Chegamos com alegria à Páscoa do Senhor Jesus. Ele viveu no meio de nós durante o Tempo da Quaresma nos fazendo um convite único: “convertei-vos. O Reino de Deus está próximo.” Alguns profetas antigos nos convidaram a trilhar três caminhos para chegarmos à terra prometida, que é formada por céus novos e terras novas, que começam no aqui e no agora.
O caminho da oração: Sem a oração, sem o diálogo permanente com Deus, não se pode agir bem nem pensar bem; a oração é a força que nos converte o coração. Pela oração, os nossos olhos se fazem capazes de ver o rosto de Deus em Deus, em tudo e em todos.
O caminho do jejum: Não só do jejum das coisas supérfluas da vida, mas especialmente e sobretudo o jejum do pecado: não adianta colocar cinza na cabeça, rasgar as vestes e ter o coração cheio de injustiça e de mal; sem o jejum, caminhamos lentamente e não chegamos à meta da ação da vida para nós e para os outros.
O caminho da esmola: Abrir as portas antes da mente, do coração e da casa aos que pedem ajuda e não têm onde reclinar a cabeça, não têm pão, não têm assistência médica, não têm uma vida digna. Esmola não é dar o que sobra por compaixão, mas é dar o que o outro tem direito de receber. Um caminho quaresmal que culmina na noite santa da Páscoa, onde nos reunimos acendemos novas luzes, e escutamos o Senhor de todos os tempos, que fala para que façamos memória dos tempos antigos, nos quais fomos libertados, e através do deserto nos acompanhou até a terra da liberdade e do amor.
Durante a Quaresma, temos escutado os profetas antigos e os novos, e por que não chamar de profetas de hoje, como o Papa Francisco, que faz soar a sua voz corajosa pelo mundo afora, sendo voz e vez dos pobres e dos marginalizados, dos descartados numa sociedade do bem-estar social econômico? Por que não chamar de profetas todos os que,independentemente da religião, levantam a própria voz em defesa da vida? Por que não chamar de profetas os mártires que morrem em defesa da fé, da justiça e da paz?
Vivemos, sem dúvida, num mundo circundado de santos e não os vemos. Prestamos atenção ao pecado, ao mal, ao diabo, semeador de injustiça, mas na noite santa renovamos as promessas batismais, nas quais temos reafirmado a nossa fé e rejeitado o demônio e todo o seu império. Páscoa, ponto de partida e de chegada. Os nossos passos se detêm na boca do sepulcro; olhamos para dentro e está vazio. Jesus ressuscitou, mas onde? Em mim e em você, na Igreja, no mundo.
Aleluia, Aleluia, Aleluia!
Aleluia, o hino que vamos, no Tempo Pascal, repetir milhares de vezes em todas as liturgias. Não podemos rezar sem dizer aleluia, nem proclamar a Palavra de Deus sem cantar aleluia…, mas, afinal, que quer dizer esta palavra intraduzível e presente em todas as línguas de onde tem alguém que crê?
Louvai o Senhor, bendizei o Senhor. É um canto de vitória, pois o antigo e novo inimigo está derrotado para sempre não pela força humana, mas pela força divina; não pela coragem do ser humano sempre fugitivo, mas pela força de Deus, que nos chama e nos faz tocar com a mão o seu poder.
A Palavra de Deus é cheia deste canto, do Gênesis até o Apocalipse, e nós devemos fazê-la ação pelo mundo afora, sem medo. O aleluia é o canto de quem tem vencido o pecado em si mesmo e nos outros. É o canto da comunidade reunida que, superando todos os medos, desertos e noites, caminha guiada pela nova luz do amor e da paz. A leitura proclamada nos fala de libertação, de ceia, de caminho, mas especialmente, de vitória. Peçamos ao Senhor viver o nosso aleluia e nunca ter medo dos assaltos do mal. Tenhamos dentro de nós a certeza de que o mal pode ser vencido não com as nossas forças, sozinhos, mas com a força de Deus, que ressuscita Jesus para que Ele continue a caminhar conosco.
Cristo Ressuscitado não morre mais
Temos cantado o glória festivo, os sinos têm retomado a sua voz, a natureza resplandece ao novo sol da vida; é Páscoa. O inverno passou, como canta o Cântico dos Cânticos, a primavera da vida chegou. O apóstolo Paulo na Carta aos Romanos nos convida a fazer o nosso ato de fé – o Cristo ressuscitou e não morre mais. Esta não é uma frase para dar coragem, é uma certeza que nos confirma na nossa fé. Quando somos batizados, somos mergulhados na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Caminhamos na nova vida, anunciando a todos esta certeza: Cristo Ressuscitou, Aleluia! Ele não morre mais, Aleluia!
Pedro nunca perdeu a fé em Jesus
Convido você a ler com atenção este relato da ressurreição de Jesus transmitido pelo evangelista Lucas. Todos dizem
que Jesus ressuscitou, viram as mulheres e anunciaram a ressurreição aos apóstolos, mas todos achavam que estas coisas não eram verdadeiras, eram fantasias provocadas pela dor da morte de Jesus e nada mais. Mas eles acharam que tudo isso era desvario e não acreditaram. Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Pedro nunca perdeu a fé e a esperança de que Jesus Ressuscitou. É belo este versículo que nos faz entrar no coração de Pedro, é
o que nós devemos fazer no dia de Páscoa. Levantar-nos e correr ao sepulcro e o encontraremos vazio e acreditaremos no mistério da ressurreição. Jesus deixa o sepulcro vazio do pecado e entra com a sua luz.
Isto é Páscoa
Jesus deixa vazio o sepulcro do egoísmo e ressuscita a caridade, Jesus deixa vazio o sepulcro da tristeza e ressuscita a alegria, Jesus deixa vazio o sepulcro do ódio e ressuscita o amor, Jesus deixa vazio o sepulcro da guerra e ressuscita a paz, Isto é Páscoa, é aleluia e vida nova. Corra comigo, com todos, a dizer para todos que creem. Cristo ressuscitou e não morre mais. Isto é Páscoa, aleluia. Deixo você com uma frase do Papa Francisco para ser vivenciada: “Se verdadeiramente reconhecemos que Deus existe, não podemos deixar de O adorar, por vezes num silêncio cheio de enlevo, ou de Lhe cantar em festivo louvor.”
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