Breno Gomes Furtado Alves
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Depois da pungente despedida ao Papa João Paulo II, o mundointeiro aguardou – não sem a sua habitual afobação – a escolha do novo papa edos caminhos a serem trilhados pela igreja neste início de terceiro milênio.Houve bolsas de apostas, interrogaram os cardeais mais influentes (sempreciosos da sua privacidade, como compete aos assuntos do Vaticano), analisaramos perfis dos possíveis papáveis, armaram torcidas para um pontíficeprogressista e liberal (de preferência do terceiro mundo) e esperaram a cor dacândida fumacinha branca indicativa da decisão. Eis que, de repente, aexpectativa se vai e dá lugar à apreensão em plena Praça de SãoPedro, quando um homenzinho franzino e de sorriso discreto abre as postas dajanela da nova Barca de Pedro, com uma simplicidade e serenidade incomparáveis.Frente a todas as expectativas, o conclave escolheu não um papa new age,francamente aberto a abraçar a “modernidade” e o “progresso”, mas um homem depassado marcado por uma luta acirrada contra as “liberdades” doutrinárias,apegado às raízes mais profundas da fé católica. Um “conservador” cujahabilidade, no seio do Vaticano, era brigar contra o relativismo e a maneirafrouxa de encarar a fé. Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para aDoutrina da Fé, o “rotweiller de Deus”, o “pastor alemão”, o retrógrado depassado nazista e de pensamento tacanha ganha o trono de Pedro e assume o nomede Bento XVI. A imprensa, no calor da revelação, se fecha na mesquinhez dopensamento reinante, decepcionada pela decisão de uma Igreja que se fecha em simesma e diz “não” ao mundo tragado pelo grito de liberdade…
Sim, Bento XVI foi o guardião da estreita obediência dadoutrina da Igreja e da defesa cega da verdade de Cristo, não resta a menordúvida. No entanto, longe de se configurar como um passo em falso de umVaticano que insiste em negar os ideais atuais, é a resposta clara de umaIgreja que quer se ver, mais do que nunca, cristalina na sua obediência e nafidelidade à vontade de Deus. Antes mesmo de se sagrar papa, o CardealRatzinger já abordara, na homilia da missa que precedeu o conclave, o graveproblema do relativismo reinante na cultura moderna, frente aos desafios de umcredo que quer se manter coerente frente aos mandamentos da Palavra de Deus. Jácomo papa, na homilia da missa de início oficial de seu pontificado, elareafirma a coragem de se opor às tendências liberalizantes: “A Igreja estáviva!”. Como nunca, está o catolicismo corajoso em enfrentar os desafios e ospreconceitos contra a coerência do Evangelho, quando o mundo impõe a sua visãoirresponsável de encarar a fé em Deus.
Relativismo religioso significa encarar de maneirafrouxa os desafios que a fé impõe para ser bem vivida e que serve de base parauma coerência espiritual. Cristo assumiu sua Cruz mesmo ela sendo sinal deloucura para os homens. Seguiu obediente a vontade de Deus, seu Pai, sem sedeixar guiar pela fúria e pela infidelidade do povo judeu, que respondeu comviolência ao seu anseio de liberdade. Necessário é este grito em favor daverdade, contra um mundo que abraça o valor dos anseios egoístas do homem emdetrimento da abertura de coração que é a própria Misericórdia de Deus.
Não importa mais a divisão entre progressistas econservadores, entre os devotos de Karl Marx, que se dizem libertadores daIgreja, e os que dizem fiéis à tradição da Palavra. Não há que se falar emcrescimento da Renovação Carismática contra a queda dos ideais atuais daTeologia da Libertação. A palavra do novo papa sinaliza para uma Igreja que buscaa sua inspiração primeira – a voz do Espírito Santo que guia o Corpo de Cristo– e o ardor que impulsionou os apóstolos e os fiéis nos primeiros séculos. Separa ser liberal é necessário que a Igreja renuncie à beleza de sua riquezaespiritual (que é o próprio Cristo presente na Eucaristia), então é melhor,para o bem dela e para o de seus filhos, que ela seja taxada, sim, deretrógrada e conservadora. Isso, longe de ser sinal de apego a ideaisultrapassados, ilustra uma religião que guarda, com devoção e respeito, aVerdade de Senhor que é a sua própria história. É a fidelidade do povo de Deusà Sua Palavra que traduz a sua vitalidade e o seu futuro, rumo ao Cristo naglória.