Após um ano do rompimento da barragem de Fundão, a Arquidiocese de Mariana lembrou dos atingidos e das vítimas com cerimônias e homenagens.
No distrito de Bento Rodrigues, local onde ocorreu o lamentável episódio, estiveram reunidos no sábado, 5 de novembro, familiares das vítimas e atingidos para fazer memória do acontecimento que devastou a região.
Após serem colocadas cruzes de madeira em memória das vítimas, bem como mudas de árvore, plantadas como forma de homenagem aqueles que morreram no ano passado, houve uma cerimônia presidida pelo Padre Geraldo Martins, que reforçou a palavra da arquidiocese neste momento: “solidariedade aos atingidos”.
Para o sacerdote, que também acompanhou o ato, ainda há muito para se fazer com os atingidos de Mariana e da Bacia do Rio Doce. “Vivemos hoje uma celebração de justiça e de fé. Nessa celebração, com as cruzes que foram ficadas e as árvores plantadas não foi simplesmente uma encenação que lá vivemos, mas uma realidade de dor e sofrimento”, ressaltou.
Em Regência (ES), uma marcha de fiéis partiu em 30 de outubro e percorreu todo o trajeto da lama que afetou o curso do Rio Doce. O ato em Bento Rodrigues finalizou a caminhada organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragem.
No mesmo dia, o Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidiu uma Santa Missa por ocasião da memória de um ano da tragédia.
Dom Geraldo Lyrio teve a reflexão de sua homilia conduzida pelas afirmações de Jesus. Na primeira indicação, dos “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”, o prelado explicou que a expressão “pobres em espírito”, usada por São Mateus, não se refere àqueles que, embora ricos, são espiritualmente desapegados da sua riqueza. “Essa expressão se refere à classe pobre que, como hoje, constituía a maior parte da população da terra de Jesus, pois, além das carências materiais, os pobres a que Mateus se refere, se em encontravam em péssimas condições de vida”.
“Estas bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, representam uma reviravolta em relação aos valores do mundo, pois, declaram felizes aqueles que não assumem os critérios mundanos como valores em sua vida. Nisto consiste a santidade a que todos nós somos chamados”, acrescentou.
No final da cerimônia, Dom Geraldo lembrou-se de maneira especial das vítimas da tragédia de Bento Rodrigues.
“Neste primeiro aniversário do rompimento da barragem de Fundão, ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com todos os atingidos por essa tragédia, ao longo de toda a Bacia do Rio Doce, queremos especialmente rezar pelos que morreram para que, unidos aos santos de Deus, na glória do céu, possam participar definitivamente da bem-aventurança prometida aos pobres, aflitos, mansos, aos que têm fome e sede de justiça, aos misericordiosos, puros de coração, promotores da paz e perseguidos por causa da justiça”, concluiu.
Fonte: Gaudium Press