“Ok, confio em você. Já que está me dizendo que devo perdoar meu esposo, vou fazer isso. Vou recomeçar tudo como se ele não tivesse feito nada. Como você disse, é isso que Deus faz comigo. Mas… que garantia você me dá de que ele não vai mais beber?”
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“Tá bom! Você está me dizendo que dê nova chance ao meu filho, pagando o internamento dele. Mas quem me garante que ele não vai mais voltar para a droga?”
“O que você está me pedindo é demais! Perdoar minha mulher que me traiu ?!? Que homem faria isso? Ainda se fosse o contrário! Mas é contra a natureza masculina! Quem me diz que ela não vai voltar a fazer a mesma coisa?”
“Tentar de novo!!! Na verdade, estou muito cansada! Quem me garante que terei sucesso desta vez? Já tentei de tantas formas! Confessei tantas vezes! Que garantia você me dá?”
“Nenhuma!” Essa é a resposta a todas essas perguntas e a outros questionamentos do tipo. “Nenhuma garantia! Nenhuma segurança!”
O raciocínio é compreensível e bastante lógico: “Estou fazendo um ato de generosidade que me custa muitíssimo. Um ato de coragem maior que minhas forças. A consequência mais lógica é que seja recompensado por isso. Que a outra pessoa reconheça meu ato de amor, de generosidade, de perdão, de misericórdia e nunca mais volte a fazer o mesmo.”
Essa é, de fato, a lógica humana. Entretanto, as pessoas são livres para tudo, até mesmo para errar quanto a si próprias e quanto a nós. Por outro lado, o amor escapa à nossa lógica. Quando decidimos amar, dar à pessoa uma nova chance apesar de seu erro, é preciso ter em mente que o amor é gratuito, que não exige garantias, não alimenta expectativas. O amor é nutrido por esperanças, não por certezas. É sustentado pela gratuidade e não por garantias. É essa, aliás, a lógica do amor de Deus com relação a nós!