Por ocasião do Fórum Carismático Shalom 2000, Jo Croissant, membro da Comunidade das Beatitudes, da França, esteve em Fortaleza e ministrou um curso intitulado “Homem e mulher, imagem de Deus”. Todo este curso será publicado nesta seção. Neste número teremos a primeira pregação e nos números seguintes as seqüências.
Há mais ou menos dez anos, assisti a um programa de televisão na França, sobre o homossexualismo, que achei terrível, porque não sabiam escutar um ao outro, as pessoas entrevistadas não se entendiam. Quando uma pessoa tinha coragem de expressar uma opinião diferente, todos se levantavam e começavam a gritar, sem se entenderem. E alguns irmãos e irmãs de nossa Comunidade estavam lá, participando desse programa, mas não tiveram oportunidade sequer de abrir a boca. Na noite seguinte, do meu coração subia um grito, Deus me dizia: “É a mulher que não está no seu lugar”. Pareceu-me evidente que na crise de identidade da nossa sociedade, a chave de abertura da solução estava com a mulher. A mulher poderia nos tirar desse impasse. A partir desse momento, não parei mais de aprofundar-me nesse assunto. De um lado, comecei a escutar muitas mulheres, e de outro, entreguei-me à oração e à meditação das Escrituras.
João Paulo II mesmo nos convida a meditar o texto da criação, em Gênesis, e cada vez que medito maravilho-me. A Palavra de Deus é uma palavra de vida, quanto mais meditamos nela, mais somos reestruturados, mais compreendemos quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Então, em Gênesis há dois textos que falam da criação do homem e da mulher. No primeiro (Gn 1,26), “Deus diz: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança’. Deus criou Adão (ser humano) à sua imagem e semelhança. Homem e mulher ele o criou”. Quando ouvimos isso em francês ou em português, achamos interessante, mas não compreendemos muito. Mas quando o meditamos em hebraico, descobrimos uma riqueza de sentido, que é muito interessante. O texto diz que Deus criou Adão à sua imagem. Adão é o ser humano, o homem e a mulher. Em hebraico, “adamar” é a terra; Adão é então aquele que foi retirado da terra e foi moldado pela mão de Deus.
Quando se diz homem e mulher, em hebraico, são duas palavras diferentes, que identificam identidades diferentes. Homem, em hebraico, é “zarrar”, que significa fazer memória, tornar presente um acontecimento do passado. E muitas vezes nas Escrituras Deus manda o homem contar os acontecimentos aos seus filhos. Isso significa que quando o homem conta ao seu filho, por exemplo a saída do Egito, ou a entrada em Jerusalém, ele comunica a presença da graça de Deus. Essa é uma capacidade belíssima do homem, de transmitir a herança espiritual, cultural e histórica. No nome “zarrar” existe uma letra que tem a forma de uma espada, porque esse nome tem o sentido de penetrar e ao mesmo tempo relembra a sexualidade do homem, o homem que no ato sexual vai penetrar o corpo da mulher para lá depositar a semente, mas também que vai trabalhar a terra para lá depositar a semente. Essa vocação do homem é muito nobre, é bela.
Para a mulher, a palavra empregada é “nequeva”, que significa gruta, fenda, um espaço interior. Eu fico maravilhada sempre que digo essa palavra “nequeva” porque é assim a descrição do corpo da mulher. O mistério da vocação da mulher que está inscrito no seu próprio corpo. Esse espaço interior, receptáculo, alguma coisa cuja finalidade é conter. Através disso, pode-se compreender toda a vocação da mulher, que tem no seu próprio corpo a possibilidade para acolher uma criança. É uma vocação de acolhimento: acolhe a vida, acolhe a semente do homem, acolhe o seu amor, acolhe a criança e a leva no seu corpo. O corpo da mulher nos mergulha numa perspectiva de ação de graças com relação ao plano de Deus.
