Durante todo o curso da nossa história, o Senhor nos tem conduzido com fidelidade à sua vontade; tem-nos presenteado com a sua graça e demonstrado muito amor para conosco.
São sinais deste amor de Deus por nós, que nos têm acompanhado desde a fundação da nossa Comunidade, São Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila. Estes são baluartes, ou seja, colunas, sustentáculos da vocação Shalom. Assim, falar de Francisco e de Teresa, é para nós falar da nossa vocação, daquilo a que o Senhor nos chama. Sem, no entanto, confundirmo-nos com a vocação franciscana ou a teresiana, pois temos um carisma particular na Igreja, uma vocação com características próprias que, por desígnio de Deus, bebe da vida e dos ensinamentos desses dois santos.
São Francisco nasceu em Assis, na Itália, em 1182. Até os 23 anos de idade levou uma vida leviana; queria ser cavaleiro, como era comum na sua época. Contudo, através de um período de cativeiro e de uma grave doença, Deus interveio em sua vida e mudou o rumo da sua história. Desde então, Francisco pôs-se a levar uma vida de penitência e oração, tratando de pobres e doentes e reerguendo capelas caídas na região de Assis.
Muito nos impressiona na vida de São Francisco o seu amor indiviso e incondicional a Jesus Cristo. Ele é para nós, Shalom, um exemplo de amor esponsal a Cristo. Também nós nos sentimos atraídos a isso e, como Comunidade, sentimos ressoar em nossos corações o seu brado: “O Amor não é amado!”. Tal clamor nos toca singularmente e desperta em nós o ardente desejo de nos consumirmos de amor pelo nosso Amado.
A realidade presente do amor de Deus contrasta sempre com a nossa fraqueza e incapacidade. Assim como o “Irmão de Assis”, somos impelidos a cada momento a exclamar: “Quem és Tu, Senhor? E quem sou eu?”. A experiência das nossas limitações é fundamental para seguirmos firmes confiando unicamente no Senhor.
Como fruto dessa experiência, vemos brotar em nós, assim como em Francisco, uma profunda gratidão. “Nosso coração só pode ter gratidão ao Senhor, gratidão eterna e unir todo nosso ser para corresponder a este amor perfeito com que ele nos ama!” (RVSh, 213).
Ainda impulsionados por este mesmo amor, encontramos em Francisco um exemplo de despojamento e de fraternidade. Aprendemos com ele que para amar a Deus é preciso deixar tudo e que a melhor forma de amar o Senhor é amando os nossos irmãos. Assim somos chamados à vivência radical da pobreza evangélica, de acordo com a forma de vida de cada um (Comunidade de Vida ou Comunidade de Aliança), e encontramos na caridade fraterna a força e o impulso para sermos fiéis à nossa Vocação.
Essas são as principais influências de Francisco que trazemos em nosso carisma, mas poderíamos citar ainda outras, como o amor ao Crucificado, a submissão à Santa Igreja, a vida missionária e a radicalidade na vivência do Evangelho.
Diante da nossa total incapacidade em corresponder, com as nossas próprias forças, ao chamado que Deus nos faz, Ele nos concedeu um caminho seguro, sem o qual seria impossível viver a nossa Vocação. É o caminho da contemplação, caminho que nos ensina Santa Teresa de Ávila.
Santa Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, no ano de 1515. Aos dezoito anos ingressou no Carmelo, tornando-se depois a grande reformadora dessa Ordem. A experiência de oração e os escritos de Santa Teresa sobre esse assunto dariam-lhe futuramente o título de Doutora da Igreja.
Como Comunidade Católica Shalom, sentimo-nos atraídos pelo Senhor à vivência profunda da oração aos moldes de Santa Teresa de Ávila. Para ela, a oração é um trato de amizade, relacionamento livre e espontâneo com Deus, que deve ser cultivada e alimentada com determinação a cada dia. Não há como conciliar oração com comodismo. Temos a consciência de que o Senhor nos chama também a isso. Há em nossos corações um apelo insistente à vida de contemplação, pela vida “parada com Deus”.
Mesmo em meio aos inúmero afazeres do nosso cotidiano, Deus nos chama a estar com Ele, a permanecer em sua presença. Temos aprendido assim que é impossível ser Shalom sem vida de oração. É na oração que colhemos as graças necessárias para a vivência fiel do nosso carisma. É também nela que colhemos as virtudes e a vida de santidade que são como que o termômetro com o qual medimos a intensidade e a profundidade da vida de oração.
Fonte: Revista Shalom Maná / Jul 2003
Este livro se propõe a ser um amigo de jornada para todos nós. Tenha em mãos meditações de Santa Teresa para cada dia do ano. É formado por pensamentos selecionados do grande patrimônio dos escritos de Teresa d´Ávila. Foram escolhidos com critérios de simplicidade, já que não é necessário pensar muito para entender o que a mestra Teresa quer dizer. Podemos também dizer que Teresa usa continuamente três livros, os quais conhece muito bem: os livros Jesus, Vida e Igreja.
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