Nasci na Alemanha no ano de 1969. Meu pai é católico e minha mãe luterana. Fui batizada na igreja evangélica e minha mãe ensinou-me a rezar, embora minha família não praticasse a religião. Meus pais brigavam freqüentemente; meu pai era muito colérico e violento e minha mãe sempre frágil. Dessa forma, minha infância foi marcada pelo medo com relação ao meu pai. Eu não era muito alegre, era muito fechada em mim mesma. E a pessoa mais importante para mim era minha avó, a quem amei como jamais amei alguém.
Depois da minha “Confirmação”, aos 14 anos (seria como o Crisma católico), não freqüentei mais a Igreja (nem mesmo no Natal). Naquele tempo, perdi minha avó. A sua morte foi traumatizante para mim. Quase morri também, e desde então sempre estava deprimida, cada vez mais fechada em mim mesma. Na escola, não tinha amigos. Tinha muitas dificuldades de relacionar-me com os outros.
Chegando à maioridade, fui passar um ano na Inglaterra e estive muito bem. Mas, infelizmente, não via nenhuma possibilidade de permanecer lá. Ali conheci uma congregação de irmãs leigas; uma delas me ajudou bastante. Quando parti, dizia-me: “Desejo-te a fé”. Naquele momento não sabia o que isso significava.
Retornei à Alemanha e comecei os meus estudos em Pedagogia. Dois anos depois, em 1992, fiquei seriamente enferma. Tive uma crise fortíssima de depressão, que durou 10 meses. Não conseguia mais dormir, não tinha forças para continuar a vida cotidiana. Desejei morrer, quis suicidar-me. Esse foi o período mais escuro da minha vida. Não conseguia ver qualquer luz, nenhum psicólogo podia me ajudar. Graças a Deus, mantinha contatos com aquela irmã leiga de Londres, que rezava por mim. Mesmo assim, não via esperanças de curar-me. E não estava certa se acreditava ou não na existência de Deus. Mas algumas vezes rezei e pensei: “Se um dia eu for curada desta doença, Deus existe”. O Senhor escutou as minhas orações e curou-me. Depois de passar quase quatro meses no hospital, encontrei-me de pé.
Uma nova vida começava para mim. Retomei meus estudos, minha vida cotidiana e uma terapia. Tinha a prova da existência do Senhor, mas não via nenhuma ligação entre Ele e a Igreja. Não conhecia a importância da Igreja nem me reconhecia necessitada dela.
Queria sempre saber o sentido da vida. Comecei a procurá-lo em tudo: na Psicologia, na Filosofia, na Astrologia e na “Nova Era”, onde, infelizmente, fiz experiências terríveis. Comecei a andar por estradas equivocadas – por exemplo, quis tornar-me astróloga. Mas em nenhuma delas encontrei realmente o que procurava. O vazio e a tristeza permaneciam em mim. Já não sabia o que queria fazer no futuro. Passei ainda alguns períodos depressivos. Apenas a medicina me dava alguma ajuda.
Ao final da minha procura, permaneciam na “lista” apenas o Budismo e o Catolicismo. Freqüentava um grupo de meditação “Zen” em um centro budista. Nesse período, até 1996, tinha terminado a primeira parte do curso universitário, uma amiga falou-me de uma Irmã muito doada e de um convento onde se celebrava uma missa “bela”. E ficava muito perto da minha casa; era um convento onde celebravam missas carismáticas.
Quando estive lá pela primeira vez, fui tão profundamente tocada, as canções faziam-me chorar. Estava atrasada, a homilia já havia começado. Havia tanta gente que eu não podia sequer entrar na capela, permaneci no corredor. Lembro-me ainda das palavras que o sacerdote dizia: “… e para os que estão vindo hoje pela primeira vez: vocês vieram aqui não porque quiseram, mas porque Deus quis que vocês viessem…”. Algo me fez compreender que aquele era o lugar que eu havia procurado durante toda a minha vida.
