Padre Cristiano Pinheiro é missionário da Comunidade Católica Shalom. Há cinco anos, ele trabalha diretamente com Moysés Azevedo, fundador da Comunidade, exercendo a função de Assistente Internacional. Em entrevista ao comshalom, o sacerdote partilhou sobre seu Estado de Vida, sua vivência missionária, sua experiência com a música e sua presença nas Redes Sociais.
O Sacerdócio e São João Paulo II
“Eu já sentia desde a minha infância o desejo de ser Jesus”. Com essas palavras, Padre Cristiano Pinheiro começa a falar sobre o seu chamado ao Sacerdócio. Ele conta que chegou a caminhar para outros estados de vida. Mas, em 2005, quando já estava na Comunidade de Vida, o missionário teve uma forte experiência com a Eucaristia. “Eu senti o desejo de abraçar o caminho para o seminário”, partilha.
Ele teve ainda a oportunidade de visitar o túmulo do Papa João Paulo II – que falecera em abril de 2005. “Lá no túmulo dele eu senti a voz de Deus que me chamava definitivamente ao sacerdócio”, afirma. O santo polonês tornou-se seu melhor amigo. “João Paulo II foi o padre que me ajudou a desejar a ser padre e a aprender a ser padre”, ressalta.
Em 2015, o missionário recebeu o sacramento da Ordem. “Tudo é belo no chamado, mas a Santa Missa é o que mais me alegra”, testemunha. Para ele, contemplar o milagre que acontece em suas mãos faz seus olhos brilharem. Além disso, ter o povo de Deus como a grande prioridade do seu chamado o leva a imitar Jesus em tudo, principalmente na vivência da caridade.
Peregrino em culturas distintas
A primeira viagem, como Assistente Internacional, foi para o México em 2013. “Fui falar das ações da Comunidade com os jovens para 300 bispos”, recorda. Para ele, a experiência foi marcante, pois sua missão era representar Moysés Azevedo no encontro. Na época, ele ainda era seminarista. Nossa Senhora de Guadalupe tem sido sua companheira desde então. Em seu escritório em Roma, ele tem uma imagem dela.
No exercício da função, Padre Cristiano já visitou cerca de 50 países e em aproximadamente 40 celebrou a Eucaristia. Para o consagrado, é uma grande graça vivenciar a mesma celebração em culturas tão distintas. Entre as terras que conheceu, a Índia foi a que mais chamou sua atenção. “Cheiros, cores e sons que você nunca imaginou, era tudo muito intenso”, relata. Para esse país, ele peregrinou ainda no seu primeiro ano como assistente do fundador. “Em cada lugar que eu vou, procuro contemplar a beleza”, ressalta.
A chave da enculturação
Padre Cristiano revela que a chave da enculturação no Carisma Shalom é a amizade com os jovens. “Nós temos enviado de modo geral missionários muito apaixonados pelos jovens. Quando eles se apaixonam pelos jovens locais, eles se apaixonam pela cultura toda”, comenta. O sacerdote contempla a maneira como os missionários amam os jovens e destaca que o povo tem sede da forma como os consagrados se relacionam com Deus, vivem a Vocação Shalom.
“Você quer uma merenda?”
Uma história engraçada de suas experiências missionárias aconteceu nas Filipinas. Padre Cristiano e outro missionário foram visitar um médico. Durante o encontro, o doutor começou a falar bastante. O inglês do homem era muito carregado, conta o sacerdote que estava bem cansado naquele dia e tinha que se esforçar para entendê-lo. Chegou um momento em que o missionário se distraiu e deixou de acompanhar a narrativa que o médico estava contando.
De repente, o padre escutou: “Você quer uma merenda?” Em um estalo, ele respondeu que não e ainda perguntou ao outro missionário se queria. O companheiro estranhou. Foi então que o sacerdote percebeu que o questionamento fazia parte da história do doutor. Os dois não se aguentaram e começaram a “achar graça”. O médico entrou também no riso. Nem sempre é fácil lidar com os diferentes idiomas.
