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Enviados para ministrar a paz: Jovens que dizem um sim feliz à missão

Conheça três jovens que experimentam da alegria de ofertar as suas vidas em vista da evangelização de outros jovens

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Foto: Larissa Moura/Shalom Lima

Acordar, beijar o tau e louvar: “obrigado Senhor, por me teres escolhido!”. Essa é a rotina de muitos homens e mulheres consagrados na Comunidade Católica Shalom, que decidem ofertar a sua vida na missão: seja mudando de cidade ou na sua vida ordinária, tornando-a extraordinária. 

Para alguns que saíram das suas cidades para cumprir a vontade de Deus, o chamado aconteceu desde cedo, colhendo as primícias da sua juventude. Hugo Jordão, entrou na comunidade de Vida após uma profunda experiência com o amor de Deus. “Foi nesse momento que percebi que queria dedicar minha vida a Ele de maneira total e radical”. Atualmente, Hugo está em Angola, onde é responsável pelos jovens da comunidade, e membro do SAPJ (Secretariado Arquidiocesano juvenil), colaborando também na evangelização e formação dos demais jovens da Arquidiocese.

Para o missionário, os jovens têm uma missão muito particular dentro da Comunidade: “Eles trazem energia, criatividade e uma nova perspectiva para a evangelização”.

Já Theresa Emmir, membro da comunidade Aliança e atualmente em missão em Chaves, onde também exerce sua formação de psicóloga, conta que a vida de um jovem, conquista outros: “poder testemunhar, mostrar pra eles que os jovens também podem ter perspectiva de vida, que a gente pode sonhar, que a esperança é algo muito possível, que ser uma jovem é também estar dentro da igreja! Eles olham pra nossa vida, pra alegria que a gente leva no ordinário da nossa vida, no simples, numa refeição, no trabalho ou no espaço de paz. Eles veem essa alegria, e isso gera felicidade neles! Ao nos olharem, percebem que querem aquilo também: ‘eu posso ser jovem e estar na igreja, eu posso ser jovem e doar a minha vida, eu posso ser jovem e ser diferente’“. 

Theresa ainda ressalta como a vida fraterna conquista e atrai muito jovens: “Isso pra mim é muito marcante, é algo que só nós, jovens, podemos fazer, é um testemunho da nossa vida, a gente não precisa falar, não é na pregação, é no dia a dia, é ali, sendo missionário, sendo testemunha da nossa experiência com Deus, que esses jovens vão sendo alcançados“.

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Um carisma que cura e consola 

Nos 42 anos da Comunidade, o Shalom já se estabeleceu em dezenas de cidades ao redor do mundo. Essa disposição para estar em diferentes locais, é uma realidade intrínseca ao carisma, que tem na sua identidade o amor esponsal e o anseio de dar tudo a humanidade, impulsionados por esse amor. 

Maria Helena Portela, atualmente em missão na Cracóvia conta como foi alcançada por missionários da comunidade e, hoje, ela é um deles: “fui convidada para participar do Réveillon da Paz em Fortaleza e lá, durante uma oração em que o padre Antônio Furtado conduzia, me senti plenamente filha de Deus quando ele disse ‘peça ao seu Pai do céu o que seu coração mais deseja para esse novo ano’, e eu pedi para conhecê-lo e amá-lo mais. Nessa mesma noite fui convidada por alguns missionários lá presentes para participar do Acamps. Fui para o Acamps e depois dali minha vida mudou, eu conheci a Deus!

Para Hugo, a missão de ser consolo para a humanidade é geral, mas se comunica de forma particular:  “Uma vez, fui visitar um jovem que estava numa tristeza profunda e tinha perdido a vontade de viver. Passei horas ouvindo-o e rezei com ele. Aos poucos, ele começou a sentir-se mais amparado e encontrou forças para buscar ajuda profissional e espiritual. Percebo meu ‘’SIM’ no consolo na humanidade quando vejo que minha presença e minhas palavras podem trazer alívio e esperança a quem está sofrendo“.

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Já Theresa Emmir, ressalta que a cura acontece, antes de tudo, em quem é enviado, aquele que oferta sua vida de forma totalmente livre e gratuita. “a primeira pessoa a receber cura sou eu, quando eu toco na experiência, quando eu toco na vida dessas pessoas, na história deles, nessa cidade, no que ela passa ainda hoje… Enfim, em tudo, todos os momentos que eu estou com ele eu percebo isso”.

A psicóloga ainda conta as particularidades de exercer a sua profissão, dentro da missão: “os jovens têm muitas questões ligadas com ansiedade, o emocional passa muito despercebido. Uma jovem em particular sofria com isso há muito tempo e ninguém sabia dar nome, ninguém sabia o que era, como ajudá-la… As pessoas achavam que era tudo menos isso. Foi uma mudança perceber que ela precisa de uma ajuda psicológica, perceber que ela precisa desse apoio, que a escola também precisa apoiá-la. Conseguimos fazer uma mobilização grande, tudo para mostrar que ela realmente precisava de ajuda, precisava desse apoio e desde o começo, quando eu vi as pessoas entendendo, começando a chamar pelo nome, dizer que é algo emocional e que precisa ser visto, precisa ser cuidado, tratado… Isso teve um impacto em mim muito grande, de olhar e perceber, ‘meu Deus, realmente o meu trabalho é necessário e faz a diferença’, o dom que Deus me deu, o dom da minha profissão é muito importante.”

