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É bom fazer promessas?

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As pessoas perguntam: O que a Igreja diz sobre as promessas? AIgreja as aprova quando realizadas adequadamente. Os santos faziampromessas. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que: “Em váriascircunstâncias o cristão é convidado a fazer promessas a Deus… Pordevoção pessoal o cristão pode também prometer a Deus este ou aqueleato, oração, esmola, peregrinação, etc. A fidelidade às promessasfeitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divinae do amor para com o Deus fiel” (CIC § 2101).

Há passagens bíblicas que contêm promessas. Jacó faz umapromessa a Deus: “Jacó fez então este voto: “Se Deus for comigo, se eleme guardar durante esta viagem que empreendi, e me der pão para comer eroupa para vestir, e me fizer voltar em paz casa paterna, então oSenhor será o meu Deus. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma casade Deus, e pagarei o dízimo de tudo o que me derdes” (Gn 28,20-22).

Ana, a mãe do profeta Samuel, fez um voto: “E fez um voto,dizendo: Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição devossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossaescrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durantetodos os dias de sua vida, e a navalha não passará pela sua cabeça”(1Sm 1,11).

Alguns salmos exprimem os votos ou as promessas dos orantes de Israel (Sl 65, 66, 116; Jn 2,3-9).

“Se oferecerdes ao Senhor alguma oferenda de combustão,holocausto ou sacrifício, em cumprimento de um voto especial ou comooferta espontânea…” (Nm 15,3).

“Se uma mulher fizer um voto ao Senhor ou se impuser umaobrigação na casa de seu pai, durante a sua juventude, os seus votosserão válidos, sejam eles quais forem. Se o pai tiver conhecimento dovoto ou da obrigação que se impôs a si mesma será válida. Mas, se o paios desaprovar, no dia em que deles tiver conhecimento, todos os seusvotos… ficarão sem valor algum. O Senhor perdoar-lhe-á, porque seupai se opôs” (Nm 30,4-6).

No entanto, havia a séria recomendação para que se cumprisseo voto ou a promessa feita. “Mais vale não fazer voto, que prometer enão ser fiel à promessa” (Ecl 5,4). São Paulo quis submeter-se àsobrigações do voto do nazireato: “Paulo permaneceu ali (em Corinto)ainda algum tempo. Depois se despediu dos irmãos e navegou para a Síriae com ele Priscila e Áquila. Antes, porém, cortara o cabelo em Cêncris,porque terminara um voto” (At 18,18).

“Disseram os judeus a Paulo: “Temos aqui quatro homens quefizeram um voto… Purificar-te com eles, e encarrega-te das despesaspara que possam mandar rapar a cabeça. Assim todos saberão que sãofalsas as notícias a teu respeito, e que te comportas como observanteda Lei” (At 21, 23s).

É certo que as promessas não obrigam Deus a nos dar o que Elenão quer dar, pois sabe o que é melhor para nós, mas estas podem obterdo Senhor, muitas vezes através da intercessão dos santos, graças deque necessitamos. Jesus mandou pedir e com insistência.

As promessas nada têm de mágico ou de mecânico, nem podem serum “comércio” com Deus; pois não se destinam a “dobrar a vontade doSenhor. Às vezes os fiéis prometem até coisas que não conseguemcumprir por falta de condições físicas, psíquicas ou financeiras, eficam com medo de um castigo de Deus Pai. Pior ainda quando alguém fazuma promessa para que outro a cumpra, sem o seu consentimento. Os paisnão devem fazer promessas para os filhos cumprirem.

Ao determinar que nos daria as graças necessárias nesta vida,o Todo-poderoso quis incluir no Seu desígnio a nossa colaboraçãomediante a oração, o sacrifício, a caridade, etc. Deus quer dar levandoem conta as orações que Lhe fazemos. Sob esta ótica, as promessas têmvalor para Deus e para nós orantes, pois alimentam em nós o fervor;estimulam nossa devoção; exercitam em nosso coração o amor a Deus; eisso é valioso. Uma promessa bem feita pode nos abrir mais àmisericórdia do Senhor.

Quando não se puder cumprir uma promessa feita a Deus, procure um sacerdote e peça-lhe que troque a matéria da promessa.Essa solução está de acordo com os textos bíblicos que preveem apossibilidade da mudança dos votos (ou promessas) por parte dossacerdotes: “Se aquele que fizer um voto não puder pagar a avaliação,apresentará a pessoa diante do sacerdote e este fixá-la-á; o valor seráfixado pelo sacerdote de acordo com os meios de quem fizer voto” (Lv27, 8; cf. Lv 27,13s.18.23).

Procure prometer práticas não somente razoáveis, mas tambémúteis à santificação do próprio sujeito ou ao bem do próximo. Quantoaos ex-votos (cabeças, braços, pernas… de cera), que se oferecem emdeterminados santuários, diz Dom Estevão Bettencout que “podem ter seusignificado, pois contribuem para testemunhar a misericórdia de Deusderramada sobre as pessoas agraciadas; assim levarão o povo de Deus aglorificar o Senhor; mas é preciso que as pessoas agraciadas saibam porque oferecem tais objetos de cera, e não o façam por rotina ou demaneira inconsciente” (PR, Nº 262 – Ano 1982 – Pág. 202).

Entre as melhores promessas estão as três clássicas que o próprio Jesus propôs: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-18).A Santa Missa é o centro e o alimento por excelência da vida cristã. Aesmola "encobre uma multidão dos pecados” (cf. 1Pd 4,8; Tg 5,20; Pr10,12); o jejum e a mortificação purificam e libertam das paixões o serhumano. Jesus disse que certos males só podem ser eliminados pelo jejume pela oração.

Se a prática das promessas levar o cristão ao exercício dessasboas obras, então é salutar. As promessas nada têm a ver com as“obrigações” dos cultos afro-brasileiros, mas são expressões do amorfilial dos cristãos a Deus.


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