Formação

Jesus, maior que a Lei e os profetas

A Igreja crê que o mistério da oferta do Senhor e Seu poder redentor deve ser o centro do anúncio do Evangelho.

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O mistério da passagem de Cristo pelo sofrimento, pela Cruz, morte e Ressurreição é o conteúdo central no anúncio da Boa Nova. A Igreja crê, portanto, que o mistério da oferta do Senhor e Seu poder redentor deve ser o centro do anúncio do Evangelho: “Aos olhos de muitos em Israel, parece que Jesus procede contra as instituições essenciais do Povo eleito: a submissão à Lei, na totalidade dos seus preceitos escritos e, para os fariseus, na interpretação da tradição oral; a centralidade do templo de Jerusalém, como lugar santo em que Deus habita de maneira privilegiada; a fé no Deus único, cuja glória nenhum homem pode partilhar” (CIC 576). 

A referência, após a encarnação, morte e Ressurreição, não é mais a Lei e a tradição, mas o próprio Cristo. Ele, porém, deixa claro que não veio abolir a Lei ou os profetas, mas para dar-lhes pleno cumprimento (cf. Mt 5,17-19). Veja o que diz o Catecismo: 

Jesus, o Messias de Israel e, portanto, o maior no Reino dos céus, fazia questão de cumprir a Lei, executando-a integralmente até nos mais pequenos preceitos, segundo as suas próprias palavras. Foi, mesmo, o único a poder fazê-lo perfeitamente. Os Judeus, segundo a sua própria confissão, não puderam nunca cumprir integralmente a Lei sem violação do mínimo preceito. Por isso é que, em cada festa anual da Expiação, os filhos de Israel pediam a Deus perdão pelas suas transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como lembra São Tiago, ‘quem observa toda a Lei, mas falta num só mandamento, torna-se réu de todos os outros’ (Tg 2,10)” (CIC 578).

Oferta que rompe o muro da inimizade

Entre os membros da aliança feita aos patriarcas e profetas, Deus não havia encontrado ninguém digno. Isso confere autoridade ao ato redentor de Cristo, pois sua oferta rompeu para sempre o muro de inimizade, que impedia a salvação:  “O cumprimento perfeito da Lei só podia ser obra do divino Legislador, nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em Jesus, a Lei já não aparece gravada em tábuas de pedra, mas ‘no íntimo do coração’ (Jr 31,33) do Servo, o qual, proclamando ‘fielmente o direito’ (Is 42,3), se tornou ‘a aliança do povo’ (Is 42,6). Jesus cumpriu a Lei até ao ponto de tomar sobre Si ‘a maldição da Lei’ em que incorrem aqueles que não ‘praticam todos os preceitos da Lei’; porque ‘a morte de Cristo foi para remir as faltas cometidas durante a primeira Aliança’ (Hb 9,15) (CiC 580). Entre as acusações que Cristo sofreu por parte dos judeus, havia a de que Ele violava o respeito e a honra devida ao templo. Isso obviamente não procede, pois Ele, assim como os profetas que vieram antes d’Ele, teve muito zelo e respeito pelo templo. Basta vermos a indignação que expressou ao notar desrespeitos para com o Templo de Jerusalém (cf. Mt 12,34). Leia o que o Catecismo diz:

“Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro com Deus. O Templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e indigna-se com o fato de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio. Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: ‘Não façais da casa do meu Pai casa de comércio’. ‘Os discípulos recordaram-se de que estava escrito: ‘O zelo pela tua casa devorar-me-á’ (Sl 69,10)’ (Jo 2,16-17). Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um respeito religioso” (CIC 584). 

Ícone de louvor a Deus

Jesus e Sua vida, assim como a de muitos de Seus discípulos da primeira hora e tantos santos ao longo da história da Igreja, são um ícone de louvor a Deus e de frustração do diabo. Sua presença é profética, por isso, ilumina, edifica, consola, mas também denuncia. O Catecismo, ainda nessa parte, lembra os santos escândalos que Jesus gerou no coração de alguns fariseus e mestres da lei

Se a Lei e o templo de Jerusalém puderam ser ocasião de ‘contradição’ entre Jesus e as autoridades religiosas de Israel, o seu papel na redenção dos pecados, obra divina por excelência, foi, para essas autoridades, a verdadeira pedra de escândalo” (CIC 587). 

A Igreja continua, nesse parágrafo, refletindo sobre os escândalos que essa bendita Pedra, que é Cristo, causou. Os escândalos causados pelo Salvador tinham como pano de fundo Seu amor aos mais pobres, Sua misericórdia aos pecadores, Sua paciência e atenção às criancinhas e Sua firmeza com os hipócritas: 

Jesus escandalizou, sobretudo, por ter identificado a sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do próprio Deus a respeito dos mesmos. Chegou, até, a dar a entender que, sentando-Se à mesa dos pecadores, os admitia no banquete messiânico. Mas foi muito particularmente ao perdoar os pecados que Jesus colocou as autoridades religiosas de Israel perante um dilema. É que, como essas autoridades justamente dizem, apavoradas, ‘só Deus pode perdoar os pecados’ (Mc 2,7). Jesus ao perdoar os pecados, ou blasfema por ser um homem que se faz igual a Deus, ou diz a verdade e a Sua pessoa torna então presente e revela o nome de Deus” (CIC 589). 

Autoridade

Jesus, porém, falava e ensinava como quem tinha autoridade. Essa autoridade não era de função, nem de poderes temporais ou capacidade de impor pela força. Ele sabia Quem era e Quem O havia enviado (cf. Jo 10,30). O poder temporal de Cristo era potencializado por Seu testemunho de vida.


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