Deveríamos entrar numa perspectiva de respeito imenso pelo corpo uns dos outros. O corpo do homem, que está cheio de força, que foi feito também para proteger a mulher e a criança, para usar sua força física e sua inteligência, para criar uma sociedade onde haja um lugar claro para a mulher e para a criança. E esse corpo da mulher que traz em si o mistério da vida. E se vê através da sexualidade, do corpo do homem e da mulher como sua identidade é diferente, assim como sua missão. O trabalho do homem vai ser mais invisível, mais eficaz. O trabalho da mulher vai ser mais escondido, mais voltado à fecundidade. A mulher espera o tempo para que a semente que foi colocada no seu corpo possa se tornar uma criança completa. Mas vejam, o demônio tem a mania de tentar transformar a graça em maldição. Hoje eu diria que o demônio se dedica a atacar a mulher em especial nessa capacidade de dar a vida. Ele vem fazendo isso desde o Gênesis, ele quer passar através da mulher para atingir o homem e o que acontece é que o homem que não cumpre o seu papel não está no seu local para proteger a mulher.
“Não é bom que o homem esteja só”
Passemos ao segundo texto (Gn 2). Nesse capítulo, vemos que Deus criou o céu e a terra, e ficou muito feliz com o que fizera – o texto diz sempre: “Deus viu que era bom” – no sexto dia, criou o homem e a mulher e viu que o que havia feito era muito bom. Portanto, a criação do homem e da mulher é realmente o ápice da criação. Deus reserva sempre o melhor para o fim.
Deus viu que não era bom que o homem estivesse sozinho: “é necessário que eu lhe faça uma companheira, que lhe seja agradável, auxiliar”. Em hebraico é a palavra “ezer” que se traduz por ajuda. Essa é a mesma palavra do salmo que diz: “Meu socorro está no nome do Senhor”. É o socorro, a ajuda que vem de Deus. Essa ajuda que Deus pensou para o homem não é uma serva, uma empregada, mas o socorro que lhe advém de Deus. É muito bonito porque quando vemos o quadro da criação, percebemos que a mulher foi dada como um presente ao homem. A redenção se completa quando novamente Deus dá a mulher como um dom, um presente ao homem. Maria é a nova Eva que foi dada a João e, através dele, a cada um de nós. Essa mulher que foi concebida sem pecado e que pode curar a todo homem que a acolha e que acolha a sua feminilidade. O Novo Testamento está enquadrado em duas frases, a primeira quando o anjo diz a José: “Não temas receber Maria em tua casa” e a última, quando Jesus dá Maria a João: “E ele a levou consigo para sua casa”.
O Evangelho de João diz que depois que Jesus entregou Maria a João, viu que tudo tinha se cumprido, então entregou o espírito. O cumprimento de todas as coisas foi, novamente, esse dom da mulher ao homem. Há algumas coisas que vão nos ajudar a entender qual é o lugar da mulher, para ver como poderemos aplicar essas palavras na nossa vida, como nós mulheres vamos nos situar com relação aos homens e como vocês homens vão acolher esse mistério da mulher na sua própria vida.
Voltando a Gênesis 2, Deus faz desfilar diante de Adão todas as criaturas, isso define um pouco a grandeza do homem, essa capacidade que Deus lhe deu de dar nome às criaturas. Quando se dá o nome a alguém se lhe revela a sua identidade. O homem tem essa graça de discernimento, de reconhecer a identidade profunda das coisas, de reinar sobre a criação e as criaturas… No entanto, o homem não encontrou nas criaturas que desfilaram uma ajuda que lhe fosse correspondente. E Deus não achou outra solução a não ser mergulhar Adão num sono profundo, e eu gosto de brincar com os meus irmãos: “Vocês não fiquem impressionados se não conseguem compreender as mulheres, porque quando ela foi criada vocês estavam dormindo”. A mulher vai ser sempre um mistério para o homem.
Então, Deus tirar a “costela” – que em hebraico significa metade, o lado inteiro –. Existe um midraxe* judeu que diz que Deus não tirou a mulher dos olhos dos homens, senão ela se tornaria muito curiosa; também não a fez das orelhas, senão ela teria mania de querer escutar tudo; também não quis tirá-la da boca do homem, senão ela falaria demais; mas Deus fez a mulher do lado do coração do homem, da metade mais íntima do homem. E eu diria que até hoje o homem sente uma falta com relação a esse lado do coração que lhe foi tirado. O homem vai sempre estar à procura de uma mulher que seja a ajuda que lhe corresponda. É por isso que é tão importante para todo homem acolher a maternidade e a feminilidade de Maria. Eu creio que é somente quando se deixa curar pela feminilidade e pela maternidade de Maria que o homem é capaz de acolher a mulher como um dom de Deus.
