Identidade da RCC
” A Renovação carismática é um acontecimento religioso que já não se pode desconhecer. Nascido na Igreja e para a Igreja, em poucos anos assumiu proporção tão expressiva que se estendeu ao mundo inteiro. Pretender definí-la é ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil, porque seus pontos fundamentais estão bem definidos; eles nada têm de complexos, a partir do momento em que são compreendidos nas suas linhas essenciais. Difícil, porque sua riqueza, como tudo o que está enraizado no Evangelho, na palavra divina, ultrapassa qualquer coisa que possa caber numa definição, por mais exata que possa ser”.(Benigno Juanes SJ)
I. O Que é a renovação Carismática
É a redescoberta experiencial do poder do Espírito Santo na vida dos cristãos, e a abertura à sua ação para viver o Evangelho em plenitude, para evangelizar com poder sobrenatural, sendo testemunhas de Cristo Ressuscitado (até suas últimas consequências), e contribuindo para renovar todas as formas de presença e de serviço de Cristo na Igreja e no mundo.
Observação importante sobre o Termo “Carismática”:
O uso do termo “carismático” é explicado pelas diversas expressões da ação do Espírito Santo, que são o que poderíamos chamar de “momentos fortes” de Sua manifestação. A Renovação “manifesta-se primeiro exteriormente, por um conjunto de reuniões de oração, seja de louvor e de aclamação de Deus, ou com a intenção de curar ou de libertar as pessoas, em um clima de alegria e inclusive de exaltação espiritual”(G. Thils).
Explicação da definição:
a) Redescoberta experiencial do poder do Espírito Santo e a abertura à Sua ação:
“É uma espécie de experiência espiritual, como uma graça de “desbloqueio” e de descobrimento místico, que tem como efeito radical a reatualização do batismo e da confirmação, como em um novo Pentecostes. É como se a vida cristã, vivida e mantida desde sempre, fosse objeto de uma súbita descoberta no impulso do Espírito Santo. Tal estado, sempre latente e avivado com facilidade, caracteriza-se por três elementos: conversão pessoal, reconhecimento de Jesus Cristo e nova abertura para a ação do Espírito Santo”(Gustavo Thils – Existencia y santidad en Jesucristo, Edic. Sígueme, Salamanca, 1987,54).
a.1) Conversão pessoal: A autenticidade da experiência do Espírito Santo e de seus dons não depende de uma análise dessa experiência em si, mas pode ser discernida por seus efeitos na vida das pessoas:
“De entrada, um dom incondicional da própria pessoa a cristo vivo, no sentimento de uma radical miséria de nossa vida; uma abertura ao Espírito Santo, através do qual age o senhor vivo; uma acolhida filial àquilo que Ele queira fazer em nós e por nós; uma oferenda confiada de nós mesmos à oração de irmãos cristãos visitados ou habitados pelo Espírito Santo. Então acontece uma coisa. Nada de um golpe, nada de automático. Mas as vidas mudam, ficam em paz e alegria, animadas por um novo gosto pela oração, sobretudo de louvor; por um novo gosto pela Palavra de Deus; por uma serena e diligente abertura ao próximo; uma vontade de sermos instrumentos poderosos para a Igreja e para o mundo, através dos carismas do Espírito Santo”(Palavras do grande teólogo Y. Congar) .
“A descoberta de nossa verdade – o nosso pecado está compreendido nela – impede que continuemos adormecidos na mediocridade. A leitura das Escrituras nos leva a esse radicalismo do Evangelho que ainda levamos tão pouco a sério. O louvor libera em nós uma confiança que nos empurra para a frente. Depois vem o exemplo dos irmãos: aqueles que deram um passo mais decisivo do que nós; aqueles que aceitaram sua morte como uma feliz renúncia; aqueles que se viram afastados das drogas, da prostituição, da ambição; aqueles que se libertaram de suas amarguras e da vida aborrecida que levavam. Vemos a força do Espírito Santo em ação na sua Igreja (…) Existe uma conversão de cada dia; e há momentos fortes de conversão, que nossa falta de fé torna cada vez mais necessários (…) A obra de regeneração alcança em nosso ser diferentes graus de profundidade, exigindo que prossigamos. A conversão cristã dá direito, sobretudo, a novas conversões, pois não existe santidade já adquirida. Nunca deixaremos de ter necessidade da intercessão dos irmãos “(Benigno Juanes SJ).
