Começo com o pensamento de Santa Teresa de Calcutá: “Ao olhar para a cruz de Jesus, sabemos o quanto Deus nos amou. Ao participamos os da Eucaristia, sabemos do quanto Deus nos ama”.
O primeiro indício da festa da exaltação da Cruz começa à primeira metade do século IV. Segundo a ‘Crônica de Alexandria’, Santa Helena (mãe do Imperador Constantino) redescobriu a Cruz do Senhor em 14 de setembro de 320. Em 13 de setembro de 335 teve lugar a consagração das basílicas da ressurreição e do ‘Martirium’ (da cruz), sobre o Gólgota. Em 14 de setembro do mesmo ano expôs-se solenemente à veneração dos fieis a cruz do Senhor redescoberta. Sobre esses fatos apoia-se a comemoração anual, cuja celebração é atestada para Constantinopla no século V e para Roma em fins do século VII. As igrejas que possuíam uma relíquia famosa da cruz (Jerusalém, Roma, Constantinopla) expunham-na aos fieis em ato solene, chamado ‘exaltatio’ = “exaltação” (donde vem o nome da festa).
A Cruz sobre a qual Jesus sofreu era apenas um instrumento de sua execução, mas a época apostólica a Cruz se transforma em símbolo de sua morte sacrifical e até mesmo expressão sinônima do próprio Cristo, da fé Cristã em geral.
São Paulo fala que a linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem e que muitos se comportam como inimigos da Cruz. Os temas centrais da missa da festa da exaltação da Santa Cruz são a morte de Cristo na Cruz e a redenção que Ele nos conquistou.
A antífona de entrada serve como tema condutor sobre toda celebração da missa. A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser nossa gloria. Nela está nossa vida e ressurreição e foi por ela que Jesus nos salvou e libertou. No prefacio, próprio da festa da Cruz de Cristo e colocado em antítese com a árvore do conhecimento do paraíso. Pusestes no lenho da Cruz a salvação da humanidade para que a vida ressurgisse de onde a morte viera e o que vencera na árvore do paraíso na árvore da Cruz fosse vencida. No evangelho de João 3, 13-17 são a prefiguração do símbolo do Senhor exaltado na Cruz na serpente de bronze que Moisés suspendeu em poste para sua presença, trouxeste a libertação para todos que estavam prestes a morrer.
A aclamação ao Evangelho “Nós vos adoramos Senhor e vos bendizemos porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.”; a oração do dia pede que Deus nos conceda a graça de participar dos frutos da redenção; a oração sobre as oferendas pede a purificação de todas as nossas faltas e aquela oração após a comunhão pede que nós participemos da gloria da ressurreição. Assim à temática da festa da exaltação da santa Cruz é idêntica a temática da liturgia da Sexta Feira Santa.
A expressão exaltação da Santa Cruz deve ser corretamente compendiada para evitar mal entendidos. Erraria se apresentasse como apologia do sofrimento privado do contexto que se deu na vida de Jesus. O diálogo com Nicodemos ajuda-nos a encontrar o sentido da Cruz no conjunto do ministério do mestre. Evocando a serpente de bronze erguida por Moisés no deserto, Jesus afirma ser necessário que Ele também fosse elevado para salvar os que haveriam de crer Nele.
Como a serpente de bronze era prior de vida para o povo pecador que a contemplava no alto do mastro o mesmo aconteceria com o Messias. A força salvadora do Filho erguido na Cruz era clara manifestação da presença do Pai em sua vida, afinal, na Cruz o Filho revelava sua mais absoluta fidelidade ao Pai. Os que recusaram trilhar um caminho traçado pelo Pai tiveram que confrontar a terrível experiência de sofrer a morte dos malfeitores. Assim tornou-se fonte de salvação. A exaltação da Cruz tinha por objetivo glorificar Jesus no seu destino incondicional ao querido Pai.
Só é capaz deste gesto quem acolheu a salvação que é portadora e deseja mostrar-se agradecido a Jesus por tamanha prova de amor.
Por: Pe. Ednaldo Alves Vieira
Cometários baseados nas fontes:
É preciso caminhar – Pe. Vitus Gustama
Comentário do Evangelho – Pe. Jaldemir Vitório