Serviço e missão

Em uma região com poucos membros da comunidade, Maria Helena conta que é preciso organizar bem as ações de evangelização. Uma das atividades em que a jovem é responsável, é a comunicação da missão em que reside, na Cracóvia. Sobre isso, a jovem coloca a importância de dispor os seus dons: “A comunicação existe para servir a todos, então criar artes, panfletos, publicações… É o que mais me ocupa, fazer das nossas redes sociais um rosto claro da Vocação Shalom. Não tenho nenhuma formação acadêmica para isso! Mas amo dispor meus dons de criatividade, proatividade, alegria, para dar o melhor!” 

A jovem ainda partilha que não se trata de trabalhar no ordinário, mas de oferecer a Deus o seu trabalho, e entender a vontade Dele naquele serviço: “A cada dia vou percebendo a beleza de servir por trás das telinhas. É bonito porque cada arte que eu me disponho a fazer é reflexo de toda uma condução de Deus que vem antes.

Maria Helena testemunhou isso na pele, no testemunhou a vida de uma das jovens que participou de um Seminário de Vida no Espírito Santo: “Durante uma oração na preparação de Deus falava sobre uma mudança corajosa que viria como um fruto da graça que Deus daria nesse evento. No dia em que escolhi fazer a arte para o seminário, desde a hora em que acordei fui pedindo a Deus sua condução e Deus me inspirou escolher uma imagem que representasse uma mudança corajosa, o seminário teria como tema “180 graus: coragem para a mudança” e dentre algumas que pensei escolhi a imagem de um jovem fazendo uma manobra de 180 graus no skate. Fiquei feliz e em paz com o resultado final da arte, publicamos, divulgamos e realizamos o evento”.

A surpresa foi quando uma das jovens participantes, a procurou, questionando quem havia realizado a arte do evento:  “nós começamos a conversar e eu lhe expliquei todo o sentido simples mas completamente espiritual daquela arte e ela deu seu testemunho de que era skatista, sofreu um acidente onde ficou impossibilitada de praticar o esporte, foi colhendo outras consequências desse fato e certo dia em que se perguntava o que Deus queria dela com toda aquela situação, viu imediatamente a arte do seminário e se inscreveu por causa do skatista e da proposta do seminário: se aventurar numa mudança corajosa. A jovem testemunhou e compreendeu a beleza e a bondade da Divina Providência que permitiu aquela grande dor e frustração para desembocar naquele Encontro com Jesus”.

Deus age no simples, por meio da juventude

Em Chaves, Theresa Emmir conta que o que mais a encanta é a simplicidade: 

“Todos os momentos servindo ou no espaço de paz são muito gratificantes. Vendo as crianças rezarem ou quando chega uma criança nova, inscrita no espaço. Ao fazerem o tour, eles falam que o principal lugar, o que o eles mais gostam, é sempre a capela. Eles aí entram, e vão apresentar Jesus no Sacrário, e ensinam que tem que ajoelhar, que tem que falar com Jesus, que não pode correr dentro da capela, eles mesmos vão se ajudando e vendo a experiência com Deus. O espaço de paz, é esse lugar de paz mesmo, que vai transformando, desde pequenos, a mentalidade das crianças perceberem que existe outra forma”.

Para ser instrumento de consolo, Maria Helena demonstra que é necessário ser simples, sem colocar barreiras para ação de Deus: “Eu tinha poucos meses em missão aqui em Cracóvia quando durante um grupo de oração uma jovem saiu chorando da sala e foi para nosso escritório. Eu por impulso saí atrás dela, por um instante, eu esqueci que não poderia conversar em polonês ou entender o que ela talvez quisesse me falar. Então eu sentei ao lado dela e a abracei, ela deitou no meu colo, como uma criança e chorou. Ficamos ali por alguns minutos. Eu sabia falar “jestem tutaj”,  que quer dizer “estou aqui”, e repetia as vezes. Nesse dia eu descobri que o amor fala por si só! Que até ali todo o meu sofrimento em aprender uma língua completamente diferente de tudo, que minhas ofertas feitas por amor, ainda que dolorosas, naquele momento tudo valeu a pena! Não eram de palavras que ela precisava, nem de abraços. Mas de um olhar de amor”.

Enviados para ministrar a paz, o “sim” desses jovens alcança pela disposição em fazer a vontade de Deus, mais do que com palavras. “Sempre ao perceber os milagres que Deus realiza por meio da minha pobre oferta eu me sinto bem pequena, essa é a hora exata em que não só sinto mas testemunho que sou o vaso de argila no qual Deus deposita um tesouro. A graça passa por minhas mãos, me santifica, santifica aqueles para as quais ela se direciona, mas não me pertence – no sentido de que não parte de mim, sou apenas o meio que Ela escolhe passar“, conta Maria Helena.

Por Ana Beatriz Gonçalves.


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