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Certo dia, um pai me contou que, enquanto ele e a esposa tentavam prestar atenção a uma palestra em um dos retiros da comunidade, sua filhinha de três anos insistia em puxar com ele os mais diversos tipos de assunto. Tentando distrair a menina de um modo piedoso, o papai sugeriu: ‘Vá lá na capela rezar pelo papai, pela mamãe, pelo irmãozinho…’
A pequena correu para a capela e o pai, feliz com sua brilhante idéia, recomeçou a focar a atenção na pregação, certo de que teria, pelo menos, quinze minutos de trégua. Ledo engano. Cinco minutos depois, lá está a orante de volta: ‘Pronto, já rezei!’.
‘Já?!?’, surpreendeu-se o pai e, certo de que funcionaria outra vez, deu-lhe mais uma lista de tios, avós e primos para intercessão. Logo a pequena voltou e o pai deu-lhe outra lista, que logo foi cumprida.
Percebendo que precisava mudar de tática, arriscou: ‘Olha, agora, você vai, não diz nada, e fica escutando o Papai do Céu. Não volte até que ele tenha te falado tudo o que ele quer, entendeu? Fica caladinha, quietinha e escuta até ele dizer tudinho, certo?’. ‘Certo!’, respondeu a pequena correndo, entusiasmada.
Mais entusiasmado, porém, estava o pai. ‘Ora, se ela, para rezar por uma lista daquelas, levava cinco minutos, agora, para escutar a Deus, vai levar um tempão. É capaz até de dormir, se Deus quiser.’ E, com um canto do olho viu a filhinha prostrada na capela. Talvez baseado em sua própria experiência, pensou: ‘Oba! Aí é sono na certa!’ e novamente voltou sua atenção para o que Deus lhe queria dizer através do pregador.
Com menos de três minutos, a santinha voltou: ‘Pronto, pai!’. ‘Não acredito! Papai do Céu já falou?!?’ A pirralha balançou a cabeça veementemente. ‘E o que foi que ele disse?’
Com um ar de surpresa pelo que talvez lhe parecesse uma tremenda ignorância daquele pai consagrado, nossa contemplativa respondeu: ‘Ora, tu não sabe, pai?!?… Ele está amando!…’
E, olho no olho, entre o orgulho pela filha e a surpresa pela peça que Deus lhe pregara, o pai entendeu que era aquela a palestra de que precisava.
Neste mês de fevereiro, quando celebramos a apresentação de Jesus no Templo e, com ela, a reapresentação de cada um de nós que queremos, a cada dia, sermos mais inteiramente de Deus, a história de nossa menina vem nos falar de confiança, simplicidade e fé.
Quem sabe o Espírito nos está dizendo: ‘Olha, você já fez o balanço, já preparou o orçamento, já cuidou dos impostos, as crianças já foram para a aula, agora, vai, te aquieta, e ouve o que o Pai tem para te dizer.
Pode até ser que voltemos apenas três minutos depois, nós que possivelmente ficamos vários dez minutos pedindo ao Senhor ajuda para as nossas preocupações. No entanto, se três minutos depois, voltarmos com a mesma afirmação da menininha, teremos entendido tudo e, certamente, teremos feito a melhor das orações.
Não consigo esquecer-me de Frei Patrício contando que, ao nos colocarmos diante do sacrário, nada mais devemos dizer senão: ‘Senhor, cheguei! Ama-me!’ O resto é com Ele! Sem complicações, sem regras, sem preocupações. Com toda confiança, esperança, entrega, abandono. É isso o que agrada o Senhor.
Que neste mês de fevereiro, pela intercessão de Nossa Senhora de Lourdes, o Senhor nos dê a graça de voltar correndo e dizer ao mundo:
‘Ora, então, você não sabe?!?… Deus está amando!’

Shalom! Deus abençoe!

Maria Emmir


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