Formação

João XXIII, um sopro de novidade na Igreja

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No contexto do Ano Jubilar, João Paulo II declara Beato o Pontífice João XXIII, um Papa que, entre muitas dificuldades, inaugurou um tempo de esperança para os cristãos e para a humanidade.

Na homilia de beatificação, o Papa João Paulo II declara que João XXIII é “o Papa que feriu o mundo pela afabilidade do trato, de quem transpirava a singular bondade de ânimo… Do Papa João permanece na lembrança de todos a imagem de um rosto sorridente e de dois braços estendidos num abraço ao mundo inteiro. Quantas pessoas foram conquistadas pela simplicidade do seu ânimo… A ventania de novidade trazida por ele não dizia respeito à doutrina, mas ao modo de expô-la; novo era seu estilo no falar e no agir, nova a simpatia com que se aproximava, tanto de pessoas comuns quanto dos poderosos da terra. Foi com este espírito que ele convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II, com o qual abriu uma nova página na história da Igreja: os cristãos se sentiram chamados a anunciar o Evangelho com renovada coragem e com maior atenção aos ‘sinais’ dos tempos. O Concílio foi de fato uma intuição profética desse Pontífice que inaugurou, entre muitas dificuldades, uma estação de esperança para os cristãos e para a humanidade. Nos últimos momentos da sua existência terrena, ele confiou à Igreja o seu testamento: ‘Aquilo que mais vale na vida é Jesus Cristo bendito, a sua Santa Igreja, o seu Evangelho, a verdade e a bondade’. Hoje, também nós queremos acolher esse testamento, enquanto rendemos glória a Deus por tê-lo dado a nós como Pastor”.

Um pouco de história

Nascido no dia 25 de novembro de 1881, no vilarejo de Bruscio (região de Bérgamo-Itália), foi batizado com o nome de Angelo Giuseppe. Seus pais, Baptista Roncalli e Mariana Mazzola, batizaram-no na igreja de Santa Maria.

Aprendeu a amar e a trabalhar desde muito cedo, era o terceiro entre dez irmãos. Desde a infância era bom, tranqüilo e curioso. Observando o intenso trabalho apostólico do vigário Rebuzzini, sentiu-se atraído à vocação sacerdotal. Então, em 1892, entrou no seminário de Bérgamo, onde apaixonou-se pelos estudos sociológicos.

Em 1900 chegou a Roma para estudar Teologia no Pontifício Seminário Romano. Foi ordenado presbítero no dia 10 de agosto de 1904. Foi sagrado Bispo em 1925, escolhendo como lema: “Oboedientia et pax”. Em 1953 foi eleito Cardeal. Cinco anos e meio depois, morre o Papa Pio XII e o Cardeal Roncalli é um dos 51 membros do Conclave, e, ao terceiro dia de reunião, é eleito o novo Papa, aos 77 anos de idade, gozando de uma reputação de serena santidade e cordialidade pastoral.

Ao ser indagado se aceitava a eleição para Sumo Pontífice, respondeu: “Sim. O que sei da minha miséria e da minha pequenez é suficiente para me confundir. Aceito a eleição feita pelos meus irmãos Cardeais e inclino a cabeça para suportar o cálice da amargura e o jugo da cruz. Na festa de Cristo Rei dizemos que Deus é nosso Juiz, nosso Legislador e Rei. Ele nos salvará”.

Iniciou, então, uma profunda transformação na Igreja. Tornou-se o Papa de uma nova época; um Papa que visita prisões e hospitais, que faz peregrinações. Seu pontificado foi breve (1958-1963), mas de forma alguma infrutífero. E, talvez motivado por suas divisas: “Maria: minha mãe, confiança minha” e “Entre a paz e a escravidão há uma grande diferença – paz é tranqüila liberdade”, escreveu duas encíclicas: “Mater et Magistra” e “Pacem in Terris”, dirigidas não apenas aos Bispos, mas a todos os homens de boa vontade.

Soube também ser ousado: antes de completar o terceiro mês de eleito, anunciou a convocação de um Concílio Ecumênico, o Vaticano II. Ele morreu antes da conclusão do Concílio. Era o dia três de junho de 1963. Em tão pouco tempo de pontificado, conquistou o amor de uma multidão incontável, não apenas pela qualidade de seu trabalho apostólico, mas sobretudo por seu testemunho de acolhimento e afeto.

Que o seu amor a Deus e à humanidade seja um exemplo a ser seguido por nós nesta aurora de um novo milênio.


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