Muito além de um manual sobre como e quando corrigir os filhos
Quando pensamos na família como um dom de Deus, descobrimos que Ele nos propõe que colaboremos ativamente neste projeto, com todas as nossas forças e com todas as nossas capacidades e faculdades.
Sempre é bom recordar que este trabalho de colaboração é a maneira como os seres humanos contribuem para o desenvolvimento de cada pessoa e, por conseguinte, da sociedade. Quando damos o melhor de nós em prol do bem da família, não apenas tornamos as pessoas ou o nosso ambiente melhores, mas também nos realizados e, de certa forma, nos tornamos mais “humanos”.
O trabalho que é preciso levar a cabo na família não pode ser deixado à improvisação, pois é uma atividade constitutiva de todo ser humano. Isso não significa que tudo precisa estar regulamentado, o que é impossível nas realidades humanas, nas quais, além disso, há outros fatores, como a emotividade e a liberdade.
Contudo, nesta tarefa, não podemos nos permitir ser preguiçosos ou indiferentes. Por isso, apresentamos, a seguir, algumas dicas a serem levadas em consideração na hora de educar os filhos, dessa vez especialmente focados em seu crescimento espiritual.
Precisamos ajudá-los a dirigir e fortalecer sua vontade, infundir-lhes um ideal, ativar sua vida interior de filhos de Deus. Não podemos nos preocupar somente com sua saúde física, seu alimento, seu vestuário ou seu crescimento intelectual.
– Ser conscientes de que, muito mais que conselhos e broncas, o ambiente do lar vai modelando a alma dos nossos filhos. Por isso, em casa é preciso respirar paz, intimidade, alegria, otimismo, amor e ternura, praticados cotidianamente e concretizados na oração familiar.
– Precisamos dar exemplo de respeito, solicitude e carinho com os avós, porque isso edifica os filhos e, assim, eles vão aprendendo a reconhecer que o amor não é só um sentimento, mas uma ação praticada todos os dias.
– Demonstrar aos filhos que nossas metas temporais caminham ao lado da meta que transcende: a vida eterna. As coisas criadas, saúde, doença, riqueza, pobreza, trabalho, descanso, estudos, profissão etc., são apenas degraus para subir até Deus. E precisamos viver em coerência com isso.
– Tenhamos sempre como recurso formativo livros e revistas que nos mostram os heróis da religião: os santos. Podemos fazer isso de maneira muito amena, organizando a leitura em família.
– É preciso ensiná-los a ter firmes convicções, para que contem com ferramentas que os ajudem a enfrentar os desafios e tentações que a vida apresenta.
– Ajudemos os filhos a desenvolver sua personalidade, colocando-lhes limites e propiciando que sejam mais autônomos a cada dia.
– A educação deve ser personalizada, adaptando-se a cada filho e aos diversos períodos de sua vida evolutiva. É uma obra de artesanato fino, na qual se plasmam os traços diferenciais, peculiares de cada um, e mais ainda se levamos em consideração que Deus lhes deu uma individualidade específica, e que eles terão de descobrir sua vocação particular.
– Formar neles uma consciência reta, para que seja capaz de direcionar sua vida moral.
– Considerar os filhos sobretudo como criaturas de Deus, como tesouros de imenso valor confiados temporalmente por Ele a nós. Prestaremos contas do seu aperfeiçoamento e contribuição para o serviço de Deus, da Igreja, da família, da sociedade.
– Diante da beleza desta missão, podemos nos colocar frequentemente nas mãos de Deus, para que Ele nos dê luz e para que saibamos fazer as coisas de acordo com a sua vontade. Isso implica que a oração em família e a oração dos esposos tem de incluir também a petição serena de ajuda no dia a dia e, certamente, nos casos em que a vida se complica.
– Demos testemunho de uma relação de amizade com Cristo, espontânea e alegre, porque Deus é, antes de tudo, Amor Misericordioso. Se os pais vivem assim, os filhos vão querer se aproximar do Senhor.
– Estejamos, como pais, muito seguros de que, com o esforço da nossa parte e as graças que Deus nos dá, o que estamos formando em nossos filhos é a alma de um futuro santo.