“A carne da minha carne”
Vejam, Adão é aquele que foi tirado e formado da terra, depois Deus o colocou no Éden, no paraíso. A mulher foi criada no paraíso. É por isso que ela tem sempre a saudade do céu, desse lugar de perfeição. As Escrituras dizem que Eva foi construída, como se constrói, por exemplo, uma cidade. Quando Eva foi criada, o próprio Deus foi apresentá-la a Adão e este grita, um grito de maravilhamento e de revelação. Ao olhar para Eva, vendo a diferença nela, ele começa a compreender quem ele é. Ele tem a revelação de sua própria identidade.
Isso significa que quando o homem acolhe o mistério da mulher ele se torna plenamente um homem, e conhece a sua própria identidade, sabe quem ele é. Então ele grita: “Eis a carne da minha carne, o osso dos meus ossos”. É essa a primeira vez que se ouve a voz de Adão. É a mulher que faz o homem falar. Os homens têm muito mais dificuldade do que as mulheres de expressar as coisas profundas e é através do relacionamento com a mulher que ele vai aprender a partilhar em profundidade.
Então o homem diz: “Ela se chamará “ishá” porque foi tirada do “ish””. E no Gênesis, pela primeira vez, as palavras homem e mulher têm a mesma raiz. É muito bonito saber como são construídas as palavras “ish” e “ishá”, nelas está incluída a palavra “esh”, que é o fogo. Na palavra “ish” tem uma letrinha (“jota” ou “iota). “Iota” é a mesma coisa que “iad” (mão). O homem nunca deve, portanto, esquecer-se de que foi formado pela mão de Deus. E que ele deve estar na bênção, na submissão a Deus. A grande tentação do homem é o orgulho, é acreditar que pode viver sem Deus. Como o homem, normalmente, é muito eficaz, começa muitas vezes a pensar que o senhor é ele mesmo. É necessário que ele lembre que não é o seu criador e entre nessa humildade, que dê glória a Deus.
E na palavra que significa mulher, a letra que está lá é o “rê”, significa sopro. O sopro do Santo Espírito. O “rê” é a letra da oração, a mulher não deve jamais esquecer a oração. Ela é feita para estar em ligação com Deus. Por natureza, ela é mais religiosa que o homem, é mais interiorizada e mais atraída naturalmente para as coisas espirituais.
Então, quando o homem e a mulher se unem no amor, a união dessas duas letras, o “iota” e o “rê”, que fazem a palavra “iá”, aquela mesma que está no aleluia. A união do homem e da mulher na oração e na submissão a Deus trazem a presença de Deus. Mas se o homem esquece-se dessa submissão e dessa humildade, e se a mulher se torna superficial e se deixa atrair pelas coisas exteriores, esquecendo a oração, vai ficar apenas o “esh”, que é o fogo da destruição. E a relação entre homem e mulher se torna terrivelmente destrutiva.
A queda
Vocês podem se perguntar: “Mas como Deus previu que tudo fosse tão belo e tão bom e, apesar de tudo o que Deus desejou, a realidade que nós vivemos não corresponde a isso?”. É muito interessante também lermos o texto da queda, do pecado original, para compreender o nosso próprio mecanismo. A Palavra de Deus é o melhor livro de psicologia que já foi feito. Aqui estão as respostas para todos os nossos questionamentos e a solução para todos os nossos problemas.
O desejo de Deus para o homem e para a mulher é sempre um desejo de felicidade, de plenitude, mas o inimigo de Deus sempre se mete para tentar transformar a graça em maldição e para colocar a dúvida no coração do homem. Deus disse: “Você pode comer de todas as árvores do jardim”. Aí a serpente inverte as coisas: “Quer dizer que você não pode comer de todas as árvores do jardim?”. Quando a serpente coloca na frase de Deus esse “não”, ela transforma completamente a Palavra de Deus.
