Formação

Gravidez não planejada. E agora?!

comshalom

Minha amiga está grávida, o que devo fazer?! Você já se fez esta pergunta? Conhece alguém que já passou por essa situação? De qualquer modo, esta não é uma realidade distante de nós, ao contrário, acredito que Deus sempre manifestará sua providência no que diz respeito à luta pela vida e, neste combate, nós devemos agir como corajosos soldados em campo de batalha. Quando refiro-me à divina providência, falo de “mães gestantes” que o Senhor confiará a nós para que, com Ele, defendamos a vida.

Com a crescente “liberdade sexual”, tem aumentado entre os jovens, inclusive entre os adolescentes, o número de gravidez indesejada e o resultado desta situação desfavorável é a jovem não receber com a alegria natural das mães a notícia da sua gravidez, sendo tomada de sentimentos de culpa, desespero, vergonha e abandono, quase sempre arrasadores para a sua vida e a do bebê. O comportamento do futuro pai é imprevisível e, na maioria das vezes, também ele, despreparado, não tem condições de prestar o apoio que a jovem gestante necessita, nem de arcar com a responsabilidade que a nova situação exige.

Muitas perguntas surgem imediatamente à confirmação da gravidez: “Qual o destino da gravidez?”; “Prosseguirá até o fim?”; “Aborto?”; “Quem cuidará do bebê?”; “A criança será doada?”; “Os avós assumirão, emocional e financeiramente, a mãe e o filho?”. Nesse momento em que a gestante decidirá sobre o seu filho, é preciso uma orientação segura e apoio da família, do médico e dos amigos, para que possa decidir em favor da vida.

As mulheres que têm filhos não planejados, que pensam em colocá-los em creches ou sob o cuidado de outras pessoas, ou que optam pelo aborto por não quererem assumir compromissos, obrigações e deveres, pois acham que estão lhes sendo feitas exigências demais; tendem a buscar uma felicidade ilusória, aquela que a faz “ser livre de alguém”, quando na verdade a felicidade consiste em “ser livre para algo ou alguém”. O mais importante não é a liberdade de algo, como diz Victor Frankl, psicólogo existencialista, mas a liberdade para algo, para decidir-se por alguém, apesar das circunstâncias contrárias. Nenhuma situação humana é privada de sentido, por mais desesperadora que seja. Há sempre a possibilidade de uma atitude positiva diante de uma situação desanimadora, mas esta convicção deve ser construída dentro de si mesmo: é uma resposta que se dá ao mundo, e não que se recebe dele.

Assistindo a um filme recentemente, enriqueceu-me o depoimento de uma mãe solteira que declarou ter sido surpreendida com um grande presente que a vida lhe fizera, quando na verdade tinha acreditado que sua gravidez era sinal de um grande fracasso.

A vida é sempre um bem, e decidir-se por ela é o máximo da liberdade humana, uma vez que “Jesus venceu a morte e ressuscitou” (Hb 12,24), “para que todos tenhamos vida, e a tenhamos em abundância” (Jo 10,10).

A atual “concepção de liberdade que exalta o indivíduo de modo absoluto e não o predispõe para a solidariedade, para o pleno acolhimento e serviço ao outro”, contamina-o da cultura de morte, pois manifesta uma “liberdade totalmente individualista, no seu todo, que acaba por ser a liberdade dos mais fortes contra os destinados a sucumbir” (Evangelium Vitae).

É no sangue de Jesus que todos os homens recebem a força para empenhar-se em favor da vida. É este o fundamento da certeza absoluta de que, segundo o desígnio de Deus, a vitória será da vida. “A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,54-55). A partir daí, toda luta em favor do prosseguimento de uma gravidez será vitoriosa; será em favor da vida, do homem e da esperança.

Recordo-me agora de uma adolescente de 15 anos que engravidou do namorado e tentou o aborto. Uma amiga sua, ao tomar conhecimento do que havia acontecido, levou-a às pressas ao hospital para salvar o bebê, mas a coragem, a força e o compromisso desta amiga não tiveram tempo de impedir o aborto.

Todos nós “encontramo-nos não só diante, mas necessariamente no meio do dramático combate entre a vida e a morte. Todos estamos implicados, e tomamos parte nele, com a responsabilidade iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida.” (Evangelium Vitae). Como cristãos, não podemos tirar o corpo fora, fazer de conta que um compromisso não deve ser assumido. Defender a vida, nesse caso, é defender mãe e filho das constantes ameaças biológicas, sociais, culturais e econômicas que começam a aparecer. Assumir essa defesa exige de cada um de nós uma mudança de planos, porque uma outra pessoa passou a existir. No sentido mais concreto, isso significa que não caberá a nós apenas um belo discurso sobre o Evangelho da Vida, mas uma ação eficaz que promova o desenvolvimento, o crescimento e o amparo da mãe e do filho.

Levantar a bandeira da vida reclama a capacidade de doar o próprio tempo, reordenar as prioridades pessoais, dividir os bens, ofertar os dons, defender da morte, educar segundo os valores cristãos, como fez o Filho de Deus. É uma tarefa daquele que ama, que é bondoso, que não busca os seus próprios interesses, que não se alegra com a injustiça, que tudo suporta, tudo crê, tudo espera… É 1Coríntios 13, é a Palavra de Deus vivida e encarnada; é a esperança fundamentada no evangelho quando então o Senhor nos dirá: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo.” (Mt 25,34).


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.

  1. A teoria é muito bonita e convincente, mas na prática é totalmente diferente. A verdade é que as igrejas não tem preparado nossos jovens pra isso. É muito fácil opinar quando não acontece com agente. Como dizer para uma criança e um adolescente que eles iram cuidar de uma criança… A justificativa seria a fé, mas a fé é individual e pessoal.

  2. Proteger a vida e importante e necessário,mas defende a educação e fundamental ou estaremos indiretamente fazendo apologia au sexo antes e fora do casamento.