Formação

Jesus nos envia de dois em dois

Três são as palavras, portanto, de quem contempla a vida de Jesus: chamado, consagrado e enviado.

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Quando refletimos sobre o mistério de Jesus enviado pelo Pai nunca podemos esquecer que Ele mesmo também nos envia para que o seu Evangelho seja anunciado e comunicado a todas as criaturas. A salvação não é dirigida só a um pequeno grupo de felizardos, de escolhidos, mas a toda a humanidade. O que mais Jesus quer é que o “fogo” do seu amor não se apague, mas que incendeie sempre mais e que abrase toda a terra. Santa Teresinha, no silêncio do seu Carmelo, queimava de ânsias de amor e desejava que todos “amassem a Deus” como ela o amava. Esta missionariedade deve estar presente em todas as nossas ações. Três são as palavras, portanto, de quem contempla a vida de Jesus: chamado, consagrado e enviado. Antes de tudo, somos chamados; não somos cristãos por nossa iniciativa particular, mas porque Deus um dia nos chamou no seu amor infinito. Não somos católicos somente por acaso, por termos nascido num país católico, de pais católicos. Fé não se transmite por raça e sangue, mas por um dom de Deus. Escolhidos antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados diante dele: eis a nossa vocação. Consagrados pelo Batismo, fomos inseridos no mistério da morte e da ressurreição de Cristo, fomos ungidos com o óleo dos catecúmenos e pelo Crisma foi impresso em nós o caráter, o sinal sagrado que não poderá ser apagado por nada e ninguém. Enviados: toda consagração não é para privilégio pessoal e uso próprio, mas para assumir uma missão. Somos missionários também não porque gostamos ou porque nos dá prazer, mas porque Ele, o Senhor, nos envia a ser seus anunciadores. O tema deste domingo é importante para a nossa vida cotidiana, para reassumirmos a nossa vocação no seio da comunidade onde nós vivemos, que é a Igreja.

Ser profeta

A Primeira Leitura nos coloca no centro do mistério do nosso ser profeta. Queiramos ou não, Deus nos envia como enviou Amós. Ele estava muito bem no seu trabalho de pastor e de cultivador, mas Deus o arrebatou e o mandou a ir até o rei e denunciar todas as coisas erradas que o rei fazia. Foi um momento difícil, mas ele não voltou atrás.
Deus nos faz profetas para que sejamos voz contra toda injustiça e maldade que vemos ao nosso redor. Dura é a missão do profeta, muitos correm o risco de ficarem sozinhos, de serem incompreendidos, maltratados e abandonados, perseguidos por todos, mas não deixam de anunciar o que Deus manda. O profeta não tem mensagem própria, ele transmite o que Deus lhe diz para transmitir. A oração de quem se sente chamado, consagrado e enviado é habitar na Casa do Senhor, buscar refúgio no Templo, porque aí habita a glória de Deus. É preciso redescobrir a importância da Igreja como “lugar santo” da presença de Deus e termos comportamentos dignos de quem entra onde o Senhor está. Grande é a nossa vocação. Somos chamados a ser louvor de glória diante do trono do Altíssimo. Não somos só anunciadores do Evangelho quando pregamos ou fazemos obras materiais, mas também quando estamos silenciosos em adoração diante do Santíssimo ou no deserto ou em retiro ou em oração. Tudo o que fazemos é missionário. Aliás, não é possível anunciar Jesus sem antes falar com Ele, estar com Ele para que Ele nos diga o que devemos dizer.

Quais são as atitudes do missionário segundo o coração de Jesus? Qual é sua força, o seu poder evangelizador? A Palavra de Deus, a coragem, a ousadia profética são as verdadeiras ferramentas que o evangelizador deve usar. Hoje em dia corremos o grande perigo achando que o Evangelho necessita de tantas coisas para ser aceito pelas pessoas, e na verdade, necessita primordialmente do testemunho do pregador. Sem o testemunho, as palavras que nós pronunciamos perdem o seu valor e são como água que corre pelo ralo e não fecunda o coração humano. Os discípulos partiram e pregaram a conversão… É o que também cada um de nós deve fazer. Desinstalar-nos dos nossos comodismos e partir… Para onde? Não sabemos. Sempre encontraremos no caminho da vida alguém disposto a nos acolher e escutar as palavras de Deus pronunciadas por nós. Devemos ter a coragem de pregar o Evangelho, como Paulo, nos aeroportos, nas rodoviárias, nas encruzilhadas, nas praças. Mesmo que sejamos considerados “loucos”, não podemos perder nenhuma oportunidade que nos é a apresentada para proclamar a Palavra de Deus.


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