Formação

Jesus Cristo desceu aos infernos, retornando ao terceiro dia

A Igreja continua sua catequese, ensinando sobre sua descida aos infernos ou mansão dos mortos, como ficou tradicionalmente conhecido esse evento da Salvação.

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Na matéria anterior, apresentamos a doutrina da Igreja a respeito da morte de Jesus Cristo que está contida no Catecismo. A Igreja continua sua catequese, ensinando sobre sua descida aos infernos ou mansão dos mortos, como ficou tradicionalmente conhecido esse evento da Salvação.  

Veja o que diz a Igreja:

Jesus desceu às regiões inferiores da Terra. ‘Aquele que desceu é precisamente o mesmo que subiu’ (Ef 4,9-10). O Símbolo dos Apóstolos confessa, num mesmo artigo da fé, a descida de Cristo à mansão dos mortos e a sua ressurreição dos mortos ao terceiro dia, porque, na sua Páscoa, é da profundidade da morte que Ele faz jorrar a vida” (CIC 631). 

Não há lugar onde Deus não possa entrar

Essa profissão de fé da Igreja declara, entre outras coisas, que não há nenhum lugar onde Deus não possa entrar. A morte de Cristo e sua descida nesse espaço existencial mostram que Sua luz pode penetrar nos abismos mais profundos, se ali houver uma alma sedenta de Sua redenção. Porém, é preciso esclarecer: O que vem a ser de fato essa tal morada dos mortos? O Catecismo responde:

A morada dos mortos, a que Cristo morto desceu, é chamada pela Escritura os infernos, Sheol ou Hades, porque aqueles que aí se encontravam estavam privados da visão de Deus. Tal era o caso de todos os mortos, maus ou justos, enquanto esperavam o Redentor, o que não quer dizer que a sua sorte fosse idêntica, como Jesus mostra na parábola do pobre Lázaro, recebido no ‘seio de Abraão’. ‘Foram precisamente essas almas santas, que esperavam o seu libertador no seio de Abraão, que Jesus Cristo libertou quando desceu à mansão dos mortos’. Jesus não desceu à mansão dos mortos para de lá libertar os condenados, nem para abolir o inferno da condenação, mas para libertar os justos que O tinham precedido” (Cic 633). 

Resposta de redenção

A profecia messiânica de Jesus Cristo e Sua oferta de amor levaram luz e salvação a tantos que esperavam em Deus uma resposta de redenção. Em Cristo, Deus salva os fracos, os pecadores, os ignorantes, só não pode salvar os que, apesar de seus apelos de amor, recusam Sua salvação. Isso porque Deus não quer escravos, quer filhos livres para acolher seus apelos de santidade. Há uma antiga homilia, feita por um sacerdote de origem grega, que realiza uma boa síntese do mistério da descida de Cristo à mansão dos mortos. O Catecismo termina essa temática recordando esse bendito discurso de fé. Termine seu estudo de hoje lendo-a:

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a Terra. Um grande silêncio e uma grande solidão.

Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a Terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito Homem adormeceu e acordou os que dormiam havia séculos.

Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos. Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte.

Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos e, agora, libertos dos sofrimentos. O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa.

Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: ‘O meu Senhor está no meio de nós’. E Cristo respondeu a Adão: ‘E com teu espírito’.

E tomando-o pela mão, disse: ‘Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Deus quer acordar todos os Seus filhos que estão nas trevas da morte Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à Terra, e fui mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti. Levanta-te, vamos daqui.

O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti.

Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade.


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