“NÃO TEMO OS MAUS, MAS TEMO, SIM, O SILÊNCIO DOS BONS!” Esta frase, simples e curta, do grande mestre Luther King, contém um ensinamento prático e muito concreto para os nossos dias.
De fato, a maldade cresce, na medida em que o bem ou a virtude se retira. Na linha da moral, essa atitude se chama omissão.
Uma área em que os cristãos estão muito calados é no tocante aos seus direitos de cidadania tanto do lado civil, como do lado religioso. É bom lembrar que o apóstolo Paulo fala duma cidadania que provém do fato de sermos cristãos: De modo que já não sois estrangeiros, nem adventícios, mas concidadãos consagrados da família de Deus” (Ef. 2,19). Temos direito de reclamar, gritar e exigir das autoridades que nossos direitos sejam respeitados. E, no momento, está em jogo, na Câmara Federal, o direito à vida, com a tramitação da lei do aborto. Qual tem sido o nosso grito? E a venda das sentenças da parte de magistrados e pessoas do alto escalão? Em minhas mãos, a Folha de São Paulo de domingo passado, dia 22, revela que uma juíza federal faz negociações com um advogado sobre sentenças para autorizar o funcionamento de diversos bingos. Esse fato escandaloso é apenas uma poça de água podre no grande lamaçal que vem envolvendo procurador da República, desembargadores e tantos magistrados, que integram o esquema de venda de sentenças para favorecer bingos e bicheiros. E a safadagem e esperteza dos deputados federais, com a meta de aumentar os seus salários? Num primeiro tempo, num jogo mais aberto, foram barrados pelo povo que reagiu, através de telegramas, e-mails e telefonemas. Mas, numa segunda investida, meios à surdina, conseguiram aumentar os seus salários, que já eram bem altos e até polpudos.
A religião dá plenos direitos de o cristão reagir contra esses desmandos dos maus políticos e autoridades corruptos. Aliás, não somente um direito, mas sagrado dever. É o que afirma o Concílio Vaticano 2º. “Se a autoridade pública, exorbitando da sua competência, oprimir os cidadãos, estes devem defender os seus direitos e os dos seus concidadãos contra os abusos do poder, guardados os limites traçados pela lei natural e pela lei evangélica” (Gaudium et Spes, 74, 5). Um dos meios de que o cidadão dispõe para proteger os seus direitos é a denúncia. Esta é a hora da denúncia. GRITA, POVO! Um grito ao alcance de todos consiste em enviar telegramas, e-mails aos deputados, senadores, pedindo que votem contra a lei do aborto. Bem perto de nós temos o deputado Dr. Talmir Rodrigues. É de Presidente Prudente. Podemos recorrer a outros deputados federais, conhecidos ou amigos, principalmente os que vêm buscar voto em nossa região, pedindo a eles que votem contra o aborto. O endereço é: CÂMARA DOS DEPUTADOS – 70160-900 BRASÍLIA/DF.
Da minha parte, estou hoje mesmo, manifestando aos deputados, meu repúdio à corrupção e o pedido do voto contra o aborto.
A história tem demonstrado que, muitas vezes, o povo, indignado com a injustiça e corrupção, consegue se organizar e pôr ordem na casa. GRITA, POVO!
Dom Antônio de Sousa
Bispo emérito de Assis (SP)
Fonte: CNBB