É interessante ver um pouco o processo da tentação de Eva. A primeira coisa que ela faz é escutar, em seguida acolhe a serpente e aí olha e, ao olhar, vê que a árvore era bela de se ver e desejável para atingir o entendimento. Finalmente, ela pega o fruto e o come. Entrega-o a Adão e ele também o come. Essa tentação de Eva não é, certamente, a da gula, mas de adquirir o discernimento, atingir um poder espiritual. A mulher é sempre atraída por esse poder espiritual e para uma dominação sobre os seres. Como Eva não soube resistir a essa tentação, acabou separando-se de Deus. Foi um momento terrível!
Quando Adão e Eva escutam os passos de Deus no jardim, correm para se esconder porque descobriram que estavam nus. Antes estavam numa inocência original, estavam nus um diante do outro e não tinham vergonha. Mas de repente os seus olhos se abriram e acabam se tornando uma ameaça um para o outro. Foi necessário que Deus costurasse uma túnica de peles. No Gênesis se diz que antes eles eram vestidos de luz, em hebraico “or”. E quando Deus fez para eles túnicas de peles a palavra é a mesma que luz: “or”, mas o sentido é completamente diferente.
Eles trocaram a luz pelas trevas, pela opacidade. Não havia mais transparência entre o ser de um e o ser do outro. O sentido da letra que se usa para a palavra luz: “alef” tem o sentido de unidade, e a significação numérica da palavra “or” quando designa pele, couro é o número 70, ou seja, trocaram a unidade pela multiplicidade. A simplicidade foi trocada pela complicação. E somente o Batismo nos devolve essa luz que perdemos na queda original. Todos os que foram batizados em Cristo foram revestidos do Cristo. A pessoa veste a roupa branca que simboliza a pureza original.
É interessante ver como Deus se dirige a Adão e Eva quando entra no jardim. Isso serve de exemplo para nós, que somos pais, como podemos educar e corrigir as nossas crianças. De fato, nosso movimento natural seria a acusação. Ele não diz você fez isso e aquilo… Diz: “O que foi que você fez?”. Porque se Deus dissesse “você fez isso e aquilo” a pessoa diria “não”. Mas diante da pergunta de Deus, Adão deveria dizer, ele mesmo, o que fizera. Adão foi levado a tomar consciência da sua falta. Muitas vezes nós nos tornamos dormentes e cegos diante do nosso pecado, incapazes de reconhecer o que nos afasta de Deus. Não tomamos consciência dos nossos erros quando alguém nos acusa, mas quando alguém se dispõe a nos escutar, e tenta compreender por que fizemos isso e aquilo. E aí tem toda uma pedagogia de Deus que vai fazer com que o homem exprima-se por si próprio.
Nesse momento, Adão perdeu a chance da sua vida. Porque, ao invés de reconhecer a sua falta, a sua participação no pecado de Eva, a sua culpa pessoal no pecado, ele acusa a mulher e também a Deus: “Foi a mulher que tu me deste”. Então Deus vai perguntar a mulher e ela vai acusar a serpente, ou seja, cada um dos envolvidos encontra um terceiro que é culpado. Isso é muitíssimo profundo! Como temos dificuldade de reconhecer a nossa responsabilidade! Como é fácil dizer: “A culpa é dos pais que você me deu; a culpa é do marido/mulher que você me deu; a culpa é dos filhos que você me deu; do patrão que você me deu…”. Temos essa tendência a acusar os outros. Como Adão, temos dificuldade de reconhecer a nossa responsabilidade.
E esta pergunta que Deus faz a Adão é também dirigida a nós: “O que você fez?”. Às vezes nós estamos em situações dolorosas, difíceis, então acusamos a fatalidade. Mas, em vez de acusar, deveríamos tentar ouvir e responder a esta pergunta de Deus: “O que você fez? Como foi que você se afastou de mim?”. Deixo essa questão para sua oração.