a.2) Reconhecimento de Jesus Cristo(como Senhor e Salvador pessoal):
Efésios 1,3-14:Este hino resume, com vigor e clareza, a finalidade do Criador para cada homem: Reproduzir em nós mesmos, com o próprio esforço, e sobretudo com a ajuda do Espírito Santo, a conduta de Deus. Este chamado, que resume toda a história da Salvação, só pode ser respondido pelo homem que “anda no amor de Deus e do próximo” e vive na santidade, em Cristo, Seu Filho, que é o consumador de toda santidade.
“A Renovação Carismática Católica é profunda e essencialmente cristocêntrica: proclama a Jesus como Salvador e Senhor ” (Declaração Pastoral sobre a Renovação Carismática, dos Bispos Norte -Americanos, de Março de 1984)
– A Renovação Carismática proclama a Jesus como o Salvador. E não há outro a não ser Ele (Ato 4,12). Tudo o mais são instrumentos de Sua Salvação, recebendo Dele o poder, a missão e a Graça de cooperar na Sua obra Salvífica. Este anúncio opõe-se à influência de um novo pelagianismo sentido de maneira profunda no mundo, e que consiste na atuação, na prática, com a impressão de que o homem pode salvar a si mesmo por meio da ciência, da tecnologia, de métodos psicológicos de autorealização e outros meios meramente naturais. A salvação é uma obra sobrenatural, que só pode acontecer em Jesus Cristo, o único Salvador do homem todo e de todos os homens. E o Espírito Santo é que vem em auxílio à fraqueza humana trazendo primeiramente a convicção disto, para que o homem possa se colocar ao alcance da salvação trazida por Jesus Cristo.
– A Renovação Carismática proclama a Jesus como Senhor, opondo-se ao individualismo que grassa o homem de hoje. “A Renovação Carismática reconhece que o erro fundamental e o desvio teórico e prático no reconhecimento do Senhorio de Jesus é a razão de fundo de uma convivência humana profunda e essencialmente viciada por todo tipo de injustiças”(Benigno Juanes SJ). “Como um movimento dentro da Igreja, a Renovação Carismática tem suas raízes no testemunho da tradição do Evangelho: Jesus é o Senhor, pelo poder do Espírito Santo, para a glória do Pai. A Renovação continua no seu propósito de assimilar aquele testemunho evangélico”(Declaração Pastoral sobre a Renovação Carismática, dos Bispos Norte-Americanos, de Março de 1984, no seu n.1). O reconhecimento de Jesus Cristo como Senhor não consiste apenas numa confissão de fé em Jesus cristo como o Senhor, mas “O senhorio de Cristo, dado em plenitude pelo pai a partir da ressurreição (Ato 2,36), deve ser uma realidade que envolva todo o indivíduo na totalidade de sua pessoa. Não deve existir área alguma que não esteja, de fato, submetida a esse senhorio amoroso de Jesus. A Ele corresponde de direito próprio, reinar na família, na comunidade, no mundo. Nada se deve subtrair a seu domínio, a seu reinado de paz, de amor, de entendimento e serviço mútuos. O senhorio de Jesus não nega a realidade, o valor e a relativa autonomia das realidades humanas. No entanto, envolvendo-o, elevando-o, colocando-o a serviço dos homens e para a glória de Deus, o senhorio de Jesus deve desfrutar de lugar privilegiado”(Benigno Juanes SJ).
a.3) Abertura para a ação do Espírito Santo: A Renovação Carismática nos liga com a atuação do Espírito Santo na Igreja, o que é imprescindível na vida cristã. “A força da Renovação Carismática está em criar o constante Pentecostes que o Espírito Santo realiza na Igreja e em cada um de seus membros”(Documento do Encontro Episcopal latino-Americano, realizado em la ceja, Colômbia, Setembro de 1987) ” A ação do Espírito Santo é total. Queremos dizer que sua obra tende a nos assemelhar a Cristo, por meio da santificação para dentro e, para fora, pela efusão de sua força, que nos permite realizar o trabalho apostólico, colaborar em seu Reino até além de nossas forças. Esta dupla ação foi a obra característica do Espírito Santo em Pentecostes: santificá-los e equipá-los com seus carismas para que pudessem realizar a missão de evangelizar ‘com poder’ (At 1,5-8; 2,1ss.) “(S. Carrillo Alday, La Renovacion en el Espíritu Santo, Instituto de Teologia, México, 1984).
