“Você tem apenas trinta minutos para arrumar todas as suas coisas e partir para uma nova terra”. Essa foi a orientação que um casal de refugiados da Ucrânia recebeu quando o conflito com a Rússia começou. Esse casal foi, praticamente, o último a sair do país os dois juntos, pois logo em seguida a orientação mudou para que os homens permanecessem e apenas as mulheres e as crianças partissem. Histórias como essa têm marcado o trabalho dos missionários da Comunidade Católica Shalom na Hungria, país que faz fronteira com a Ucrânia. Os missionários têm realizado ações pontuais com os refugiados, levando consolo, esperança e paz aos corações de cada um.
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Anderson da Silva, missionário da Comunidade de Vida e responsável pela missão Shalom em Budapeste, na Hungria, partilhou sobre algumas dessas ações que estão sendo realizadas. Antes de apresentá-las, ele comentou que, nos primeiros dias de conflito, era notória a mudança na rotina da cidade de Budapeste, pois, segundo o missionário, uma quantidade significativa de carros transitavam pelas ruas, muitos vindos da Ucrânia. Contudo, ele ressalta que a Hungria tem sido, na verdade, um ponto de passagem, pois os refugiados chegam e ficam no máximo três dias até partirem para outras terras em que trabalhos de acolhimento estão sendo realizados, como a França, a Espanha e a Alemanha.
Refugiados da Ucrânia em Budapeste
Anderson conta que a primeira ação que a Comunidade na Hungria fez com os refugiados aconteceu logo no início da Quaresma.
“Nós antecipamos o nosso tradicional despojamento, a gente reuniu roupas e outros itens que poderíamos doar para eles. Nós fomos a uma estação de trem para levar as doações”, partilha.
Outra iniciativa foi a de ir ao encontro de um grupo de mulheres e crianças que estava sendo acolhido em uma casa de retiro em outra cidade, próxima a Budapeste. Cerca de quinze membros da Comunidade e da Obra foram até o local para passar um dia com os refugiados e realizar diferentes atividades, como brincar com as crianças, ouvir os adultos e levar esperança. A casa foi organizada a partir de uma iniciativa do padre da paróquia em que a missão está inserida. Anderson conta que o sacerdote está muito envolvido com esses trabalhos sociais, buscando ajudar os refugiados. Inclusive, o padre chegou a viver por um tempo na Ucrânia e conhece bem esse povo e suas dores.
Também foi na paróquia, em que a missão Shalom está inserida na cidade de Budapeste, que Anderson e os outros missionários conheceram a história do casal que teve apenas trinta minutos para arrumar tudo e fugir do país.
“Eles tiveram meia hora para arrumar tudo e sair do país. Eles foram praticamente os últimos a sair, pois logo depois houve a lei marcial e os homens precisaram ficar. Eles precisaram colocar os documentos numa mochila e ir embora. O padre conseguiu uma casa temporária para eles”, conta o consagrado.
Além dessas ações concretas, Anderson reforça que as atividades da missão Shalom em Budapeste permanecem sendo realizadas. Além disso, os grupos de oração, as células e também os membros da Comunidade de forma pessoal estão intensificando a intercessão pelo conflito no país vizinho. Essa tem sido, inclusive, uma das principais intenções deste tempo: a paz entre a Rússia e a Ucrânia, mas sobretudo a paz nos corações de todos aqueles que sofrem devido às consequências dessa guerra.
Série Refugiados na Esperança
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