Continuando nossa pequena homenagem ao Ronaldo, nosso irmão, nesta caminhada pelo que nos ensina François-Xvier Guibert sobre a Porta do céu, veremos hoje como esta Porta abriu-se também para o Ocidente, indo parar em Montreal, no Canadá e como o seu ícone, assim como acontece em Toulouse, verte um óleo perfumado que produz milagres inumeráveis.
O ícone de Montréal
É inevitável ficar-se perturbado quando se estuda as versões que contam a história deste ícone. Por que tantas divergências? Onde está a verdade?
Três certezas aparecem, finalmente, e concernem o essencial:
- Final de 1982, o ícone pertence a um certo José Muñoz
- Foi em sua casa, em Montreal, Canadá, que se produziu o prodígio da efusão do óleo perfumado: prodígio que não cessaria mais de acontecer
- O ícone foi exposto e visto por milhões de pessoas,
- seja em sua casa
- seja na pequena catedral ortodoxa de Montreal
- seja nas capelas ou igrejas do Canadá, dos Estados Unidos, e muitos outros países, mesmo a França, provocando em todos estes locais fenômenos análogos de exudação em um grande número de cópias que se coloca próximo a ela.
(…) José Muñoz seria um chileno, católico de origem, mas que teria passado à Igreja Ortodoxa e recebido em seu seio pelo arcebispo ortodoxo do Chile em pessoa.
Dotado para as artes, teria ensinado desenho em seu país antes de viver no Canadá, com a finalidade de fazer cursos de iconografia, juntando-se a uma pequena comunidade monástica ortodoxa de Montreal.
Ter-se-ia tornado professor de história da arte na Universidade de Montreal e teria começado a escrever ícones.
Desejoso de aperfeiçoar seus conhecimentos em iconografia – assunto que o apaixonava – José Muñoz teria feito a viagem ao Monte Athos no outono de 1982.
E seria ali, ao acaso, que ele teria descoberto um pequeno eremitério chamado “da Natividade” onde viviam alguns monges especializando-se na reprodução de ícones.
Ali, ter-se-ia apaixonado perdidamente por um ícone exposto no ateliê, cópia livre da Portaïtissa, realizada por um dos monges há pouco tempo. Pode-se encontrar um ícone como a uma pessoa que se vai amar para sempre. Este acontecimento foi para ele um verdadeiro apaixonamento espiritual.
Pediu, instantemente, para adquiri-lo pagando não importa qual preço, para levá-lo ao Canadá.
No entanto, os monges o apreciavam muito, pois a Porta do Céu era como que a “patrona” do jovem ateliê.
Os monges, portanto, não aceitavam negociar. No entanto, no dia seguinte, quando José Muñoz, triste, já se afastava do eremitério, o superior o teria alcançado… para entregar-lhe o ícone, devidamente embalado, dizendo que durante a noite havia recebido a ordem interior que o havia feito aceitar separar-se dele, a fim de permitir que ela pudesse ser levada ao Canadá para tornar-se um sinal entre o Oriente e o Ocidente.
José Muñoz teve, então, a ideia de levar “seu” ícone ao mosteiro de Iviron, pedindo o favor de colocá-lo em contato com o venerável ícone original, a primeira e autêntica Portrïtissa.
Pouco depois de seu retorno ao Canadá, José foi acordado em plena noite por um perfume intenso que invadia seu quarto. Procurando a origem do perfume, constatou que um tipo de óleo corria de seu ícone, a partir das mãos do Menino Jesus.
A partir deste momento, o ícone não cessou (a não ser muito raramente) de ter efusões deste óleo perfumado.
Exposto em vários locais, notadamente nas paróquias e mosteiros da jurisdição russa “fora das fronteiras”, ele abençoou muitos locais e pessoas, curando os corpos e sobretudo as almas, como enfatiza Soljenitsyne, estudioso do fenômeno.
Discretamente, o ícone foi levado à França, na pequena igreja russa de Meudon, no mosteiro ortodoxo de Provemont, perto de Beauvais (onde vai, algumas vezes José Muñoz, que fala bem o francês) e em Pentecostes de 1985, a Ars, em ambiente católico, onde 4.000 fiéis da Renovação Carismática o cercaram de emoção e de fervor.
François-Xavier Guibert
Em L´Icône de Toulouse, Maria, Porte du Ciel, p. 29
Ed. Independente
Certamente, você já se apaixona pela Porta do Céu. No entanto, para orar melhor com o ícone, para conhecê-lo e amá-lo melhor, convido-o ainda para uma terceira semana juntos, honrando a Porta do Céu e homenageando o Ronaldo, conhecendo melhor cada detalhe do ícone que abre para nós as portas do Céu e abriu, pela Encarnação, as portas da Terra ao Salvador que, através de sua Mãe Porteira, quis unir Oriente e Ocidente, Igreja Católica e Ortodoxa, homem e homem. Até lá.