Formação

Filosofia: descomplicando “Confissões” de Santo Agostinho

Semanalmente o acadêmico em Filosofia e consagrado da Comunidade de Aliança, Delcy Filho, irá escrever no portal comshalom.org um artigo sobre o livro Confissões de Santo Agostinho. Acompanhe!

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A Obra “Confissões” de Santo Agostinho é composta de treze livros. Do livro I ao IX, Agostinho confessa o seu interior e desenvolve a sua busca pela verdade até encontrar Deus em seu íntimo. A obra perpassa pelas idades de onde se extraem o percurso existencial do autor. Já nos livros X ao XIII há comentários sobre os primeiros capítulos do livro do Gênesis.

Ela é uma obra de genialidade, uma autobiografia sincera de alguém que não poupa a si mesmo, mas ao declarar suas culpas e iniquidades deseja, no fundo, exaltar a bondade divina. Deus está no íntimo do homem. Nas criaturas, não, mas somente em Deus o homem encontrará a paz que inquietamente anseia e busca.

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LIVRO I – Do nascimento aos quinze anos

Logo de início, principia com um louvor a Deus e já declara a síntese de toda a Obra:

“Fizeste-nos para ti e inquieto estará o meu coração enquanto não repousar em Ti”

São vários os temas abordados neste livro, onde Agostinho retrata sua infância e adolescência, analisando tudo a partir de si mesmo, em uma dimensão reflexiva. Trata dos seguintes pontos:

  1. A dificuldade com o estudo da língua grega;
  2. A preferência aos jogos e ao teatro em detrimento dos estudos;
  3. Os primeiros pecados da infância;
  4. O impacto dos rigores da disciplina que lhe impuseram os adultos;
  5. Como nutriu espírito de rivalidade e vanglória nas recitações poéticas e nos jogos;
  6. A análise de como a linguagem se desenvolvia por meio de declamações e recitações;
  7. Admira-se da desproporcionalidade do fato de se admitirem ofensas aos homens, enquanto a ofensa à gramática pareceria mais grave; 
  8.  Os passatempos para os adultos eram coisas aceitáveis e compreensíveis; para crianças era visto pelos adultos como algo contraproducente e não tolerado; 
  9. Deus está presente em toda a criação, que não o contém nem todo, nem em parte, fornecendo argumento contra o panteísmo. A criação está cheia da bondade do Criador;
  10. A observação das crianças que com certa birra exercem domínio sobre os adultos e exercem a sua comunicação exprimindo suas vontades primárias;
  11. A generosidade das amas de leite e de sua mãe. Agostinho percebe aqui a expressão da bondade e da providência divinas;
  12. Relata os primeiros pecados da infância: furto da despensa para pagar por brinquedos, a preguiça ao estudar, a gula e a soberba;
  13. Teve adiado seu batismo, propositalmente por sua mãe que receava que Agostinho recaísse em erro após ser lavado pelo banho purificador, regenerador;
  14. Exalta, em vários trechos, a bondade, a paciência e a doçura divinas que o envolvem e, vai ao longo do texto, citando direta ou indiretamente dezenas de passagens das Escrituras Sagradas;
  15. Volta-se para a memória, indagando-se acerca do que teria ocorrido antes do nascimento (no ventre) ou antes da concepção. Indaga-se o porquê não trazer as recordações dos primeiros momentos da infância;
  16. Analisa como os poetas e declamadores se corrompem, não obstante aperfeiçoando a linguagem, acabam incitando os outros, sobretudo os jovens, à prática de atos libidinosos a exemplo dos deuses gregos;
  17. Confessa-se a si mesmo, sem piedade, para assim exaltar a bondade e misericórdia divinas. Afirma que seu erro foi procurar nas criaturas e não, em Deus: os prazeres, as honras e a verdade.

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Por Delcy Filho – Acadêmico de Filosofia 

 

 


Comentários

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  1. Realmente, uma publicação muito rica e que contribuirá com nossa aprendizagem e espiritualidade. Parabéns pelo trabalho… que Deus te ilumine!

  2. Delcy, Parabéns pelo trabalho e por compartilhar o conhecimento.
    Que Deus te abençoe e Ilumine a sua mente para continuar trazendo conhecimento para todos.