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É possível ter rotina familiar em meio a pandemia?

Para Carol o último ano foi desafiante, mas sustentada pela graça de Deus a família conseguiu se organizar diante das mudanças.

comshalom

Já se passou mais de um ano desde o início da pandemia e com ela muitas mudanças na nossa rotina. Como será que está a rotina de uma família com três crianças em um período de creches e escolas fechadas?

Hoje vamos ler o testemunho da Ana Carolina, casada, mãe de três filhos, missionária da Comunidade Católica Shalom, empresária que, em meio a tantas mudanças e desafios que surgiram no último ano, buscou em Deus sabedoria para conciliar os afazeres domésticos, cuidado com as crianças, vida comunitária e profissional.

”Antes da pandemia era uma rotina normal e tínhamos os desafios normais de um casal com três filhos: Samuel, Cecília e o Benjamim. Na parte da manhã o nosso tempo era dividido entre as atividades escolares, brincadeiras e alguns afazeres da casa. A tarde as crianças iam para a escola e enquanto isso eu e meu esposo trabalhávamos. A noite íamos para nossas atividades cotidianas no Shalom.

Agora as atividades se dividem entre brincadeiras, aulas em casa e online, trabalhos na confeitaria. Para aliviar um pouco a agitação das crianças nós aproveitamos que as ruas estão mais vazias e sem tantos carros e sempre tiramos um tempinho para passearmos e andar de bicicleta na rua. Isso ajuda a gastar um pouco da energia deles.

Meu horário de oração era sempre a noite, após as crianças irem dormir. Hoje em dia, mesmo sendo desafiador,  aprendi com a Dona Cartola a importância de fazer o Estudo Bíblico junto com as crianças e costumo introduzi-los  no meu Estudo Bíblico. Nos dias em que eles fazem outras atividades continuo fazendo a noite, eles tem gostado bastante. 

Logo no início foi muito estressante, todas as vezes que íamos sair de casa era uma loucura paras manter as crianças higienizadas e distante das outras pessoas. Fora isso, uma das nossas maiores preocupações era com as finanças. Eu e meu esposo somos autônomos. O meu esposo tinha acabado de fazer uma transição no trabalho. Antes ele só trabalhava com vidraçaria e tinha acabado de implantar o serviço de marcenaria também e eu trabalhava com confeitaria. Era tudo incerto em relação ao mercado de trabalho. Não sabíamos como seria a economia das pessoas, nossos possíveis clientes. Nos meses seguintes todas as festas foram canceladas.

Passado um tempo desde o início da pandemia tive a oportunidade de aprender a fazer pães artesanais, então comecei a fabricar e divulgar nas redes sociais. Graças a Deus as vendas foram crescendo, a procura de pequenos bolos foram aumentando. As famílias adaptaram as grandes comemorações por HomeFast, pequenas festas familiares. Eu fui adaptando minha rotina com bastante encomendas na produção de bolo e pães artesanais com a rotina, bem exigente, de cuidar e dar atenção as três crianças. Com o passar do tempo a rotina foi ficando desafiadora, conciliar trabalho, casa, família, aulas online e vida comunitária foi se tornando um grande desafio. Foi necessário eu começar a diminuir um pouco o meu ritmo de trabalho, para acompanhar melhor as crianças, enquanto o marido focava ainda mais no trabalho de marcenaria e vidraçaria.

Graças a providência divina, a pandemia para nós foi um período de muitas bênçãos, no âmbito financeiro, não que tenhamos regalias, ou excessos, mas nunca nos faltou nada, e ainda conseguimos fazer algumas doações.

No início deste ano, uma outra inquietação ocupou meu coração, a respeito da educação das crianças, já que as aulas presenciais não voltavam, e eles estão na fase de alfabetização. Considero ser muito nocivo para o aprendizado deles essa lacuna aberta nesta fase da vida. Rezando, discernimos, em família, optar pelo homeschooling. A crianças continuam matriculados na rede pública de ensino, e fazem aulas particulares três vezes por semana, com uma professora particular, mas o homeschooling tem sido fundamental. Optamos por um material totalmente católico que acaba sendo também uma bela catequese para eles. Eles amaram o sistema de ensino, onde eu (mãe), paro e dedico atenção total a eles. Já conseguimos ver traços de melhora no aprendizado, e boa parte deste bom desenvolvimento se deu pela ajuda da professora particular, que os ajuda muito, muito mesmo. Mas enfim, é desafiador, tem dias que quero chorar de cansaço. Já cheguei a ir dormir às 2h:00min da manhã em função de preparar material para dar aula a eles, mas acredito que esse sacrifício valha a pena, fixo na certeza que colheremos os frutos dessa oferta.

Outra mudança que aconteceu em nossa casa, foi desligamento das TVs. Percebi que por ficarem muito tempo em casa, acabaram ficando tempo demasiado na frente da TV, um tempo precioso e desperdiçado. Isso começou a afetá-los nas áreas da inquietação e falta de concentração. Como moro num sobrado, e no terceiro andar, percebi que essa agitação estava começando a afetar até mesmo a segurança deles. Depois que as tvs foram desligadas e deram espaço aos livros, o meu filho mais velho (Samuel, 9 anos) leu 3 livros num espaço de aproximadamente 1 mês e meio. E antes ele tinha aversão à leitura. Percebi que as crianças tomaram paixão pela leitura. A partir de então assistimos TV somente em dias combinados, aproveitamos para fazer deste momento um momento em família.

Mais de um ano depois do início da pandemia tudo continua muito desafiador, mas vamos vivendo um dia de cada vez. Cada dia à sua novidade, e descobertas. Voltando os olhos à Aquele que nos sustenta, seguimos em frente. Apesar de sermos já membros consagrados da comunidade Shalom, nunca foi tão urgente para nós, introduzir os nossos filhos na vida de oração. Reforçando a catequese familiar, e às vezes fazemos o estudo bíblico juntos. Como citado antes, tivemos ajuda da Dona Cartola, para introduzir o Estudo Bíblico na vida das crianças.

Mas buscar o céu, a eternidade, tornou para mim a maior necessidade da minha vida e da minha família. Quero meus filhos santos, senão de nada terá adiantado toda essa “loucura”. Sei que ainda estamos longe da perfeição, e acredito piamente que nunca chegaremos nela, mas confiante na misericórdia de Deus, sigo em busca da eternidade.”

Ana Carolina Viana Coelho


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