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Enquanto vivemos, façamos o bem!

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Vivemos mais um Círio! Muitos já disseram que só mesmo vivenciando esse acontecimento é que poderemos saber o que ele significa. Não temos como descrever a força de uma tradição de 215 anos alicerçada em uma devoção de mais de 300 anos.

Não temos como escrever a história de nossa região sem o episódio de Plácido, que encontra a imagem de N. Sra. de Nazaré no Igarapé, que ficava no local onde está construída hoje a Basílica, Santuário e Matriz de N. Sra. de Nazaré. O episódio se perde na penumbra dos tempos e nos poucos dados históricos. Ficamos mais nas descrições dos episódios ligados a esse tipo de descoberta, contados pelos devotos que conservaram essa história para a posteridade.

O que sabemos é que a presença da imagem de N. Sra. de Nazaré marcou a nossa maneira de ser e temos conservado muitos valores até hoje: a valorização da família, o acolhimento terno, a religiosidade e fé numa abertura de simplicidade, o valor da vida e a vida de oração. Isso tudo além das tradições culturais, gastronômicas, sociais e humanas que conservamos, apesar da mundialização ou globalização que nesses últimos 60 anos têm mudado as culturas, religiões, e mentalidades.

Dentre os fatores de nossa identidade está presente esse fenômeno da bela Mãe de Jesus, nosso único Senhor e Salvador, que também no-la deu por mãe no alto da cruz, na pessoa do apóstolo João.

A primeira cristã, Maria, é a aurora da salvação que anuncia que o Sol da Justiça, o Cristo, está chegando! É ela que, aceitando ser a Mãe do Senhor, nos dá o Salvador do mundo, que João Batista já percebe no ventre de Isabel.

Vivemos um mistério inexplicável! Nossos olhos nesses dias, e em especial desde sexta-feira última às 12 horas, quando partimos para o translado para Ananindeua, até neste domingo por volta das 13 horas, a imagem, ícone de uma tradição de séculos, que representa Maria, a mãe de Jesus, que caminha com o seu povo intercedendo pelos seus filhos para que a “água se converta em vinho”, que nossas vidas experimentem as mudanças necessárias para sermos o povo de Deus – sal, luz e fermento de um novo tempo!

O Pará, com a sua capital Belém, atrai a todos com a vivência do Círio de Nazaré! São momentos que trazem as tradições sadias à nossa mente e coração. Eis a oportunidade para acolhermos novamente o bem, o bom e o belo!

O nosso grande desafio é fazer com que as emoções e registros do Círio deste ano tornem-se sempre mais e mais uma presença constante em cada dia de nossas vidas.

Os romeiros que vêm de longe, os promesseiros da corda, os que participam com entusiasmo desses momentos nos fazem pensar em como precisamos nos aprofundar em nossa fé. Como é bom podermos agradecer ao Senhor por todos os dons e graças!

Com muita alegria, abençôo e abraço-o em Cristo desejando um Feliz Círio

* Dom Orani João Tempesta, O.Cist. é arcebispo de Belém (PA) e presidente da Comissão Episcopal para Cultura, Educação e Comunicação da CNBB

Fonte: CNBB


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