Institucional

A dor se transformou em amor

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Experiência com Deus… Evangelização… Namoro cristão… Algum pedido que você fez a Deus e Ele te atendeu… Vocação… Experiência com os santos, com a Igreja… O comshalom.org quer saber qual é a sua história com Deus?
Todos os dias, publicamos um testemunho novo na home. O de hoje é de Gleydiane Lima.

Quer ter a sua história publicada aqui? Envie texto e foto para  redacao@comshalom.org e evangelize conosco.

Confira:

7_GLEYDIANEMinha vida não foi das mais fáceis, mas qual a vida que é? Desde pequena, ouvia minha mãe cantar músicas cristãs e ia à Igreja aos domingos, mas não entendia bem.

Dentro de minha casa era tudo tão conturbado! Meu pai bebia muito nos fins de semana e chegava em casa quebrando tudo e batendo na minha mãe. Logo minha mãe, que sempre deu a vida por nós e que amava o meu pai… Eu não conseguia entender o porquê disso tudo e já surgia em mim um rancor imenso pelo meu pai. Até aquele momento, o rancor era controlado, pois se contrapunha a quando ele não estava alcoolizado. Ele era um bom pai, engraçado e brincalhão, mas que se transformava em um monstro, um homem que eu não mais conhecia quando bebia. Por muitas vezes, eu e os meus irmãos tentávamos defender a minha mãe das surras dele, mas era em vão, pois nós éramos fracos e pequenos demais para tamanha força. Ele já não era mais o meu pai, mas eu ainda o amava.

Certo dia, tudo mudou. Minha mãe tinha ido trabalhar, ela trabalhava à noite e só chegava de madrugada. Era um final de semana. Como de costume, meu pai tinha ido beber e eu ficava apreensiva porque, mais que raiva, eu tinha medo do que ele poderia fazer. Mas nesse dia ele foi além… Chegou em casa, foi até onde eu estava dormindo e, chegando junto a mim, pediu-me que tirasse a roupa. Isso mesmo, que eu me despisse ali na frente dele. Logo ao ouvir esse pedido asqueroso vindo do meu próprio pai, não soube o que fazer. No primeiro momento, minha reação foi gritar. Gritei e saí correndo pelo quintal em direção à casa de minha avó, que morava no nosso quintal, e pedi para ela abrir a porta. Corri para seus braços e chorei, chorei como nunca tinha chorado. Não estava acreditando que aquilo tinha acontecido comigo. Meu pai, meu próprio pai fez aquilo!

O rancor que eu sentia só de quando ele estava alcoolizado, transformou-se em ódio, em aversão ao meu pai. Minha mãe não acreditou, isso me doeu, pois ela era quem detinha o poder de me proteger. Mas já passou… Depois, por outros motivos ou por esse, eu não sei, eles se separaram. Para mim, isso foi uma alegria, pois não o suportava mais, não conseguia mais conviver com aquele que tanto me fez mal.

A ferida continuou aberta em meu coração e isso foi gerando mais e mais problemas para minha vida. Logo, não via mais o homem como um ser criado por Deus, mas como um ser asqueroso que me dava nojo, um ser com quem eu seria incapaz de me relacionar ou amar.

Depois de muito tempo, mudei de bairro. Essa ferida estava apenas adormecida, não sarada. Conheci uma menina, ficamos muito amigas. Ela era meiga, simpática, atenciosa. E aquela ferida, mas que dor ela tinha me trazido! Com o sentimento de que “Eu estou só, ninguém é por mim!”, o inimigo logo tratou de confundir meus sentimentos por ela e eu já estava “amando” ela, assim como uma mulher ama um homem. Acabamos nos relacionando por um período de um ano e meio, foi o suficiente pra que eu sofresse mais uma vez, um relacionamento fora de tudo aquilo que Deus queria. Eu tinha medo de fazer minha mãe sofrer, mesmo já a fazendo sofrer, pois eu era rebelde e não a escutava. Aquilo que mais me doía só aumentava e só se acumulava dentro de mim. Foi quando nós terminamos e eu desabei mais uma vez. Caí no mundo para tentar preencher um vazio que até então achava que era um vazio que ela tinha deixado, mas não, era um vazio que eu já trazia de muito tempo.

