Terra de São João Paulo II, a Polônia tem sido um dos principais países que estão acolhendo refugiados da Ucrânia, nação que vive atualmente em conflito com a Rússia. Famílias, jovens e até mesmo estrangeiros, que conseguem sair do território ucraniano, encontram em cidades polonesas abrigo, esperança e paz. Para ajudar na missão de acolhida, missionários da Comunidade Católica Shalom, na Cracóvia, têm se colocado à disposição de todos os que precisam de ajuda nesse momento tão delicado. Inclusive, os membros da Comunidade, que vivem em Cracóvia, estão partilhando de forma intensa a própria casa com os refugiados.
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Refugiados da Ucrânia em Cracóvia
Danielle Correia, missionária da Comunidade de Vida e responsável local pela missão Shalom na Cracóvia, conta que o movimento de acolhida dos refugiados aconteceu quase que ao mesmo tempo em que os missionários estavam mudando de casa comunitária. O espaço, que antes era um lugar de trabalho, tornou-se uma casa de acolhida. 56 pessoas passaram a receber assistência na casa. Crianças, idosos e até mesmo famílias completas passaram a morar praticamente no mesmo lugar que os missionários. Danielle explica que o espaço é dividido por uma espécie de corredor em que de um lado há a casa comunitária e do outro o ambiente de acolhimento dos refugiados da Ucrânia.
“Nossa casa é deles e a casa deles é nossa. Partilhamos tudo que recebemos como doação. Nós com eles e eles conosco. A nossa maior alegria de estarmos inseridos nessa dinâmica é ter uma casa só com eles e levá-los para a nossa casa”, testemunha.
Danielle conta ainda que uma família, de modo particular, ficou mais próxima dos missionários da Comunidade. Essa família era composta pela mãe, pela avó e também por crianças. No espaço de acolhimento, a orientação era de que eles deveriam ficar por um mês até conseguirem se organizar para seguir em frente. Entretanto, essa família, que estava se preparando para viajar para a Inglaterra, teve problemas com os documentos. Para que eles não ficasse sem lugar para passar os dias seguintes, os missionários acolheram todos na casa comunitária – do outro lado do corredor.
As crianças têm sido o sentido para as mães
Sobre a experiência que os missionários têm tido em relação a essa dinâmica de acolhida, Danielle partilha que tudo tem acontecido de forma muito simples, por exemplo, o sorriso de uma criança que faz com que a mãe também sorria. “As crianças têm sido, muitas vezes, o sentido que as mães, que ficaram sem seus maridos, foram encontrando”, conta. E os jovens também têm buscado recomeçar. Um exemplo disso é uma garota que teve que deixar seu piano na Ucrânia, mas que ao encontrar o teclado da casa comunitária voltou a tocar. “Essa jovem encontra o sentido de estar ali, agradecendo e fazendo o que gosta”, destaca.
Para Danielle, a evangelização, neste tempo, tem sido a dinâmica de lançar sementes de alegria e de esperança com a própria vida e com o testemunho do amor de Deus. Inclusive, até mesmo a mudança de casa comunitária, nesse tempo, ganhou sentido por causa de cada refugiado que tem sido acolhido pelos missionários. “Entendemos porque a Providência de Deus nos conduziu até aqui. A gente vai descobrindo de forma simples”, partilha. Inclusive, é no simples agir e na espontaneidade desse gesto que tudo vai acontecendo, por exemplo, o recomeçar de cada dia. Os próprios acolhidos querem colaborar nessa nova etapa, como no caso em que algumas mulheres refugiadas chegaram a fazer comidas típicas da Ucrânia. É um belo movimento de encontro e de troca!
Série Refugiados na Esperança
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