse momento esqueci todo o meu cansaço e por meio do louvor senti Deus restaurando minhas forças. Hoje os pobres me ensinaram a louvar e a ser mais grato a Deus pelo dom da vida.
Por Thácio Romano
Thacio, sua oferta fecunda a nossa casa, fecunda a nossa humanidade!
Sei que a intenção e boa mas no texto tem muito a palavra pobre. Será que precisa enfatizar tanto que são pobres? São pessoas como nos apenas em difículdade…
Obrigado pela Dica Gabriel.