Institucional

Dimas: o ladrão da misericórdia

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Sempre fiquei incomodada com comentários tipo “não me arrependo de nada do que fiz”, ou “não mudaria nada na minha vida” ou “só me arrependo do que não fiz”. Sempre me questionei sobre a veracidade dessas frases e o orgulho que se esconde nas entrelinhas. Teve um cara, que no fim da vida, nas suas últimas horas, olhou para o lado e disse: “lembra-te de mim quando entrares no teu paraíso”. São Dimas ou o Bom Ladrão, como é conhecido, arrependeu-se de seus crimes e pôde ouvir do Filho de Deus: “hoje estarás comigo no paraíso”.

Nós não conhecemos detalhadamente a vida de Dimas. Sabemos apenas que ele era um malfeitor, ladrão. Crucificado ao lado de Cristo, ele ouvia junto a Jesus as blasfêmias dos soldados e do outro ladrão que estava sofrendo a mesma punição com ele. Diante das injúrias sofridas por Jesus, Dimas reconhece suas fraquezas, seus pecados, o seu passado. “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram nossos crimes, mas este não fez mal algum”. O outro ladrão, da mesma forma que Dimas, podia também desfrutar da certeza do céu, mas optou por abraçar o seu pecado. Quantas vezes nós perdemos a graça de ter o Céu por causa do nosso orgulho ou por não confiar na misericórdia?

Jesus aguardou Dimas. Aguardou seu arrependimento, aguardou sua conversão, aguardou até o fim. Dimas não teve medo de reconhecer quem ele era, quem ele foi, o que fez de errado e como recompensa foi alcançado e lavado pela misericórdia de Deus. Foi julgado pelo Único que tinha o direito de julgá-lo, porque a Sua justiça é a misericórdia.

Preocupo-me diante das situações de violência e sensação de impotência a sociedade querer fazer justiça com as próprias mãos. A velha frase “bandido bom é bandido morto” não entrou no vocabulário de Cristo, pelo contrário, foi a certeza do Céu que o bom ladrão pôde ter.

Outro exemplo de conversão que impressiona e volta o nosso olhar para a misericórdia é a do Servo de Deus Jacques Fesch. Jacques foi preso por assassinar um policial, e dentro da prisão teve uma forte experiência com o amor e a misericórdia de Deus. Jacques foi condenado a guilhotina por causa de seu crime, mas durante o aguardo de sua execução, teve sua vida transformada e hoje, com o seu processo de beatificação concluído, aguarda-se um milagre alcançado por sua intercessão para que possa tornar-se santo.

Em ambos os casos houve a graça de um profundo arrependimento, do reconhecimento de suas fraquezas e a confiança plena na misericórdia e no amor de Deus. Que pela intercessão de São Dimas, não tenhamos medo de enfrentar nossas misérias, de ver o que em nós é mau e confiar a Deus as nossas limitações, para que assim, da mesma forma que Dimas, possamos no fim da nossa vida, ter a certeza do Céu.

Mayara Raulino


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