As milícias do Estado Islâmico estão realizando na Síria e no Iraque “as mais brutais e sistemáticas” devastações do patrimônio histórico e cultural na região desde a II Guerra Mundial, denuncia Irina Bokova, Diretora Geral da UNESCO, a agência especializada das Nações Unidas que promove a cooperação entre países por meio da educação, a ciência e a cultura.
Destruição do templo de Baalshamin
A última ação neste sentido foi a explosão este domingo (23) do templo de Baalshamin, na antiga cidade de Palmira, no leste da Síria, segundo o Diretor de Antiguidades e Museus da Síria, Maamun Abdulkarim. Os jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico colocaram uma grande quantidade de explosivos no local, para depois detoná-los. O edifício ficou em grande parte destruído. O templo de Baalshamin começou a ser construído no ano 17 e posteriormente foi ampliado pelo Imperador romano Adriano em 130. Baalshamin é o deus do céu fenício.
Assassinatos, destruição de mosteiro e ruínas romanas
Na sexta-feira os jihadistas sunitas haviam destruído o Mosteiro católico de Mar Elian, na Síria. Precedentemente, danificaram sítios arqueológicos em Palmira – onde decapitaram o historiador e arqueólogo Khaled al-Asaad -, ruínas romanas e áreas que remontam ao período assírio-babilônico, na tentativa de cancelar culturas, religiões e patrimônios milenares.
Tráfico de antiguidades
Até agora os governos e as agências internacionais tentam somente limitar o tráfico de peças arqueológicas e de antiguidades dos sítios em poder do Estados Islâmico. Justamente a venda destes tesouros, aliado ao comércio de petróleo, representa uma das principais fontes de renda do “Califado”.
Mais grave destruição desde a II Guerra
“Não vimos nada parecido desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou Irina Bokova, para quem estamos diante “do mais grave atentado, da mais brutal e sistemática destruição do patrimônio mundial”. Se olharmos para as fotografias e as imagens dos sítios arqueológicos tiradas pelos satélites – acrescenta a especialista – não poderemos reconhecer alguns locais, mas somente “centenas de buracos”.
Deter o tráfico de peças arqueológicas – adverte a Diretora da UNESCO, deve ser uma “prioridade para todos”.