Como boa parte dos brasileiros, cresci em uma família de origem católica, em que se rezava o terço na casa da avó e se frequentava a Missa aos domingos, mas, apesar disso, eu não conhecia Jesus.
Talvez você esteja se perguntando, mas como assim? Não basta ir à Igreja para conhecer Jesus? E eu te respondo que não, pois é necessário que tenhamos uma experiência pessoal com o Seu Amor.
Bom, chegou um momento da minha vida em que percebi que já havia algum tempo em que eu buscava algo que preenchesse verdadeiramente o meu coração e o vazio interior que eu sentia, mas não encontrava.
Eis que, um dia, após vários convites de um amigo para conhecer melhor a Comunidade Católica Shalom, decidi aceitar ir a uma Missa e sair para comer um hambúrguer com o pessoal. Nesse dia, eu fiquei observando aqueles jovens que verdadeiramente viviam a fé católica. Me impressionava a alegria de viver que, depois de um tempo, eu fui compreender que é característica daqueles que possuem uma vida no Espírito. Comecei, então, a desejar o que eles tinham.
Tenho as memórias dessa noite de forma muito clara em minha mente. Poderia repetir os testemunhos de conversão e encontro pessoal que escutei, mas vou me limitar ao ponto que mais me chamou atenção: todos ali presentes viviam a Missa diária e, naquele momento, eu compreendi que eles haviam encontrado o verdadeiro tesouro. Que privilégio encontrar Nosso Senhor na Eucaristia todos os dias, e como eu queria viver isso também… só que eu achava impossível, eu acordava tarde, dizia que não conseguiria encaixar na minha rotina, que era pesado demais, mas apresentei esse desejo ao Senhor antes de dormir.
No dia seguinte, era um domingo, dia do Senhor, e eu acordei com um profundo desejo de encontrar-me com Ele. Comecei a ler um livro que me indicaram na noite anterior, que se chama “Todos os caminhos levam à Roma”, do Schott Hahn, um estudioso que foi pastor protestante e se converteu ao catolicismo. A partir daí, tudo começou a fazer muito sentido dentro de mim!
Eu fui à Missa e consegui compreender o mistério apresentado. Logo eu, que sempre dizia que não entendia muito bem as Escrituras, que era muito confuso, e cheguei até ao extremo de dizer que achava que a Bíblia era muito ultrapassada e a Igreja Católica precisava se atualizar.
Veja bem, quanta heresia… quem precisava se atualizar era eu! Renovar o Espírito Santo que habita no nosso interior é uma necessidade para que possamos ter uma experiência pessoal com Deus!
Naquela semana, comecei a acordar, sem nenhum despertador, às 6h da manhã, horário que precisava me levantar para chegar à Missa mais próxima, que se iniciava às 7h e isso durou vários dias.
Um tempo depois, consegui compreender que, naquela noite, o desejo de Deus de me encontrar se uniu ao desejo de Deus de ser encontrado por mim e pela Sua Graça eu recebi a efusão do Espírito Santo, experiência a partir da qual minha vida mudou completamente.
Aquele vazio, que antes me assombrava, já não existe mais. Fui preenchida por Deus, que já estava dentro de mim, e conseguiu agir na minha partir de uma pequena abertura do meu coração, quase do tamanho de uma pequena fresta e posso dizer assim como Santo Agostinho:
“Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar, cada vez mais, d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava. Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo.”
“Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez. ‘Fizeste-me entrar em mim mesmo. Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”.
“Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz.”
Hoje, a intimidade com o Espírito Santo permeia toda a minha vida: busco sempre permitir, apesar de minhas limitações, que Ele conduza minhas atitudes e decisões, por meio da manifestação de seus dons. Eles não devem ser compreendidos como algo puramente sentimental, mas que, de fato, se constituem um presente dado por Deus e cuja relação pode ser aperfeiçoada pela oração de petição ao Senhor e pelo estudo, de forma a nos auxiliar no caminho de busca das virtudes.
Bárbara Maia Martins