O primeiro contato com a música na vocação
“Cristiano, abra a boca e cante, você tem uma voz aí dentro”, disse Nicodemos Costa durante a audição do espetáculo Aos Pequeninos. A apresentação, feita por crianças e para crianças, era uma grande produção para a Comunidade na época, de acordo com Padre Cristiano. Ele conta que desde pequeno sentia-se atraído pelas músicas da Vocação e a montagem infantil foi seu primeiro serviço nas artes.
Um profeta em sua vida
Ronaldo Pereira, jovem missionário da Comunidade que faleceu em 1995, foi profeta na vida do sacerdote em relação ao seu dom de cantar. Aos 10 anos, Padre Cristiano estava passeando em uma praia e encontrou Ronaldo com outros jovens. “Cristiano, canta para gente”, pediu o consagrado. Envergonhado, o menino queria declinar do convite. Então, Ronaldo declarou: “Cante porque você ainda vai cantar para muitas nações”.
Participação no MSH
Em acampamentos de jovens e missas, Padre Cristiano começou a servir ainda na adolescência. Com cerca de 15 anos, Padre Cristiano passou a fazer parte do Missionário Shalom (MSH). “A música foi uma porta pela qual minha missão desabrochou”, testemunha. O missionário explica que cantar o libertou da timidez. Atualmente, não tem cantado tanto devido a sua rotina de sacerdote, mas ele reconhece que a música é uma realidade importante em sua história de vida.
“A música está na linha de frente da evangelização. Eu mesmo me sinto salvo por canções. Eu sinto que as músicas alcançam algo da nossa alma que muitas vezes os livros, as pregações ou outras artes não alcançam. Há uma unção particular. O Rei Davi cantou e dançou na presença de Deus. Tem coisas que só a música expressa da alma do homem e para a alma do homem.”
Uma canção que marcou
Durante a produção do álbum Divino Coração, Padre Cristiano parou para escutar pela primeira vez a voz guia da canção Tua Ternura, gravada por Laura Salvador. “Eu comecei a chorar, eu fiquei duas horas só escutando a música, contemplando a singeleza da canção. Fiquei realmente emocionado. Essa música teve poder na minha vida pessoal. Tocou áreas do meu ser que me fizeram olhar para a minha vida vocacional e missionária”, partilha.
Questionado sobre um possível CD, Padre Cristiano diz descontraído que não tem nenhum plano e destaca que aquilo que povoa a sua oração atualmente tem outra dimensão. “A música vem da oração e eu percebo que a minha vida de oração é muito voltada para a minha missão neste tempo”, confessa. No entanto, o sacerdote diz não ter nenhum fechamento em relação a essa ideia.
Vivam e quando der tempo postem
Com mais de 20 mil seguidores no Instagram e mais 6 mil no Twitter, Padre Cristiano explica que busca transbordar para as Redes Sociais aquilo que vivencia em sua oração. No entanto, nem sempre consegue porque de fato suas ocupações com o Reino de Deus exigem bastante. Ele partilha que houve um tempo em que estava disposto a cancelar sua conta, chegou até a publicar que desabilitaria o perfil.
Contudo, o sacerdote começou a receber mensagens de pessoas que aprendiam muito com ele e que acompanhavam a vida da Comunidade por meio daquilo que viam em seu perfil. Ele então adiou a decisão. Mas segue discernindo se deve ou não continuar com essa empreitada que necessita de dedicação. “Eu percebo que as pessoas se sentem alimentadas”, comenta. Já houve, inclusive, pedidos para ir em missão por meio de sua conta no Instagram. Ele orientou os interessados em relação ao processo e encaminhou para Assistência Missionária da Comunidade.
O sacerdote considera a experiência nas Redes Sociais muito válida. No entanto, adverte sobre perigo de viver em vista da Internet. “Eu sei que existem pessoas que fabricam fotos para postar; essas pessoas não têm paz”, destaca. O conselho que Padre Cristiano dá é o seguinte: “Vivam e quando der tempo postem! Sejam intensos na oração, com o caderno e com a bíblia e não com o celular”.
Obrigada pelo seu sim Padre. Conte com minhas orações . Slalom!