A Comunidade Shalom traz em sua espiritualidade uma veneração particular pelos ícones, pois, por meio deles é motivada a oração, a contemplação, um mergulho nos mistérios de Cristo e na verdade do Evangelho. Aquele que contempla um ícone permite brotar de seu interior o desejo de ver a face de Deus e de ser transfigurado por Ele.
Em Chaves, onde a Comunidade Shalom se faz presente há 26 anos, foi construído o Espaço de Paz onde acontecerão atividades kerigmáticas, mas também serão ofertados cursos e oficinas gratuitas para a população local.
A beleza do sagrado
Antes de tudo, meu trabalho é favorecer às pessoas essa experiência com o Ressuscitado, na iconografia, na Eucaristia que será celebrada e vivida nesta capela. O assessor litúrgico afirma que fez questão de desmarcar outros compromissos para dar prioridade a execução da iconografia da Capela por acreditar na importância do Espaço de Paz para a comunidade. Sobre o Espaço ele comenta ainda que, “Ele não é assistencialismo, ele é fruto de um desejo que nós temos de dar as pessoas essa experiência com o Ressuscitado. Por meio de um espaço sagrado oferecermos as pessoas a experiência direta com a beleza e dignidade de Deus. Através de Jesus” reforça.
Eduardo revela ainda estar sendo alcançado pela simplicidade e beleza dos marajoaras. “Em um dia levantei pela manhã e uma das crianças apareceu na casa masculina, quando o vi identifiquei no seu rosto, o do menino Jesus que eu estava pintando”, conta o iconógrafo.
Um refúgio para seu povo
Segundo Eduardo, a oração pautou e o foi guiando na construção da imagem “A Virgem Marajoara”. Primeiramente ele se utilizou da partilha da oração dos missionários de Chaves que ouviram de Deus que Maria seria um refúgio para as crianças marajoaras, especialmente as moradoras do bairro Flor do Campo, onde o Espaço está localizado.
“Desde que eu peguei a partilha dos irmãos eu sentia que Nossa Senhora queria se manifestar de uma forma particular para o povo daqui de Chaves, para essa região, mas eu não tinha noção do que sairia”, revela ele.
O iconógrafo conta que além dos seus momentos de intimidade com Deus, outro recurso que utilizou foi o contato com a população. Ele observou o olhar das crianças e também o de suas mães. “Eu olhei muito os aspectos físicos porque sentia de Deus a inspiração de que os traços de Nossa Senhora deveriam ter características específicas.” Além disso, o consagrado fez pesquisas sobre a cultura local, sobre vegetação e animais.
“De forma especial, para Nossa Senhora fui pesquisando as flores típicas daqui, e quis ir dando esses aspectos locais para que aqueles que chegassem aqui (capela), imediatamente se identificassem com uma mãe de Deus que era próxima deles. afirma Eduardo ressaltando a beleza do povo marajoara.
Sob os pés, uma vitória-régia
De acordo com o folclore amazônico a vitória régia é conhecida como a “estrela das águas”. De forma bem suave ela é apresentada no ícone. “Nossa Senhora surge sobre a vitória régia, porque ela é a estrela”. Ao redor emana uma luz.
Eduardo teve o desejo de representar a cultura local, mas sobretudo de tornar claro a dimensão teológica, proporcionando pelo ícone uma catequese. A Virgem Marajoara tem traços da Imaculada Conceição.
“Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” Apocalipse 12, 1
Para o missionário, o essencial do simbolismo da Imaculada Conceição é que as pessoas possam identificar que Nossa Senhora vence todos os males.
Outro detalhe que faz referência a Imaculada Conceição é o fato de Maria estar com os cabelos soltos. Esta porém com cabelo “das mulheres marajoaras”, ou seja mais negro.
Simbolismo das cores
Quando ele foi pensando nas cores, compreendeu que a população precisava de uma catequese simples. Eles irão olhar Nossa Senhora e vê-la com esse manto azul que remete a dimensão de céu e eternidade. Eduardo explica que o azul esverdeado faz referência ao verde da mata. Com relação ao manto de Maria na cor rosa, este se assemelha a cor vermelha, que geralmente simboliza a humanidade de Nossa Senhora. Na iconografia, o rosa simboliza a alegria espiritual, assim Maria está para as pessoas como uma presença alegre. Na cor da base do ícone vê-se representado o tom do Rio Amazonas.
Castanheira-do-pará e a dignidade
No manto de Maria há ainda as flores da castanheira-do-pará (árvore nativa da Amazônia). No ícone o dourado foi escolhido para simbolizar a dignidade da mãe de Deus. “Uma simplicidade cheia da beleza e riqueza divina”.
Enquanto Nossa Senhora está descalça, representando sua simplicidade, Jesus está calçado. “Nossa Senhora apresenta o menino em toda a sua dignidade”. Eduardo quis manter as vestes mais tradicionais de Jesus. Apresentando o seu manto na cor vermelho-alaranjado, todo revestido de realeza, pois Jesus é aquele que trás ao homem a sua verdadeira dignidade; E a certeza de que pelo batismo, podermos ser chamados de filhos de Deus.
Na iconografia o pergaminho é o símbolo da palavra. A postura de Jesus revela que a palavra de Deus é dada a um povo que busca refúgio. Quanto a Maria, esta demonstra acolhida por meio do seu braço estendido.
Sobre a terra da Virgem Marajoara
Chaves é um dos dezesseis municípios paraenses que compõe a Ilha do Marajó que é banhada pelo Rio Amazonas. Segundo a história local, a origem de Chaves deriva de uma antiga aldeia da tribo dos índios aruãns, que foram catequizados pelos Padres Capuchinhos da Província de Santo Antônio.
No dia dezessete de março de 1996 chegaram os primeiros missionários da Comunidade Shalom em Chaves. Na comemoração dos vinte seis anos da presença do carisma na região, a missão dá para a Igreja um presente: o Espaço de Paz.
Este foi construído para ser “oásis de misericórdia”, um local onde voluntários do mundo todo, dispondo de seus dons e profissões contribuirão com promoção da cultura de paz por meio de oficinas, cursos e outros em lugares onde há vulnerabilidade social, como é o caso de Chaves.
Ajude o Espaço de Paz!
Para isso a Comunidade dispõe do Programa de Voluntariado Shalom que está com vagas abertas para a Expedição de Chaves 2022. No edital estão sendo disponibilizadas vagas para sacerdotes e profissionais das áreas da saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, dentistas e educadores físicos), da educação (pedagogos, biólogos, técnicos em informática, músicos e cozinheiros) e também para outras pessoas que desejarem dispor de seu tempo e dons para a população marajoara.
As inscrições iniciaram no dia 27 de fevereiro de 2022 e terminarão no dia 20 de março de 2022. Elas serão realizadas somente via internet, por meio de formulário disponível [AQUI].
Serviço:
Edital: Expedição Chaves 2022 .
Período de Inscrições: 27 de fevereiro a 20 de março de 2022.
Período da Expedição: 20 de junho a 03 de julho de 2022.
Dúvidas entre em contato com:
- volunteering@comshalom.org
Por Socorrinha Mouta