Na matéria anterior, apresentamos um aspecto muito importante da nossa fé: o mistério de Jesus Cristo, o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem.
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O Messias veio ao mundo por obra do Espírito Santo, e pelo consentimento de uma jovem e simples mulher do povo hebreu, Maria. A Anunciação é, portanto, o prelúdio de um novo tempo na economia da Salvação. O Anjo de Deus se referiu a Maria como sendo “cheia de graça” (cf. Lc 1,28). Maria, então, mesmo virgem, concebeu por obra do Santo enviado de Deus. Leia a declaração do Catecismo:
“A Anunciação a Maria inaugura a ‘plenitude dos tempos’ (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a conceber Aquele em quem habitará ‘corporalmente toda a plenitude da Divindade’ (Cl 2,9). A resposta divina ao seu ‘como será isto, se eu não conheço homem?’ (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito: ‘O Espírito Santo virá sobre ti’ (Lc 1,35)”(CIC 484).
A pergunta de Maria foi pertinente, pois a fecundação é um processo pelo qual dois gametas sexuais, um masculino e um feminino, se unem, permitindo a criação de uma nova vida. Como sabemos, a humanidade estava marcada com as consequências do pecado original. Não havia nenhum espaço físico ou existencial entre os homens, digno da habitação de Deus. Em outras palavras, o demônio julgava-se vencedor, crendo que havia trancado todas as portas para Deus. Porém Maria, cheia de graça, foi a “carta na manga”, o plano secreto do Criador.
A Igreja, assim, acredita e ensina que ela foi preservada de toda mancha do pecado: “Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria ‘foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão’. O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como ‘cheia de graça’. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que ela fosse totalmente movida pela graça de Deus” (CIC 490).
Assim, pelos méritos de Cristo e por obra de redenção antecipada, como disse o bem-aventurado Duns Scott, ela foi preservada da mancha do pecado. Desse modo, após séculos de confirmações, a Igreja professou, em 1854, o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.