Eu vivia em praças à procura da minha “felicidade”, à procura de algo que me completasse, de algo que me fizesse feliz, de algo que ocupasse o espaço aberto do meu coração. Diante disso, existia um outro lado que sofria ainda mais, exatamente o lado que eu não queria que sofresse, que era a única coisa que me restava: minha mãe. Por eu ser a única filha mulher, ela depositava em mim todas as suas esperanças. Ela esperava que eu fosse tudo aquilo que ela não pôde ser um dia. No entanto, eu só lhe dava desgosto e preocupação. Logo quando a alegria de ser do mundo passava, quando eu chegava em casa e deitava na minha cama, voltava à minha realidade. O meu mundo mais uma vez caía, eu chorava e clamava por ajuda. Mesmo sem perceber, eu já pedia socorro para a única pessoa que poderia verdadeiramente me ajudar: Deus.

Eu me sentia suja e incapaz de ser amada por alguém, pois minha vida já não fazia mais sentindo e o mundo me dizia que eu teria que ser assim, que eu teria que me assumir, que eu teria que aceitar, que teria que me deixar levar por ele sem questionar, sem pedir ajuda! Como se eu fosse um nada, que não valia de coisa alguma a ninguém! Mas algo em mim não queria aceitar tudo isso, algo em mim queria a mudança, queria gritar e dizer que eu não ia mais viver daquela forma, que eu não queria mais sofrer, que existia um Deus que realmente me amava, que Ele não me tinha trazido a esse mundo para sofrer.

Nessa época, entrei no Ensino Médio. Continuava com a mesma vida, mas algo em mim já não queria ser do mesmo modo. Foi quando reencontrei alguém que eu tinha conhecido lá atrás, nessas festas da vida. Mesmo nessas “festas”, Deus já tinha traçado um plano para nós, e quando a reencontrei, começamos a estudar juntas e, assim, tornamo-nos mais próximas. Ela havia entrado em uma comunidade católica, logo, já não era a mesma menina que conheci em uma festa, ela tinha algo diferente. Tinha algo belo em seu olhar, carregava consigo algo bom, carregava consigo Deus. Isso me deixou muito feliz, nasceu em mim a esperança, porque eu não estava mais perdida, mas eu via nela a mudança que eu queria também pra mim.

Tornamo-nos como irmãs, e por meio dela eu conheci a Deus: que não é só um “preenchedor” de espaços, não só o detentor de uma alegria que não existia em mim, mas sim o meu primeiro amor! O meu sustento, o meu Jesus lindo! Através dessa amiga, eu conheci Deus, conheci a minha Comunidade, a minha segunda família, família essa que Deus já guardava para mim. Ele só estava preparando uma outra pessoa pra que por meio dela eu pudesse conhecer a todo esse céu na terra que ele me preparou.

Desde então, tenho vivido uma amizade com Deus. Dentro de minhas limitações, tenho buscado-O mais, diariamente. Ele tem sido fiel para comigo e dentro desse período tenho passado por tribulações, sim, mas hoje eu não vejo como um castigo ou algo desse tipo. Vejo como a minha cruz que eu carrego e carregarei até alcançar o céu.

É isso. Ah! O meu pai ? Eu o amo, porque amar não é um sentimento, é uma decisão! Eu decidi amá-lo, aceitá-lo como ele é. Decidi interceder pela vida dele e tentar, nem que seja com o mínimo, levar o pouco que conheço de Deus para ele. Estou curada do que ele me fez? Posso dizer que a dor se transformou em amor, porque assim como Deus me ama de uma tal maneira, eu não posso ser indiferente para com meu próximo e, principalmente, para com o meu pai, aquele homem que Deus escolheu para mim. Em tudo o que eu vivi, Deus estava comigo, em todos os momentos. Ele chorava quando eu chorava, Ele sentia quando algo em mim doía. Ele é que me fazia adormecer após uma noite inteira de lágrimas. É isso! E depois de tudo o que vivi e de tudo o que Deus fez, eu não saberia dizer outra coisas a não ser: “Obrigada! Obrigada, Deus!”.

Tudo o que aconteceu de bom depois disso foi consequência e carinho de Deus para com a minha vida. Hoje eu me orgulho em dizer “Sou jovem, sou de Deus, sou Shalom!”.

A minha história é aquilo que eu sempre acreditei que seria pro resto da vida, porque o mundo me dizia que seria assim, mas eu não aceitei ter minha alma comprada pelo encardido e ser manchada pelo pecado sem condição de perdão. Eu não aceitei e busquei forças onde eu achei que já não poderia encontrar, onde eu achei ser indigna de ajuda. Mas Deus, que me fez, esteve ao meu lado, em todo o tempo, e logo quando clamei e me arrastei aos seu pés, Ele me olhou com olhos de misericórdia e fez do meu passado uma página lançada no mar do esquecimento.

Peço a oração de vocês, de todo o meu coração, pela minha vida e pelo chamado de Deus para mim.

Shalom.

Gleydiane Lima


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