Um dos compromissos que a Comunidade Católica Shalom firmou com o Santo Padre por ocasião da Convenção dos 35 anos foi a criação de “oásis de misericórdia” em áreas de vulnerabilidade. A iniciativa, que amadureceu ao longo desses cinco anos, deu origem aos chamados Espaços de Paz. Com entusiasmo e alegria pelos frutos já colhidos nestes espaços, a Comunidade vai apresentar ao Papa as experiências destes novos “oásis de misericórdia”. A Responsável Local da Missão de Chaves (PA), Dilma França, será a porta voz dos pobres alcançados pela iniciativa no encontro com o Papa da Convenção Shalom 40 Anos. Em entrevista ao Comshalom, ela explica um pouco sobre a experiência de serviço aos pobres no Espaço de Paz de Chaves, o primeiro que foi implantado na Comunidade Shalom.
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COMSHALOM: O que é o Espaço de Paz?
Dilma França: O Espaço de Paz é uma resposta da Comunidade Católica Shalom para os pobres. É uma inspiração divina na verdade. É um projeto social que tem como público-alvo as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social e pessoal. Através dele realizamos um trabalho preventivo na vida das crianças, dos adolescentes, dos jovens e também prestamos assistência às famílias que estão em situação de vulnerabilidade.
COMSHALOM: Dilma, não é a primeira vez que você estará na Convenção, mas a primeira vez que você estará indo com o Espaço de Paz construído e em funcionamento… Ele que foi um presente oferecido aos pés de Pedro, à Igreja, como é saber que faz parte desse presente?
Dilma França: Eu me sinto meio como o Moysés, porque ele foi escolhido pelo Arcebispo de Fortaleza na época de 1982, Dom Aloísio Lorscheider, para oferecer um presente ao Papa e ele ofereceu a juventude dele. Então nesse momento em que eu estou fazendo parte da Convenção e “levando o Espaço de Paz”, me sinto também nessa mesma situação de poder ofertar, em nome da Comunidade, para o Papa, e na pessoa dele para toda a Igreja, essa resposta que é esse “oásis de misericórdia”, que é poder concretamente ofertar apresentar esse grande presente para Deus, para a Igreja e para os pobres. É uma alegria saber que essa promessa que nosso fundador fez se concretiza literalmente por meio do Espaço de Paz.
Neste ano, em que celebramos os 40 anos da Comunidade, estar como Espaço de Paz, estar como promoção humana é muito diferente, porque me sinto com este presente nas minhas mãos para poder apresentar e ofertar. É algo muito grandioso e ao mesmo tempo uma alegria muito grande perceber que Deus, Ele mesmo, conduz todas as coisas e nos deu a oportunidade de estar aqui, ao mesmo tempo ofertando nossa vida e apresentando esse presente.
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COMSHALOM: O que mudou na sua vida e na missão com o funcionamento do Espaço de Paz?
Dilma França: Na minha vida, a alegria de ser testemunha das promessas de Deus que se concretizam, pois o Espaço é para mim um filho que foi pensado, sonhado, planejado e que nasceu. Percebo que aquilo que era uma promessa de Deus para nós, Ele me deu a graça de testemunhar concretamente. Então no meu coração é uma gratidão muito grande a bondade de Deus me permitiu estar aqui e acompanhar cada passo.
Para a missão de Chaves, percebo que é tocar de uma forma concreta a vontade de Deus para a missão. Porque toda missão traz uma profecia particular, aqui em Chaves são os pobres. Ao longo de todos esses 26 anos que o Carisma está aqui, sempre fizemos trabalho de promoção, mas para a missão hoje nós temos uma condução, pois tocamos no que é a vontade de Deus. Por meio do Espaço de Paz percebemos a linha, a condução de Deus. Para a missão o Espaço é uma segurança de estar na vontade de Deus.
COMSHALOM: O que para você significa ser amigo dos pobres? O que essa amizade com os prediletos de Jesus te proporciona?
Dilma França: É um grande privilégio, porque são os amigos prediletos de Jesus. Então conviver com os pobres, estar e aprender com eles. Costumo dizer que os dois verbos, “amar” e “aprender”, nós conjugamos durante toda a vida. Posso responder que, na minha vida, ser amiga dos pobres é ter esse privilégio de amar os amigos prediletos de Jesus e aprender com eles, pois o próprio Jesus disse que quem não se fizer como uma criança, não tiver o coração pobre, não herdará o Reino dos Céus. Então, preciso estar nessa “escola” com eles, para poder me abaixar e ir aprendendo, pois se não nos colocamos numa postura de aprendiz vamos perdendo oportunidades. Durante esses doze anos em Chaves, cada dia tenho uma oportunidade nova, um aprendizado novo com os amigos prediletos de Jesus, então para mim é um grande privilégio, uma grande alegria.
COMSHALOM: Quais as características do pobre de Chaves?
Dilma França: Quando se fala do pobre que está no Marajó, nessa realidade do município de Chaves, são pessoas muito simples, mas pessoas abertas, alegres, acolhedoras, que não se deixam abater pelos sofrimentos e dificuldades. E muitas vezes se imagina que em Chaves vão se encontrar pessoas em situação de miséria extrema, mas não é bem assim. Tocamos numa pobreza espiritual, moral e intelectual. São um povo que estão trabalhando com açaí, que está colhendo e batendo açaí, que estão “lanceando” camarão na praia, que pesca e caça, eles subsistem assim. Um povo muito simples e que tem uma capacidade de acolher imensa. E, ainda, o marajoara é muito artista, pela dança e pela expressão.
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Serviço
Convenção Shalom 40 anos
Data: de 23 a 28 de setembro
Local: Roma
Tema: Shalom: Amigos de Deus, Amigos dos jovens e Amigos dos pobres
Mais informações: http://comshalom.org/40anos
Acompanhe a Convenção Shalom pelo Youtube
