Nasci em Fortaleza, em uma família na qual meus pais e parentes me transmitiram o dom da fé. Estudei em uma escola católica, e lá fiz a preparação para a Primeira Comunhão e a Crisma. Foram momentos de grande graça, onde o próprio Deus já abrasava o meu coração com o seu amor e começava a me atrair sempre mais.
‘E se Deus me chamar a ser padre?’
Mesmo diante desse contexto, acreditava que Deus ainda era distante de mim, não imaginava que Ele me conhecesse ou me amasse tão profundamente como eu ouvia dizer. Tudo mudou quando em julho de 2008, fui convidado para participar de um Acampamento de Jovens promovido pela Comunidade Católica Shalom. Nos primeiros dias desse evento, confesso que surgia no meu coração um grande medo. Eu escutava as pessoas falando de Deus e vivia as orações junto com outros jovens, mas, no fundo do coração, o medo persistia pois pensava que Deus queria me tirar algo. Já me sentia feliz. Mas se Deus me chamasse para deixar tudo para talvez ser padre? Deus era para mim, de certa forma, uma “ameaça”.
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Porém, no final daquela semana, mais precisamente no dia 17 por volta das 16h30, em um momento de adoração, senti-me amado de uma forma nunca experimentada antes, com um amor forte, vivo e que me aceita como sou. Era uma experiência transformadora. Finalmente encontrei aquele Amor do qual escutei tanto falar!
Diante daquela Doce Presença, o que parecia ser uma ameaça transformou-se em uma relação de amizade, uma relação de amor, uma relação esponsal. Engajei-me em um grupo de oração do Projeto Juventude para Jesus (PJJ), no Shalom da Paz. Depois de alguns meses, estar somente no grupo de oração parecia pouco, pois Deus queria me dar mais. Comecei então a servir a outros jovens por meio do ministério. Mas isso também parecia ainda pouco.
Despertar vocacional
A escolha pela oração foi, sem sombra de dúvidas, algo fundamental na, minha história. Lembro-me que fiz um “pacto” com Deus: iria acordar todos os dias de manhã cedo para rezar. Deus era “o mais interessado” nisto. Sem a sua graça eu certamente não teria sido fiel! À medida que essa amizade crescia, fui descobrindo que Deus me chamava a deixar meus planos pessoais e abraçar a vida missionária. Não foi fácil, mas foi um intenso período de Cruz e Ressurreição em minha vida e na minha família.
Durante o período do postulantado e do discipulado, graças à doação diária na missão e à vida de oração, senti-me chamado ao celibato, consagrando meu corpo e minha vida ao Senhor em favor da humanidade. Dar tudo a Ele era, de certo modo, uma necessidade minha, um desejo profundo. Também nesse período pude, pela primeira vez acolitar, aproximando-se do Altar. Lembro-me que participar da Santa Missa pertinho do altar, vendo cada gesto do sacerdote e sobretudo contemplar a Santa Eucaristia tão de perto tocaram-me profundamente.
Após os meus primeiros votos, percebi assim que Deus queria me dar um outro presente: Ele me chamava a ser sacerdote para levar o seu Amor a todos e para viver a Sua Vida com todos os seus desafios e graças. Tornou-se claro para mim que dentre os celibatários, Deus chama alguns ao sacerdócio. Hoje é até engraçado lembrar do medo que existia em mim: “e se Ele me chamar a ser padre?”. Que maravilha poder contemplar o Amor de Deus em cada instante da minha história e descobrir que Ele não nos tira nada, mas dá tudo! Ele não nos engana, mas nos seduz e nos apaixona até o ponto em que somos nós a querer dar tudo a Ele!
Nas suas mãos desejo abandonar-me, ofertando a minha vida, mesmo imperfeita e com tantos limites, em favor de todos os povos. Creio que, graças ao Senhor, não serei mais o mesmo, e a gratidão pelo seu sustento ao longo desses anos me faz desejar esperar somente nEle. Por isso, com alegria quero te responder, Senhor: “Eis que venho, com prazer, fazer a vossa vontade” (Sl 39).
Durante o diaconato, Deus foi me surpreendendo a cada instante com a alegria de servir o povo de Deus por meio de alguns sacramentos. A experiência da adoração eucarística e a proximidade com o Corpo e Sangue de Cristo foram me sustentando e dando sentido à missão de cada dia.
Quando tento pensar no sacerdócio, ainda não consigo imaginar como será viver este enorme mistério de Amor que nos ultrapassa em tudo. A certeza do chamado e da fidelidade de Deus faz desaparecer todo medo e no coração surge o desejo de levar Jesus, sua Misericórdia e o seu Amor, a todos, por meio dos sacramentos e da Sua Presença viva!
Victor Macêdo Hernández
Diácono Transitório em preparação para Ordenação Presbiteral
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Serviço
Ordenação Presbiteral da Arquidiocese de Fortaleza/CE
Data: Sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Local: Catedral Metropolitana de Fortaleza/CE
Horário: 19h
Primeira Missa do Pe. Victor Hernández
Lema sacerdotal: “Jesus fixou nele o olhar, amou-o”, Mc 10,2.
Pe. Victor Macêdo Hernández, CCSh
Shalom da Paz. Rua Maria Tomásia, 72.
Aldeota – Fortaleza – CE
Dia 01/09/24 – 18h