“A redescoberta do poder do Espírito Santo significa também a redescoberta dos seus Carismas. A Renovação Carismática está consciente de que esses dons gratuitos de Deus não foram privilégio da Igreja primitiva. Pertencem à vida normal da Igreja. Todo o seu valor está em serem dados para a construção da Igreja na caridade. (ICor 12-14). Não representam um fim em si, mas têm uma importância fundamental na edificação da Igreja com poder. Todos eles, até os que poderiam parecer mais insignificantes, devem ser apreciados como dons do Espírito Santo para contribuir poderosamente para a expansão e aprofundamento do Reino de Cristo. Por isso, precisamente nos nossos dias, eles são mais necessários neste mundo que nega o senhorio de Jesus. Eles, os Carismas, manifestam isso e ajudam a testemunhar que Jesus Cristo está vivo e atuante por intermédio do Espírito Santo”(Documento do Encontro Episcopal Latino-Americano, realizado e La ceja, Colômbia, em Setembro de 1987, n.31)
c) Para viver o Evangelho em plenitude: A renovação Carismática tenta restituir ao Espírito Santo o mesmo papel que teve nos primeiros momentos da Igreja. Pelo poder do Espírito santo os primeiros cristãos podiam descobrir Jesus ressuscitado como Senhor e Salvador, viver uma fraternidade impressionante, viver em comum com desconhecidos, partilhar o pouco que tinham, amar os não amáveis, perdoar a ponto de dar “a outra face”, suportar perseguições e até o martírio…Esse poder só tem origem na Graça do Espírito Santo. “Daí ser absolutamente necessário apelar à Graça, aceitá-la como um dom e fazer do Espírito Santo o protagonista principal de toda a Renovação e até dos compromissos mais árduos. Na Renovação Carismática trata-se de fazer vida de toda esta teologia”(P Villarroel, Vida Nueva, 1981).
A obra do espírito Santo, ao provocar esta corrente de graça, também age e faz com que se dê uma confissão de fé, pelo louvor, o testemunho, a ardorosa vida sacramental, a adesão à Palavra de Deus, o amor e o compromisso com o próximo, no Senhor, especialmente com os mais necessitados, de muitas e diferentes maneiras; como faz que se verifique também a obediência àqueles que Deus chamou à Igreja para nos dirigir e discernir os caminhos do Espírito Santo.
d) Para evangelizar com poder sobrenatural: Hoje, podemos encontrar em diversos setores da sociedade, inclusive nos meio de cristãos, um materialismo que tem desprezado os valores cristãos e transformado o homem em escravo de ídolos como o dinheiro, o sexo e o poder. E o “secularismo”, que relega Deus à condição de apenas um “ente” a mais, sem preocupar-se com sua existência, e acreditando que pode construir e viver eficazmente sua vida, encontrando a felicidade e a paz à margem Dele. De fato, esta é a tentação e o pecado de nossas origens: Ignorar a existência e a intervenção de Deus na vida e no mundo, crendo ser capaz de construir algo de bom por si mesmo. O secularismo, junto com o materialismo têm como consequência o desprezo à vida eterna e a todas as realidades sobrenaturais a serem vividas na vida temporal. A Renovação Carismática, ao usar os dons e carismas do Espírito Santo, levando a experimentar a verdade de que Deus existe e age sobrenaturalmente em todos os aspectos da vida humana, vai contra o materialismo e secularismo que têm arrastado o homem do bem Supremo e do fim último de sua vida.
e) Sendo testemunhas de Cristo Ressuscitado: Tomar Atos 2, 29-33. No dia de Pentecostes, após o derramamento do Espírito Santo, Pedro anunciou a Ressurreição de Cristo e o derramamento do Espírito santo como obras associadas: “Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvirdes. E São Paulo que teve a experiência com Cristo Ressuscitado pregou: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé…E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados…Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima”(I Cor 15,14.17.19). A RCC leva o homem a EXPERIMENTAR a verdade de que Cristo ressuscitou, e disto resulta uma transformação de valores e vida concreta que o torna testemunha viva desta verdade.
