Tive minha primeira experiência com Deus aos sete anos de idade, através de irmãs religiosas com quem tinha contato. Mesmo sem saber direito do que se tratava, sem saber ao menos dar nome, sentia-me atraída por aquela forma de vida. Foi então que iniciei meus passos na vida cristã.
O tempo passou, eu cresci e cada vez me sentia mais atraída por Deus a consagrar minha vida a Ele. Eu não sabia o que devia fazer, foi quando conheci a Comunidade Católica Shalom no ano 2000 e logo percebi que ali era meu lugar.
Ingressei na Comunidade em 2003. Desde que tive minha experiência com Deus, senti-me atraída ao celibato. Sentia-me amada de uma forma diferente. Sabia que Deus era apaixonado por mim e isso me fazia querer ser apaixonada por Ele também. Nesse tempo de descoberta da vontade de Deus, muitos questionamentos foram surgindo dentro de mim. “Será que eu serei capaz de abraçar o celibato por toda a minha vida? Será que é isso mesmo? Eu não estou ficando louca?” eram algumas das perguntas que eu me fazia. A resposta para todas era sempre o amor de Deus que me conquistava cada vez mais e dava-me a certeza de que confiar em Sua voz e em Sua vontade era sempre o melhor.
O celibato, que sempre me atraiu, não só me atraía, mas completava a minha vida, pois dizia respeito à minha essência. Era isso! Foi para isso que eu nasci. Não foi apenas para viver uma consagração de vida em um carisma específico que Deus me criou, e creio profundamente que Ele me chamou, mas também me criou para ser celibatária pelo Reino dos Céus.
Fui trilhando silenciosamente um celibato formativo, um tempo orientado por minhas autoridades, e em outro momento por determinação pessoal, pois sabia que meu coração, meus ouvidos e sentidos precisavam estar “livres” e atentos para a voz de Deus. Eu desejava e sabia que Ele falaria, pois meu coração ansiava profundamente.
Nesse tempo tão rico no celibato formativo, muitas coisas foram se levantado: apaixonamentos inesperados que me deixavam confusa muitas vezes; desejava viver os sonhos de meus pais, pois em minha família só restava a mim para realizar o sonho de meus pais que era de casar uma filha. Achava que era minha “responsabilidade” e que devia agradá-los, mas Deus aos poucos foi purificando minhas motivações .
Em contrapartida, tinha medo de assumir o celibato como fuga, porque por mais que me sentisse atraída e tivesse a certeza de que Deus me chamava a essa oferta total do meu ser, lembrava que em minha família não tinha testemunhos verdadeiros e concretos de matrimônio . Eu olhava e via casamentos que não haviam dado certo, inclusive o dos meus pais e irmãos. Olhava tudo e dizia: “Não quero ser mais uma a viver um fracasso, não quero essa vida pra mim”. Entretanto, Deus mais uma vez veio em meu socorro, purificando-me.
Essa purificação trilhei com a ajuda dos meus formadores em um caminho de cura, por meio do curso Tecendo o Fio de Ouro e o retiro Curados para Amar. Ambos são ministrados pela Comunidade Shalom. Fui percebendo toda condução e desígnio de Deus para minha vida através de muitas formações e de, forma muito especial, na Reciclagem de 2009 (retiro anual de 10 dias que os membros da Comunidade Shalom participam) com o tema “Belo é o Amor Humano”, que abordava as formas de vida.
Por fim, pela graça de Deus, fiz o retiro dos candidatos ao celibato em dezembro de 2013, quando tive ainda mais certeza desse chamado. Fui participar desse encontro muito tranquila e despojada das convicções que trazia dentro de mim.
Ao sair, uma frase ecoava em meu coração: “Gerar filhos para Deus. É isso!”
Que este celibato seja, a cada dia, fecundo para gerar filhos espirituais, para tocar o corpo de Cristo no corpo comunitário, no meu próximo, naqueles que o Senhor me confia, tocar a vida de meus irmãos em toda a humanidade e no seio da Igreja.
É por amor a Deus a minha oferta de vida. Sei que não é um caminho fácil, mas digo com toda convicção: é para mim o caminho mais feliz e não há outro como este. Como membro da Comunidade de Aliança, abraço o caminho que o Senhor me chama a desbravar.
Sou Rosália Maria Santos, filha de Deus, Shalom, celibatária pelo Reino dos Céus para sempre.