O Papa Francisco participará pessoalmente dos momentos de oração do Terço, no primeiro e no último dia do mês de maio. A iniciativa desejada pelo Papa será às 18 horas (horário de Roma) todos os dias do mês de maio em 30 Santuários representativos de todo o mundo.
O objetivo: derrotar o monstro invisível que lentamente extingue seu fôlego em um quarto de hospital – ou quem sabe na rua, porque simplesmente não há um hospital para ir. E o modo de cumpri-lo será ficar de joelhos. Poderia parecer uma solução adequada mais para tempos em que antigas superstições coletivas competiam pelo campo contra as palavras jovens do Evangelho, do que para uma era como a nossa na qual um individualismo exacerbado e reivindicado em quase todos os lugares tende a rebaixar o sentido de uma ação de comunidade, especialmente se intangível como a espiritual.
A promessa
Na realidade, o evangelho segundo Mateus, capítulo 18, versículo 19, bastaria para dissipar dúvidas e hesitações sobre a eficácia da oração compartilhada, visto que relata uma garantia de Jesus: “Se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos céus”. Uma promessa concreta, capaz de suscitar uma grande esperança. É uma expectativa ainda mais alta se o pedido chega a Deus por intercessão da “Advogada nossa”, a Mãe daquele que fez a promessa.
O ritmo da devoção
Os primeiros cristãos, talvez por serem filhos de um Evangelho ainda sine glossa, compreenderam isso imediatamente. As catacumbas estão cheias de inscrições que confiavam alguém ou alguma coisa a Maria. Antes ainda que o Concílio de Éfeso a reconhecesse como Mãe de Deus, certas orações, às vezes pouco mais do que sussurros grafitados na rocha, subiam aos lábios daqueles que se sentiam em perigo e consideravam Nossa Senhora a fortaleza contra qualquer mal.
Sub tuum praesidium, “Sob a tua proteção buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus …”, é uma invocação que a Igreja recita há pelo menos 1.800 anos. E a história cristã é também a história desta devoção à Maria, ilimitada e convicta. É a história de incontáveis graças de “curas” e, quem sabe, de quantos milagres particulares. É a devoção que encontrou no Rosário um ritmo universal, o espaço da esperança de uma ou mais almas juntas, o tempo de um conforto talvez granulado na solidão sob um tubo de oxigênio, com a energia de um penúltimo suspiro.
O ponto de luz
Esta história chega aos dias atuais por meio de gestos e palavras de santas e santos, desde os mais conhecidos aos que, sequer, sabemos os nomes. Passa pelos Papas “marianos” que não hesitaram em confiar à Mãe de Deus a humanidade que estava à beira ou no abismo das guerras e catástrofes. Vem com as palavras de Francisco, o pároco do mundo, em um contexto de paróquias vazias, mas com vivas e abundantes intenções cotidianas na Santa Marta, recitadas como consolação de uma oração “dedicada” às solidões do lockdown. Antes ainda, chega através de seus gestos e da oração solitária daquele 27 de março, o Papa, um simbólico ponto de luz na escuridão, que, em pé diante de um antigo ícone, implora a salus não somente para o povo romano, mas para o mundo inteiro.
Hoje
Cada Santuário do mundo é convidado a rezar na maneira e na linguagem em que a tradição local se expressa, a invocar a retomada da vida social, do trabalho e das muitas atividades humanas que foram suspensas durante a pandemia. Este chamado comunitário procura realizar uma oração contínua, distribuída pelos meridianos do mundo, que se eleva incessantemente de toda a Igreja ao Pai através da intercessão da Virgem Maria. Por esta razão, os Santuários são chamados a promover e solicitar o máximo possível a participação do povo, para que todos possam dedicar um momento à oração diária, no carro, na rua, com o smartphone e demais tecnologias de comunicação, pelo fim da pandemia e pela retomada das atividades sociais e de trabalho.
Uma oração uníssona
Nada mais é do que uma história de fé. Agora, enriquecida pelo coro dos Santuários Marianos, imaginados como as contas de um terço recitado alternadamente. Recitado como os anciãos recordados pelo Papa na última quarta-feira na Audiência Geral, com o canto constante e nada constrangido de um filho que sabe que terá mais chances de obter do pai o que espera se sua mãe o pedir.
A oração em cada um desses Santuários será transmitida pelos canais oficiais da Santa Sé, seguindo o horário de Roma, às 18:00 horas. Foi preparado um breve subsídio litúrgico para fornecer algumas indicações úteis para compartilhar este momento com a própria comunidade.
O Brasil, será representado pelo Santuário Nossa Senhora Aparecida, no dia 6 de maio, rezando pelos jovens às 23h.