f) Contribuindo para renovar todas as formas de presença e de serviço de Cristo na Igreja e no mundo: O fato de a Renovação Carismática destacar a ação do espírito santo não diminui a dimensão cristológica da vida cristã. Jesus é será sempre o centro de toda espiritualidade sadia, dado pelo Pai (Rom 8,29). A obra do Espírito santo é precisamente nos levar até Jesus, inserir-nos Nele, fazer-nos acreditar Nele e nos incentivar a trabalhar como Ele, no Reino que o Pai Lhe deu como prêmio, no momento de sua morte (…) . Segundo a expressão de São Paulo, todo cristão é um embaixador de Cristo (II Cor 5,20), ou um cooperador de sua obra (I Cor 3,5-9)”(Benigno Juanes). Para isto existe a Renovação carismática, para levar mais e mais homens a viver com plena consciência, na Igreja e no mundo, o seu compromisso batismal, saindo de nós mesmos para nos entregarmos a Cristo, na pessoa dos nossos irmãos. Aqui entra a dimensão da abertura para o próximo, para todos os que precisam de nossa ajuda, em especial aqueles a quem o Senhor privilegiou com sua atenção durante sua vida, coisa que agora certamente deseja continuar fazendo por nosso intermédio: servir aos pobres, os oprimidos, os doentes e os pecadores (Ver Lc 4,18-19 e Jo 14,12).
Observação importante sobre o serviço da RCC:
” A renovação Carismática é uma graça para a Igreja”(Ives Congar). Essa afirmação é repetida sobretudo na voz dos supremos pastores da Igreja: Paulo VI, em seu discurso aos líderes da RCC em 1975 e João Paulo II em diversas oportunidades, manifestaram os mesmos sentimentos em relação à Renovação Carismática. Isto não deve ser motivo de orgulho, mas de consciência da Graça e da responsabilidade que lhe cabe, de ser fiel na escuta e na obediência à Deus sem nunca esquecer de que tudo o que fizer e que empreender tem de ser por obediência e sob a autoridade daqueles a quem o Senhor constituiu como sucessores dos apóstolos e guias de Sua Igreja.
Uma observação ainda sobre a identidade da RCC:
Tendo em vista tudo o que já foi visto, cabe aqui mencionar um erro já apontado por pessoas eminentes como o Cardeal Suenens, durante muitos anos delegado pessoal de Paulo Vi e, depois, de João Paulo II, para a Renovação Carismática, e de Monsenhor R, Coffy, arcebispo de Marselha. que durante algum tempo foi coordenador da RCC na França perante a Conferência Episcopal francesa.
“Não devemos permitir que a RCC seja vista como um ‘movimento de oração’, porque ela é mais uma corrente de conversão. Apoia-se com insistência na oração como ligar de acolhida do Espírito Santo, que faz nascer de novo (Jo 3,5) e muda de cima a baixo as nossas vidas para construir a Igreja”(ver Ato 2)
A RCC não é um movimento a mais, junto com os outros movimentos. Tampouco se trata de um super movimento; nem pretende encampar a obra do Espírito Santo ou entrar em comparação com os movimentos religiosos que o senhor tem provocado no seio da sua Igreja, e dos quais ela se beneficia constante e abundantemente.
O fato de, na prática, a Renovação poder funcionar como os movimentos, em nível diocesano e paroquial, não deve enfraquecer sua própria ‘identidade’, sem a qual deixaria de ser o que realmente é, e os próprios Sumos Pontífices querem que seja. Tampouco deve impedir que realize a missão que lhe é própria.
“O que diferencia a RCC de qualquer renovação ou movimento autêntico na Igreja é sua interpretação de que o papel do Espírito Santo não mudou na Igreja desde os primeiros séculos, e que hoje podemos experimentar sua efusão, seu poder e seus dons da mesma maneira que os cristãos primitivos “( Do Documento apresentado ao Papa João Paulo II pelo escritório Internacional da Renovação Carismática, em Roma, 1979).
