Crianças um dia fomos. Não há como atingir a maturidade sem a travessia da infância. Essa nos deixa marcas, lições que hão de nos acompanhar para sempre. Ah, saudades! Quem não as tem? Quem não arquivou no armário de sua vida um momento especial da infância, referências que farão diferenças no futuro de cada um?
Assisti a um exemplo recente num dos melhores programas da televisão brasileira, Homenagem ao Artista, na Band. Retrospectivas de vidas sempre emocionam, trazem à tona imagens e recordações com ingredientes que só um passado bem vivido e uma infância sadia nos oferecem. Foi o caso da dupla Sandy e Junior, irmãos no sangue e na alma.
Comemorando 17 anos de vida artística e se preparando para a carreira solo, os irmãos encantaram seu público, mais uma vez, pelo testemunho de vida familiar bem constituída. Também pela carreira bem sucedida.
Normalmente, não gosto de balizar uma vida em curso como exemplo pronto, acabado. Muito chão ainda terão que percorrer. Às vezes, o que nos alimenta uma boa referência hoje, amanhã pode se tornar exemplo contraditório, decepção! Somos fracos, falíveis em nossas condutas e projetos. No momento, o que me interessa é o presente, o caminho até aqui.
Quem não se recorda daquelas duas crianças a encantar seu público com a versão ingênua e pura de Maria Chiquinha? Ali começou um futuro brilhante. Tornaram-se, rapidamente, os “príncipes do palco nacional”, segundo Lulu Santos. Duas crianças, dois irmãos de bem sucedida família sertaneja, mostraram a beleza de seus talentos ainda em flor, a sintonia perfeita de almas gêmeas que buscavam um mesmo ideal. No caso, o sucesso profissional.
No entanto, sucesso é faca de dois gumes. Pode ferir, asfixiar, individualizar e até destruir a harmonia de nossas relações. No exemplo citado, segundo Junior, o suporte familiar foi o segredo, “pois muitos pais apenas transferem aos filhos um desejo que era seus, empurrando-os para uma vocação que não possuem”. Mais ou menos, foi essa a fala do irmão, que concluiu: “Os pais não devem empurrar, mas dar suporte”.
Sandy sabiamente acrescentou: “Apoio emocional é base forte para ir pro mundo, pra vida. Tivemos esse apoio do tamanho que a gente precisou, pra chegar até aqui. Temos maturidade, convicção e força pra seguir caminhos diferentes”.
Todos, um dia, chegaremos ou chegamos a essa encruzilhada na vida. E agora? Qual o melhor caminho? Os irmãos se despedem dos palcos como dupla. Outros sequer assomam a uma profissão digna, por circunstâncias que só o estigma de uma origem desafortunada é capaz de justificar. Porém, a escolha do próprio futuro se reserva a cada qual, quando a vida nos obriga a trilhar os caminhos da individualidade, encarar pessoalmente nossos ideais.
A família foi base. A formação recebida, também. O meio, a sociedade, os amigos, detalhes, influências benéficas ou não. O segredo, este sim, vem do berço, da infância harmonicamente desenvolvida, com a prática das lições que recebemos. Todos são “frutos de Deus e da criação que você teve” – disse a amiga Claudia Leite. Repetimos na nossa vida a seriedade de uma infância bem conduzida, que possua, no mínimo, uma infra-estrutura moral. Essa é a base para uma vida salutar.
O programa aqui citado tem em seu comando uma referência positiva: Raul Gil, esposa e filhos trabalhando unidos. Um ideal de família. Uma família cristã, que não se envergonha de publicar a fé que os conduz: “Quem tem Nosso Senhor Jesus Cristo no coração, será atendido sempre. Ele estará sempre a seu lado, não vai negar nada a você. Não tem como. Jesus Cristo vai iluminar eternamente o caminho de vocês”, concluiu o apresentador, ao abençoar aqueles irmãos.
Fonte: Católicanet