Tem um outro momento terrível na narrativa da queda, é o momento em que Adão e Eva se escondem. Eu diria que esse momento foi mais terrível para Deus do que para o homem e a mulher. Porque nós, que somos pais, quando os nossos filhos fazem uma besteira, mesmo que seja uma besteira bem grande, se eles têm medo de nós e desaparecem, vão se esconder, isso fere terrivelmente o nosso coração. E lá, Adão poderia ter agido de uma maneira completamente diferente. Quando fizermos alguma besteira, quando nos afastamos de Deus, devemos pular nos braços de Deus para desarmá-lo completamente. O drama de Deus é que nós pensamos que Ele é mau. No entanto, desde sempre, Ele não para de nos procurar e nos convencer da sua bondade.
O combate
Nessa altura do capítulo 3, Deus vai falar daquilo que aparentemente são maldições. Ele diz: “Porque você fez isso, maldito seja o solo por causa de ti”. No nosso entendimento, achamos que Ele amaldiçoou o homem e a mulher, mas Deus nunca os amaldiçoou. Ele amaldiçoou a serpente e o solo. E o homem e a mulher vão ter de enfrentar, um o solo, a outra, a serpente. Deus começa amaldiçoando a serpente. Ele diz: “Porque você fez isso, maldita seja entre todos os animais e entre todas as bestas selvagens. Eu colocarei uma hostilidade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Ela pisará a tua cabeça, quando tu lhe ferires o calcanhar”. Vocês compreendem o que isso quer dizer? Qual será essa hostilidade entre a serpente e a mulher? Isso significa que a mulher terá de enfrentar a serpente. A serpente é o mundo demoníaco. O combate da mulher será um combate espiritual, e através da sua oração e da pureza do seu coração, se ela assim desejar, e decidir, vai receber essa capacidade de derrotar o mundo das trevas. E de assim permitir a vitória de Deus.
Então, sem cessar, o combate da mulher será espiritual. Ela vai, continuamente, ser tentada a esse nível espiritual. E ela também será tentada, às vezes, a ter uma participação nesse mundo de trevas. É dramático para os nossos países quando as mulheres não compreendem o peso da sua missão. E eu creio que é urgente que as mulheres tomem consciência da importância desse combate espiritual. Infelizmente, temos interpretado o Evangelho de maneira tão incorreta, que temos uma idéia errônea daquilo que devemos viver. E nós até usamos o próprio Evangelho para ultrajar a mulher de uma maneira incrível. É por isso, minhas irmãs, que é tão importante que vocês tomem consciência da dignidade que vocês têm. Desta missão que pertence a vocês. A missão da mulher se passa num mundo invisível.
Ao homem Deus diz: “Seja maldito o solo, a terra, por causa de ti. Durante todos os dias, tu cultivarás e trabalharás com o suor do teu rosto. A terra produzirá para ti cardos e espinhos e tu comerás das ervas dos campos. Com o suor do teu rosto comerás o pão de cada dia, até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Tu és pó e ao pó retornarás”. Isso significa que aquilo que Deus confia aos homens é um mundo visível. É a dominação da terra. Cultivar a terra para que ela produza fruto, e também a autoridade sobre a sociedade. É construir uma sociedade na qual cada um tenha o seu próprio lugar.
Então, o combate do homem é um combate visível. E eu creio, se cada um de nós compreender qual é o nosso lugar, qual é a nossa missão, nosso olhar ao outro será completamente diferente. E nós, mulheres, poderemos dar ao homem esse olhar que fará com que ele tome a sua própria responsabilidade. Vocês, homens, poderão colocar um novo olhar sobre a mulher, tomando consciência da importância da missão da mulher. Eu diria que você tem a mulher que você merece. O olhar que você colocar sobre a mulher vai determinar quem ela é. Um olhar de respeito, de pureza, que veja o mais profundo das pessoas, que não fique somente nas aparências. Temos de tomar consciência da responsabilidade que temos uns com relação aos outros. Peçamos ao Pai o seu olhar, para que possamos olhar-nos uns aos outros com o olhar dele, recebendo uns aos outros como um presente.
*Midraxe é um ensinamento ou comentário sobre a Bíblia de Rabinos.
Fonte: Revista Shalom Maná