Formação

Edificar o corpo de Cristo na unidade

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O QUE É UNIDADE:

“Exorto-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, a andardes de modo digno da vocação que fostes chamados: com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor, procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” ( Ef 4,1-6).

O homem foi criado por Deus por amor e para o amor, isto é, o homem tem a vocação para a comunhão com Deus e com os irmãos, por isso São Paulo exorta-nos a andarmos de modo digno da nossa vocação para o amor. O homem deve agir com todo o empenho para a construção da unidade e abdicar de todos as atitudes que a ferem.

São João disse que “nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” ( 1 Jo 3,14). Esta palavra de São João nos revela que a divisão entre os irmãos causa a morte dos homens, porque vivermos a vida centralizados, fechados em nós mesmos, nos afasta de Deus e dos irmãos. Viver a vida longe de Deus, indiferente a Deus é optar pela morte porque só em Deus temos a vida verdadeira. Amando é que os homens se realizam plenamente, tornam-se cada vez mais humanos.

A unidade significa a vida de comunhão com Deus e com os irmãos, para isso é necessário todos tenham um só coração, uma só alma, uma só fé, um só batismo, um só Senhor que é Pai de todos, um só pensamento, um só sentimento, uma só missão, uma só mentalidade…

A unidade não implica que todos os homens sejam iguais, aliás, se assim fosse, isto não seria unidade. A unidade brota exatamente das diferenças que existem entre os homens, pois elas promovem as necessidades, quer dizer, cada um necessita daquilo que não tem em si, mas que encontra no outro. É exatamente a diversidade de talentos que atrai os homens entre si e entre Deus.

Nós não nos bastamos, nós precisamos dos irmãos, sem as suas capacidades, os seus talentos, os seus dons seríamos profundamente pobres. Somente nos completamos inteiramente quando nos unimos entre nós e entre Deus. O que não temos, mas necessitamos encontramos exatamente nos outros. As nossas carências fomentam a nossa saída de nós mesmos para os outros.

A unidade não acontece somente pelo fato de estarmos juntos fisicamente, porque a unidade não é algo exterior a nós, mas acontece dentro do nosso coração. São as coisas que procedem dos nossos corações que se manifestam exteriormente. Podemos estar distantes uns dos outros, mas podemos ter um só coração, uma só alma, uma só fé, um só batismo, uma só missão, uma só mentalidade, um só sentimento, um só Senhor que é pai de todos.

“Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).

“Por essas palavras, o Senhor nos deixa claro que o mundo só vai crer nEle, se dermos testemunho da unidade. Se a Igreja, em todo o lugar em que estiver presente, não der ao mundo o testemunho do amor e da unidade, não será capaz de convencer as pessoas de que Jesus é o Senhor e o Salvador que o Pai nos enviou. Uma igreja dividida por lutas interiores, conflitos pessoais, ciúmes, desavenças, etc., não tem o poder e a graça para evangelizar como o Senhor quer.

Jesus mostra enorme preocupação com a unidade como a coisa mais importante para a sua Igreja e sem a qual tudo seria impossível. Afirmou aos discípulos: “Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (Jo 15,12). E conclui de modo enfático: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). A lição é claríssima: a nossa identidade cristã é a unidade e o amor. Sem isso não adianta fazermos encontros, palestras, cursos, aprofundamentos, etc.

Os homens precisam reconhecer que só poderão edificar o Corpo de Cristo através da unidade e que, podem correr o risco de não edificá-lo com atitudes que geram a divisão entre eles, são elas: o orgulho, o egoísmo, a competição, a indiferença, as palavras e críticas maldosas, os julgamentos vãos, a ira, a mágoa, a dominação, a inveja, o ciúme, fofocas.

O homem precisa optar e assim contribuir positivamente com atitudes que, com certeza, construirão a unidade entre os homens e entre os homens e Deus, são elas: humildade, perdão, diálogo, doação, renúncia, mansidão, abertura ao amor, compromisso com Deus e os irmãos, docilidade à ação do Espírito Santo, reconhecimento que não pode viver sozinho e que precisa de Deus e dos irmãos, amabilidade, generosidade…

Todas estas atitudes que constróem a unidade são maiores do que nós mesmos. Somente com as nossas forças não conseguiremos exercitar nenhuma sequer, porque somos fracos e as concupiscências, que habitam em nós, nos arrastam para o lado contrário do amor. Porém, tudo é possível para Deus e se é possível para Ele será também possível para nós, porque o Senhor derramou dentro dos nossos corações, através do Espírito Santo, o mesmo amor com o qual ele ama.

A nossa gratidão ao amor de Deus por nós nos impulsiona a amar. Não podemos deixar passar “a hora da graça”, que nos impulsiona a unidade através do amor. Construir a unidade como uma decisão irrevogável do nosso coração é a chance que temos de provar nosso amor a Deus, o nosso sim a Deus como fez Jesus, Maria e todos os santos.

Quando agimos em favor da construção da unidade, em vez de ser algo, que aos nossos olhos parece nos rebaixar, nos anular, perder espaço perante os outros, experimentamos os frutos bons que procedem da dela e teremos a certeza que a unidade é aquilo que o nosso ser deseja tanto, porque encontramos segurança, alegria e paz. Viver para o outro é a felicidade da nossa vida porque nos realiza plenamente e estaremos “andando do modo digno da vocação que fomos chamados para o amor”.

Precisamos eleger a paz nas nossas vidas, porque por ela conservamos a unidade. Não basta construirmos a unidade, é necessário também conservá-la depois que a conquistamos, porque podemos perdê-la.

“Quando você mistura um pouco de feijão com um pouco de milho, ambos se juntam, mas não se unem e, por isso, é fácil separá-los. Mas, quando põe no mesmo copo um pouco de café e um pouco de leite, eles se unem. Sumiram o café e o leite, e surgiu da unidade um outro produto: o café com leite. Note bem: desapareceu o leite e desapareceu o café, por isso houve a unidade de ambos. Não há unidade profunda e estável sem a renúncia total de nós mesmos. E, sem a unidade, o mundo não vai acreditar em nós e não se converterá ao Senhor”.

(Texto retirado do Livro Em Busca da Perfeição do Prof. Felipe Aquino, págs.94 a 96, Editora Cléofas, 3ª Edição, Lorena, São Paulo).


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