Formação

Frei Patrício: Rezemos pelos nossos pastores

Que, nestes dias do Bom Pastor, do nosso coração possa subir até Deus uma oração forte e fervorosa para que Ele envie operários a sua Igreja. Gostaria também de dizer: cada um de nós é chamado a ser pastor e ovelha ao mesmo tempo.

comshalom

O quarto domingo da Páscoa é chamado de domingo do Bom Pastor, e o Papa São Paulo VI quis que, neste dia, se celebrasse o dia mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Neste momento, em que estou escrevendo, ainda não saiu a mensagem do Papa Francisco para esta jornada. Não sei qual será a sua palavra e nem o tema central, mas, sem dúvida, fará referência a este tema tão importante de como fazer para acender no coração dos jovens o desejo de ser pastor e que tipo de pastor a Igreja e o mundo de hoje precisam.

Nós pastores, isto é, padres, bispos, somos missionários, religiosos, e muitas vezes perdemos credibilidade no meio da juventude e do povo por causa da nossa falta de testemunho e de santidade. Este é um fato que devemos ter a coragem de assumir. Que fazer diante de tudo isto? Desanimar? De jeito algum! Como dizia minha mãe, Domenica: “devemos criar vergonha na cara, caminhar de cabeça erguida em busca de uma vida santa, fazer o que diz Santa Teresinha do Menino Jesus: ‘os meus defeitos deveriam me desanimar e, no entanto, me dão coragem.””

Também não devemos generalizar. Há sacerdotes santos que se sacrificam e que estão dispostos a dar a própria vida com generosidade para o rebanho; que não são administradores de coisas, de dinheiro, mas sim de santidade e de sacramentos, e que sabem sentar horas e horas no silêncio de um confessionário esperando pecadores; sacerdotes que vão pelas ruas mais obscuras buscando pecadores e sentam-se à mesa com eles para que voltem ao amor misericordioso do Pai, que os espera no abraço do amor e do perdão.

Ventos da Esperança

O pessimismo é uma péssima doença que afeta o ser humano e todos os nossos órgãos. A pessoa pessimista não vê direito, não escuta direito e nem pensa direito. Devemos abrir as portas ao novo vento da esperança, caminhar pelas estradas do mundo anunciando Jesus e convidando jovens e menos jovens para assumir o ministério sacerdotal. Não é deixando o celibato livre que virão mais vocações.

É um chamado por parte de Deus e, se Ele nos chama, inutilmente trabalham os construtores; é o Senhor que age, mas nós devemos oferecer todas as oportunidades para que esse chamado aconteça. O rebanho não é propriedade de ninguém a não ser do Senhor. Ele nos deu o segredo: rezar para o dono da messe para que envie operários para Sua messe. “A messe é grande, mas os operários são poucos.” (Lc 10,2). Uma messe que beira os nove bilhões no mundo afora e os operários diminuem sempre mais. Mas, ainda assim, ao dono da messe não faltam meios, para chegar ao
coração das pessoas para que esta não se perca.

Que, nestes dias do Bom Pastor, do nosso coração possa subir até Deus uma oração forte e fervorosa, uma súplica incessante para que Ele envie operários a sua Igreja. Gostaria também de dizer: cada um de nós, no pequeno ou grande espaço em que vive, é chamado a ser pastor e ovelha ao mesmo tempo. Ovelha porque escuta a voz dos pastores, e pastor porque se preocupa com a salvação dos outros; todos somos anunciadores do Evangelho e enviados para que Jesus seja amado e conhecido.

Vamos aos pagãos

Tenho lido uma frase que me tem tocado profundamente o coração e colocado numa crise santa nas minhas homilias e pregações (dizem que é de São Francisco de Sales): “não fale de Deus a quem não quer escutar, mas viva de maneira tal que lhe peçam para falar de Deus.” Paulo encontrou, como todos os apóstolos, como o mesmo Jesus e todos os missionários, uma grande resistência por parte do povo. Muitas vezes, nos parece que estamos falando no deserto e que as pessoas não querem mais escutar falar de Deus.

Essa atitude de indiferença, de fechamento e de surdez interior não deve nos desanimar. Se em um lugar não nos escutam, em outros lugares há sedentos e famintos das palavras de Deus. Quem sabe um dia quem, não queria escutar volte atrás e peça que lhe falemos do Senhor. Paulo e Barnabé usaram todos os meios para anunciar o Evangelho de Jesus; não se cansaram de percorrer mares e montes. Os pagãos ficaram muito contentes em escutar a Palavra de Deus e muitos abraçaram a fé. Hoje também nós devemos redescobrir essa alegria de comunicar a Palavra de Deus através de todos os meios à nossa disposição.

Jesus nos levará às fontes de Água Viva

Muitos são os pastores, mas só há um único Pastor: Jesus. Nós somos todos mediadores, instrumentos. Se Deus não tocar os nossos corações, seremos incapazes de oferecer um verdadeiro alimento ao Seu povo. Qual é o alimento que o povo de Deus precisa no seu caminho? É o pão da Palavra, da misericórdia, do perdão, da paz, do amor. É o pão vivo descido do céu, que é a Eucaristia; este é o pão que o povo busca na Igreja. É este o pão que a Igreja deve sempre dar.

Muitas vezes nos transformamos em obra de assistências sociais e perdemos de vista a missão central de Jesus. É claro que devemos também ajudar os que se encontram em dificuldades, pois Jesus nos disse: “tive fome e não me destes de comer” (Mt 25,42), porém, mais do que o pão para o corpo, devemos dar o pão para a alma; pois será o encontro com Jesus que vai desencadear no ser humano um verdadeiro processo de evolução para chegar à sua plena
dignidade humana.

Eu dou a vida

Parece-me que aqui está o autêntico segredo da vida sacerdotal de todos os sacerdotes do mundo: dar a vida e dá-la em plenitude. Os leigos podem desempenhar todas as funções, menos três: celebrar a Eucaristia, celebrar o Sacramento da Reconciliação e a Unção dos Enfermos. Estas são prioridade exclusiva dos sacerdotes, por isso devemos dar prioridade à nossa missão sacerdotal, vivermos 24 horas por dia em dedicação a esta missão tão bela e tão sublime.

Muitas vezes, o povo faz bem em reclamar da santidade dos seus presbíteros, dos seus sacerdotes. Neste dia dedicado às vocações, pensemos em todos os sacerdotes que temos encontrado na nossa vida e agradeçamos ao Senhor se foram bons e santos, e se não, rezemos por eles para que sejam no futuro, e para que Deus perdoe suas faltas. Todos os dias devemos rezar pelos sacerdotes que, como diz Santa Teresinha, “são o sal do sal da terra.” Neste dia, rezemos: Senhor, dai-nos sacerdotes santos. Peço que rezem por mim.

Frei Patrício: Páscoa é caminhar com Maria


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.