Assim, podemos concluir que, em virtude de seus elementos essenciais, que vamos conhecer abaixo, ela não pode ser considerada um “movimento”, mas uma “corrente de graça”, enquanto que em virtude das suas estruturas, ou seja, dos meios através dos quais se manifestam os elementos essenciais, aí sim, pode-se considerá-la também como “movimento”. Como a mais íntima realidade da RCC é constituída por seus elementos essenciais, é mais exato chamá-la de “corrente de graça”.
III. Elementos Essenciais e meios Utilizados pela RCC
A Renovação Carismática encarna os elementos essenciais do Evangelho a fim de testemunhá-los, e o faz através de meios específicos:
Os elementos essenciais que encarna são os da Boa-Nova:
– O amor de aliança do Pai
– O senhorio de Jesus
– O poder do Espírito Santo
– A vida Sacramental
– A vida comunitária
– A oração
– A necessidade de evangelizar
Os meios utilizados são elementos que configuram a Renovação Carismática a partir de fora. Eles incluem:
– Os grupos de oração
– As comunidades de Aliança
– Os Seminários de Vida no Espírito
– Os retiros
– As assembléias e Conferências
– As publicações
– Os diversos ministérios que assumem e os compromissos que implicam
Os meios são o modo concreto com que a Renovação encarna os elementos essenciais do Evangelho. Eles são opcionais, mas nem por isto perdem sua importância, pois eles representam canais por onde passa a “corrente da Graça”, como já é clássico denominar a RCC na sua realidade mais íntima. Usando de uma comparação, os elementos essenciais da RCC são como um rio, e os opcionais são como o leito por onde o rio corre. O rio deve correr pelo leito, sob pena de que a correnteza transborde ou seja enfraquecida. Assim, podemos dizer que os elementos principais são a finalidade principal dos meios, mas, por sua vez, necessitam dos meios para realizar-se em crescente plenitude. Tão unidos se encontram os meios aos elentos essenciais, que vêm a ser importante para sua identidade. Por isso, purificar e fortalecer esses meios, é levar à maturidade a renovação Cristã na sua mais íntima realidade. Sem os meios, ou com eles mal utilizados, ver-se-iam ameaçados os elementos essenciais; a ação do Espírito Santo, na Renovação Carismática, sofreria na sua eficácia; os carismas se enfraqueceriam; a conversão pessoal e comunitária ver-se-ia freada.
III. Missão da RCC e suas Metas
A Carismática, como “corrente de graça”, tem um propósito específico: a explosão da força do Espírito Santo nos indivíduos e em toda a Igreja, para renová-los desde o seu mais profundo íntimo, com todas as suas consequências, de modo que possam realizar em si e em outros uma autêntica vida cristã, conforme o modelo dado pelo Pai: Jesus Cristo (Rm 8,29).
Como “movimento”, tem um propósito pluriforme: em resumo, cabe enunciá-lo dizendo que procura penetrar com a mentalidade descrita, toda pessoa, todo treinamento, seja ele apostólico, sacerdotal, laical.
Assim, “O propósito da Renovação Carismática é penetrar nos indivíduos, nos movimentos, nas instituições, não para mudar sua ‘identidade’, mas para que suas vidas sejam transformadas em profundidade, e sejam equipados com os dons do Espírito Santo, para trabalhar com poder no Reino de Cristo, em todas as suas manifestações.
Quanto às suas metas, podemos sintetizá-las da seguinte maneira:
a) Levar os indivíduos a uma profunda conversão pessoal a Jesus cristo como Salvador e senhor, que se torne cada vez mais consciente e intensa;
b) Prepará-los para receberem a efusão do Espírito santo em um intinerário de conversão e de entrega total a Jesus;
c) Levá-los a compreender e experimentar pessoalmente o poder do próprio Espírito Santo, também pela aceitação e o uso dos dons espirituais carismáticos, para louvor do pai e construção de uma Igreja no amor. De outro modo, renovar o compromisso e a unção do Espírito Santo, dos Sacramentos do Batismo e da Confirmação;
d) Conduzi-los ao desenvolvimento de uma sólida espiritualidade cristã, de uma maturidade na qual cada um é fortalecido pelo Espírito Santo para realizar um trabalho específico no reino de Cristo, nos mais árduos compromissos por Ele, sobretudo pelo testemunho de vida e na evangelização;
e) E tudo isso em um contexto de fé, de esperança, de caridade e de uma práxis plenamente católica e eclesial”.