Pude falar com a superiora, a Sra. Bernardis, e iniciei o caminho com o Senhor. Naquele tempo não sabia ainda nada sobre a liturgia católica, nada sobre a Eucaristia, sobre os sacramentos, sobre as Escrituras…
Infelizmente, três meses depois de encontrar esse convento, tive de mudar de cidade. Terminando a faculdade, estava com o coração livre para abrir-me àquilo que o Senhor queria dizer-me. Decidi ir a Roma por vários motivos: queria viver longe de minha família, gostava muito da Itália e tinha amigos em Roma. Também estava apaixonada por um homem mais velho que eu. Para mim, era o homem da minha vida. Existiam apenas dois problemas: era ateu e casado, separado da mulher. Rezei muito para viver esse relacionamento, mas o Senhor obviamente não se agradava dele. Ir para Roma faria com que eu me afastasse dele. Com muito esforço e a ajuda de Deus, consegui renunciar a esse relacionamento. Outra coisa que me levava a Roma era o Vaticano. Desde a primeira vez que estive em Roma, em 1995, a coisa que mais me impressionou foi ver os inúmeros sacerdotes católicos, que eu jamais havia visto, e as freiras na Via da Conciliação e na Praça de São Pedro.
São Pedro e o clero me atraíam. Freqüentemente participava das celebrações sem entender realmente por que. Liturgicamente não entendia quase nada, nem as festas que eram celebradas. Posso apenas dizer que agradavam-me os ritos, todo o clero, todos os bispos e o ambiente da Praça de São Pedro. Já na primeira vez que participei da audiência com o Santo Padre fiquei muito tocada. Queria ver o Papa só por curiosidade. Esperando na sala pela chegada do Santo Padre, observava grupos de jovens da América do Sul que cantavam com imensa alegria o tempo todo. Não podia entender essa alegria que me impressionava mais que a própria presença do Papa.
Passei o verão de 1999 na França, em retiro. Ali entendi que precisava passar o Ano Santo em Roma, ainda que tivesse perdido todos os amigos. Voltei a Roma e procurei aceitar e contentar-me com as pessoas que me davam o Senhor. Freqüentei regularmente um grupo de oração, e em vez de sair com os amigos nas noites de sábado, ia à missa – sem comungar.
Com o tempo, quanto mais rezava, mais desejava participar da comunhão e da confissão – na Igreja evangélica não existe confissão.
Descobri também a adoração ao Santíssimo Sacramento havia algum tempo. Mas a conversão não era fácil no início. Vindo de um ambiente bastante “anti-católico” e “anti-papal” como a Alemanha, também eu tinha algumas dúvidas enormes sobre o ensinamento da Igreja Católica. Os pontos mais difíceis para mim eram: aceitar o sacerdócio unicamente para homens e a opinião da Igreja sobre o divórcio e sobre a homossexualidade.
Mas, com o tempo, recebi a graça de compreender a verdade que a Igreja Católica ensina. Por muito tempo estive convencida do contrário sobre tantas coisas que ela ensinava. Agora posso dizer que me enganei muito e essas convicções equivocadas causaram-me sofrimentos na alma e no corpo. Não encontrei a liberdade e a felicidade como esperava, mas o contrário. Com o tempo, o Senhor deu-me a graça de entender, fez-me verdadeiramente viver, que a Verdade está no ensinamento da Igreja Católica. Encontrei a doutrina da Igreja como uma imensa ajuda e libertação na minha vida, mesmo se algumas coisas são difíceis de entender. Mas realmente vivi e posso confirmar que é a Verdade. Experimentei um desejo sempre mais ardente de poder participar dos sacramentos católicos.
Fui aconselhar-me, então, com a Sra. Bernardis, na Alemanha. E, no dia dois de fevereiro deste ano, tornei-me católica no lugar onde tinha encontrado a fé três anos antes. Hoje, participo da santa missa diariamente. O momento da Eucaristia é sempre o mais belo do dia para mim. O sacramento da confissão é uma grande graça! Vejo o catolicismo como um tesouro que oferece verdadeiramente tudo. Conheci Maria como minha Mãe. Este é um dos maiores dons que Jesus me deu. Recebo do Senhor tudo aquilo que sempre procurei em minha vida. Sei que apenas Ele pode dar-me aquilo de que necessito.
Agora entendi como Deus sempre esteve presente em minha vida. Mesmo nos momentos mais difíceis sempre esteve comigo. Também entendi como elemento essencial em minha vida o papel da Virgem Maria. Espero conhecê-la sempre mais. Vejo também a presença dela já no meu passado. Também os santos são para mim uma grande ajuda. Agradeço muito a Santa Teresinha de Lisieux